sexta-feira, 4 de junho de 2010

Doce Submissão (Continuação 11)




Seu olhar era penetrante e abrasivo. Ainda via o sentimento de ódio exalar como pólvora que queima. Movida por um impulso dei um pulo da cama e fui em direção à porta. Puxei, revirei, torci a todo custo a fechadura, mas era em vão. Ouvi sua voz rasgar todo o interior daquele cômodo.
- Está trancada! – falou no tom mais grave que poderia ter usado.
Virei-me assustada. Encarei-o, mas percebi que não poderia fazer nada que resultasse em alguma solução sensata. Continuei séria. O pavor fez com que eu praticamente escorresse encostada na porta, até ficar completamente encolhida encostadinha na porta.
- Com medo, minha doce cadelinha? – falou, levantando-se da cadeira. Não ousei me mover ou falar qualquer coisa que fosse. – É bom que ainda preserve isso! – se aproximou de mim e começou a alterar o tom da voz num sentido mais grave e onipotente ainda - Posso ter me tornado seu marido... – falou me levantando pelo braço - ... mas sempre serei seu dono! – me puxou até a cama e lá me jogou bruscamente sem se importar com a forma que eu cairia.
- Por favor, Bruno!- pedi temendo o que ele pudesse fazer. Bruno respondeu vindo em minha direção e colocando seus dedos entre meus lábios.
- Uma cadela obediente só fala quando lhe é permitido ou ordenado! – preferiu Bruno, lançando-me um tapa no rosto. Calei-me no exato momento. Como não poderia fazer mais nada além de ceder aos caprichos de Bruno, fiz o que mandava meu corpo e o que implorava meus desejos: obedecê-lo.
Estava quietinha quando vi Bruno se levantando da cama e retirando a gravata que estava nele.

Doce Submissão (Continuação 10)





Acordei sentindo alguns tapinhas leves no rosto.
- Acorde, menina dorminhoca!
- Mas... mas... como? – foi a única coisa que consegui sussurrar.
- Não fique aí com essa cara de quem viu um morto vivo! – falou Carlos soltando a sua risada mais sarcástica do mundo. – Adivinha... eu estou vivíssimo! E outra coisa, agora quero mesmo você para mim! Sem ninguém se metendo no meio!
Bastaram essas palavras para que eu desmaiasse novamente. Carlos era realmente imprevisível. De certo haveria forjado a morte para se livrar de algumas investigações e das acusações que pesavam sobre ele. - Como ele era maquiavélico! – pensava eu. Se ele foi capaz de mais esta proeza, então não duvidaria de mais nada que viesse dele.
Novamente alguns tapinhas leves no rosto e eu desperto já tendo certa noção do que estava acontecendo. Carlos desta vez não estava para brincadeiras. Já havia perdido tudo o que resta de um homem, que era a sua dignidade, nada mais faria sentido para ele. Nada mais o seguraria.
- O que pretende desta vez, Carlos? Me trancafiar novamente num quarto e me deixar viver à mínguas, mesmo tendo a certeza de que nunca vou te amar, e que, agora não tenho desejo algum por você? É isso?

Doce Submissão (Continuação 9)




Bruno entrou na casa sem fazer barulho algum. Não sei como, mas ele havia conseguido arrombar a porta. Entrou quarto a dentro, Carlos estava em cima de mim em mais uma daquelas sessões agonizantes. Eu naquela situação de desejar sem querer de verdade e ele tentando fazer com que eu gostasse daquilo tudo. Meus olhos cheios de lágrimas quase não acreditaram quando viram Bruno entrando pelo quarto. Eu soltei logo um grito de desespero:
- Bruno, meu amor!
Carlos levou um susto. Levantou-se rapidamente vestindo as calças que estavam pela metade das pernas dele e soltou as frases que quase não saíram devido ao pavor que ele estava ao ver Bruno ali, parado na sua frente.
- Como conseguiu entrar? – perguntou Carlos, assustado.
- Você vai pagar por tudo o que fez a Letícia, seu desgraçado! – Bruno mal terminou a frase e já avançou em cima de Carlos. Os dois travaram uma luta que parecia não ter fim. Bruno puxou Carlos para fora da cama, o jogou no chão e começou a dar murros na cara de Carlos. Só conseguia enxergar o sangue escorrendo do rosto de Carlos que tentava revidar a todo custo. Bruno não parecia ser tão forte quanto estava demonstrando ser, mas acho que foi o ódio do momento que fez com que ele se tornasse quase uma máquina de atrocidades. Depois de tanto esmurrar Carlos, Bruno se levantou e começou a dar pontapés nele, vinha com chutes tão fortes que Carlos chegava a rolar pelo chão do quarto.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Doce Submissão (Continuação 8)



Eu olhava incrédula para o que Carlos falava. Quer dizer que além de me seqüestrar ele já estava se achando o meu marido? Ah, que vontade que eu tinha de falar umas boas verdades para ele. A sorte dele era que minha boca ainda estava vendada.
- Agora fique aqui que vou lá embaixo buscar o resto das coisas.
Carlos retirou da gaveta mais algumas algemas e me prendeu nos quatro cantos da cama, me deixando em formato de “X”. Como eu estava muito cansada, acabei adormecendo. Só despertei quando vi Carlos conversando com Solange pelo celular. Ele havia retirado a venda de minha boca, ao que me deu brecha para começar a relutar de novo. Primeiro tentei ouvir um pouco da conversa entre eles.
- Não poderei ficar esse tempo todo que você está querendo! Já te falei! Uma hora vão desconfiar aqui no prédio, vou ter que ir pra outro lugar!
- ... – Solange falava algo que eu não conseguia escutar.
- É o seguinte, assim que eu conseguir essa maldita foto sua eu me mando com Letícia, ok!
- ... – outras palavras de Solange. Ao que Carlos respondeu:
- É, nessa parte você tem razão. Assim que Bruno ver que Letícia não volta mais vai começar a procurá-la. Com certeza checará nos aeroportos. Então tudo bem Solange, vou esperar mais esse tempo. Só até que Bruno não procure mais por Letícia. Depois vocês nunca mais ouvirão falar nos nossos nomes. E sim, te enviarei a foto o mais breve possível. Agora deixa eu desligar porque tem alguém acordada aqui. – Carlos falou, percebendo que eu havia acordado – Vejo que despertou do seu soninho agradável, meu anjo!
- Não sou, nunca fui, nem nunca serei seu anjo! Sabe muito bem de quem eu sou, senão não teria esse medo todo de sair daqui da cidade comigo! Sabe que ele vai me procurar, e sabe também que se ele te encontrar vai ser fim de carreira pra você e pra Solange!

Doce Submissão (Continuação 7)


Os dias foram se passando e eu sempre encontrando desculpas para não estar perto de Carlos. Acabamos nos afastando um pouco, com muita reclamação de Carlos, que não queria admitir que não tínhamos mas muito em comum e que nossa curta história já estava chegando ao fim. Assim acontecia com Bruno e Solange também. Ela não admitia o fim do relacionamento e ficava jogando coisas na cara de Bruno. Fazia questão de ficar ligando para ele todos os dias, atormentando-o com suas histórias de como o bebê seria feliz naquela família e de como ela estava sofrendo com tudo. Nada daquilo fazia mais sentido para Bruno que não pensava em outra coisa a não ser em como seríamos felizes juntos, só eu e ele sem Solange nem Carlos por perto. Chegamos a ter a idéia de nos mudarmos daquele estado, mas como não queríamos nos afastar de alguns amigos decidimos que ficaríamos por ali mesmo, mas em outra cidade. Carlos, depois de tanto ficar atrás de mim para que voltássemos sem conseguir grandes resultados, acabou sumindo. Fazia um bom tempo que não o via. Solange continuava a não dar trégua, mas nunca havia ouvido falar de mim, nem por Bruno nem por nenhum outro parente ou amigo próximo de nós. Pelo menos era o que nós pensávamos. Um dia eu estava arrumando as nossas coisas para que pudéssemos mudar até que escuto a campainha tocar. Na mesma hora senti um frio na barriga, não estava esperando visitas e algo me dizia que eu não gostaria daquela.
Fui abrir a porta meio apreensiva, e minhas suspeitas se concretizaram na forma de Solange. Mas como ela havia adivinhado meu endereço? Ou melhor, como ela havia me descoberto? O que me restava naquele momento era recebê-la e esperar para saber o que ela queria.
- Olá. Posso ajudar em algo? – perguntei, fingindo que não a conhecia.
- Oras, Letícia! Não finja essa cara de “nuncatevinavida”! Você sabe muito bem quem sou eu, e vou te contar um segredinho: eu já sei quem é você desde de o primeiro momento em que você e Bruno começaram a se encontrar!
Uau! Isso era realmente uma surpresa pra mim. Jamais esperaria ouvir isso de Solange um dia. Como ela poderia saber o tempo todo se nunca havia se manifestado? Ela mesma responde percebendo minha cara incrédula.