Seu olhar era penetrante e abrasivo. Ainda via o sentimento de ódio exalar como pólvora que queima. Movida por um impulso dei um pulo da cama e fui em direção à porta. Puxei, revirei, torci a todo custo a fechadura, mas era em vão. Ouvi sua voz rasgar todo o interior daquele cômodo.
- Está trancada! – falou no tom mais grave que poderia ter usado.
Virei-me assustada. Encarei-o, mas percebi que não poderia fazer nada que resultasse em alguma solução sensata. Continuei séria. O pavor fez com que eu praticamente escorresse encostada na porta, até ficar completamente encolhida encostadinha na porta.
- Com medo, minha doce cadelinha? – falou, levantando-se da cadeira. Não ousei me mover ou falar qualquer coisa que fosse. – É bom que ainda preserve isso! – se aproximou de mim e começou a alterar o tom da voz num sentido mais grave e onipotente ainda - Posso ter me tornado seu marido... – falou me levantando pelo braço - ... mas sempre serei seu dono! – me puxou até a cama e lá me jogou bruscamente sem se importar com a forma que eu cairia.
- Por favor, Bruno!- pedi temendo o que ele pudesse fazer. Bruno respondeu vindo em minha direção e colocando seus dedos entre meus lábios.
- Uma cadela obediente só fala quando lhe é permitido ou ordenado! – preferiu Bruno, lançando-me um tapa no rosto. Calei-me no exato momento. Como não poderia fazer mais nada além de ceder aos caprichos de Bruno, fiz o que mandava meu corpo e o que implorava meus desejos: obedecê-lo.
Estava quietinha quando vi Bruno se levantando da cama e retirando a gravata que estava nele.