quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Estranha Sedução


Letícia estava voltando do trabalho ainda com a cabeça no escritório pensando no trabalho que teria no outro dia. Havia fechado mais dois projetos e dali em diante teria que colocar tudo em prática, isso com o auxílio de sua equipe que naquela altura do campeonato talvez não tivesse o contingente necessário para a execução dos mesmos. Com o olhar voltado para as lojas por onde passava (mesmo sem prestar a mínima atenção nas vitrinas era assim que ela sempre caminhava) ela teve uma idéia que faria com que a concretização de seus projetos se realizasse de forma mais rápida e produtiva. Foi nesse momento que teve a idéia de ligar para sua amiga, Leila, a fim de recrutá-la para mais este empreendimento.
Ela sabia que sempre que precisasse poderia contar com o auxílio de sua amiga, pois, além de terem cursado a mesma faculdade, ambas eram muito ligadas desde a infância. Letícia só não tinha tanta certeza assim porque há muitos meses não se viam nem se falavam. Era tanta correria no dia-a-dia delas que mal conseguiam se comunicar, e nos últimos meses a situação havia piorado porque Leila estivera viajando a trabalho e não deu certeza de quando voltaria.
Enfim, depois de quase um dia inteiro tentando contactar Leila, Letícia conseguiu falar com a amiga. As duas marcaram de se encontrar na casa de Leila para conversarem sobre os projetos e também colocar a conversa em dia.
Letícia chegou sem horário marcado afinal, elas nunca precisaram disso. Tocou a campainha e estranhou quando escutou uma voz masculina atender do outro lado. Chegou a imaginar que talvez pudesse ter tocado a campainha do apartamento errado, na dúvida perguntou a quem atendeu se ali era o apartamento da Leila. Para alívio de Letícia, era sim e o homem que atendeu se apresentou como tio dela. Letícia estranhou outra vez, uma vez que a amiga era como ela, praticamente sozinha no mundo. Ambas vieram para a cidade juntas e deixaram os pais ainda adolescentes em busca de concluírem os estudos numa boa escola. Ao longo de todos estes anos Leila nunca havia falado de tio nenhum na cidade e, de repente, aparece um. Bom, se ela não falou do tio até agora foi por algum motivo que mais tarde ela saberia com certeza.
Quem a recebeu na porta foi o tal tio. Um homem aparentando ter seus 40 anos, mais ou menos, segundo a percepção de Letícia. Muito bonito, por sinal; corpo bem cuidado, daquele tipo que só aparenta ter a idade que tem pelo simples fato de assumir os grisalhos adquiridos ao longo dos anos.