terça-feira, 1 de junho de 2010

Doce Submissão (Continuação 7)


Os dias foram se passando e eu sempre encontrando desculpas para não estar perto de Carlos. Acabamos nos afastando um pouco, com muita reclamação de Carlos, que não queria admitir que não tínhamos mas muito em comum e que nossa curta história já estava chegando ao fim. Assim acontecia com Bruno e Solange também. Ela não admitia o fim do relacionamento e ficava jogando coisas na cara de Bruno. Fazia questão de ficar ligando para ele todos os dias, atormentando-o com suas histórias de como o bebê seria feliz naquela família e de como ela estava sofrendo com tudo. Nada daquilo fazia mais sentido para Bruno que não pensava em outra coisa a não ser em como seríamos felizes juntos, só eu e ele sem Solange nem Carlos por perto. Chegamos a ter a idéia de nos mudarmos daquele estado, mas como não queríamos nos afastar de alguns amigos decidimos que ficaríamos por ali mesmo, mas em outra cidade. Carlos, depois de tanto ficar atrás de mim para que voltássemos sem conseguir grandes resultados, acabou sumindo. Fazia um bom tempo que não o via. Solange continuava a não dar trégua, mas nunca havia ouvido falar de mim, nem por Bruno nem por nenhum outro parente ou amigo próximo de nós. Pelo menos era o que nós pensávamos. Um dia eu estava arrumando as nossas coisas para que pudéssemos mudar até que escuto a campainha tocar. Na mesma hora senti um frio na barriga, não estava esperando visitas e algo me dizia que eu não gostaria daquela.
Fui abrir a porta meio apreensiva, e minhas suspeitas se concretizaram na forma de Solange. Mas como ela havia adivinhado meu endereço? Ou melhor, como ela havia me descoberto? O que me restava naquele momento era recebê-la e esperar para saber o que ela queria.
- Olá. Posso ajudar em algo? – perguntei, fingindo que não a conhecia.
- Oras, Letícia! Não finja essa cara de “nuncatevinavida”! Você sabe muito bem quem sou eu, e vou te contar um segredinho: eu já sei quem é você desde de o primeiro momento em que você e Bruno começaram a se encontrar!
Uau! Isso era realmente uma surpresa pra mim. Jamais esperaria ouvir isso de Solange um dia. Como ela poderia saber o tempo todo se nunca havia se manifestado? Ela mesma responde percebendo minha cara incrédula.


- Já até imagino o que se passa por sua cabecinha ingênua! Acompanho os encontros entre você e Bruno há muito tempo. Ele nunca se deixou envolver com alguém como se deixou envolver com você. Logo pude perceber que você seria uma pedra em meu caminho!
- E porque não se manifestou logo?
- Ah se me manifestei! Você nem imagina o quanto!
- Como assim?
- Primeiro, a minha gravidez foi uma farsa!
- O quê? Mas você tinha os exames. Tinha fotos da ultra-sonografia. Isso também era uma farsa? Ou estava grávida de outro e falou que era de Bruno?
- Nossa! – falou Solange batendo palmas – Sabe, você é mais miraculosa que eu!!! Bem que podia ter pensado em engravidar de outro, seria mais fácil abortar depois e ter um filho realmente do Bruno! Mas não foi isso que fiz não!
Eu olhava pasma para tudo que Solange estava dizendo. Aquela mulher na minha frente não parecia a Solange culta e inteligente de quem as pessoas tanto falavam. Estava mais para uma louca desequilibrada e dissimulada. Sinceramente, tudo que ela estava me falando pareciam coisas surreais. Mal eu sabia que a situação estava pra piorar.
- O que você fez então, Solange? – falei surpreendida.
- Calminha aí! Fique muito calma, pois ainda nem comecei! E hoje você vai ter muito o que escutar de mim! – disse ela dando risadinhas meio sarcásticas – Primeiro, inventei sim uma gravidez, pois vi que não poderia competir com você sem um álibi bem forte. Não sei o que você fez com Bruno que nem colocando Carlos em seu caminho não consegui afastar vocês dois!
- Carlos? – interrompi Solange – O Carlos que eu conheço?
- Ah é, tem mais essa que eu já estava esquecendo! Carlos sim! Seu namoradinho, melhor, seu ex-namoradinho! Aquele traste não me serviu de nada! Eu o havia contratado para...
- Contratado? – falei interrompendo novamente Solange. O que eu estava ouvindo dela era algo muito grave. Como ela pode ter armado tudo aquilo só pra prender um homem que nunca a amou de verdade mesmo ela sabendo muito bem disso. O namoro deles dois foi coisa da rotina, simples assim. Cresceram juntos, as famílias eram amigas, sempre estudaram no mesmo colégio, enfim, era uma coisa meio que premeditada e armada pela família. Nada que viesse realmente dos dois. Nenhum sentimento verdadeiro, nem da parte dela pelo visto, pois quem ama não faz o que ela fez com bruno. Não cabia na minha cabeça ela ter inventado uma gravidez para segurar Bruno e depois simplesmente dizer que perdeu o bebê. Se ela imaginasse o tanto que Bruno ficou ressentido com esse aborto fictício. Se ela soubesse.
- Como eu estava dizendo, o contratei sim! E espero que isto esteja ressoando como um tapa na sua cara, minha querida! Pensa que todos os homens estão aos seus pés, sempre? Pois está enganada! Carlos foi contratado para te tirar de perto de Bruno! Eu o paguei para que ele se reaproxima-se de você para que eu pudesse viver em paz com Bruno!
- Vocês são loucos! Como puderam armar tudo isso? E eu pensando que Bruno e eu que estávamos errados. Vocês são piores!
- Ah, meu bem! Você ainda não viu nada!
Enquanto fala isso Solange percebo Solange caminhando para a porta e a abrindo. Qual não foi a minha surpresa quando vi Carlos esperando do lado de fora. Quando ela abriu ele entrou na mesma hora. Parecia que já estavam combinados. Parecia não, estavam! Era tudo premeditado. Só estava tensa tentando descobrir o que eles dois estavam fazendo ali na minha casa. Com certeza seria outro plano de Solange, caso contrário eles não iriam pra lá juntos só para discutir comigo. Ao conseguir recuperar o fôlego, pois fazia meses que não via Carlos, perguntei à eles:
- O que vocês querem aqui? Os dois juntos? O que estão planejando agora?
- Olá pra você também, Letícia, meu amor! – disse Carlos vindo em minha direção.
- Se afaste! – gritei imediatamente.
- O que é isso, meu anjo? Tanto tempo sem nos vermos e é assim que você me recebe?
- Não acredito que está compactuando com tudo isso! Não acredito mesmo! O que vivemos então, também foi uma farsa tudo aquilo?
- Sabe, Lê, o combinado inicial era que eu a conquistasse e deixasse o caminho livre para Solange. Depois eu me afastaria de você que conseqüentemente não iria mais querer ficar aqui nesta cidade depois de perder um segundo amor.
- Seu desgraçado!
- Calma, minha pequena! Não fale assim com quem te ama! Aliás, esse foi o grande problema de tudo. Eu acabei me apaixonando por você e não consegui ir embora. Mas a culpa não foi só minha! Se essa mulher aqui tivesse conseguido segurar o homem dela, ele não teria se reaproximado de você! – disse Carlos se virando pra Solange.
- Oras, Carlos! Chega de meias palavras! Vamos logo com isso! – disse Solange indignada com as palavras de Carlos.
- Vamos logo com o quê? – perguntei realmente assustada. Eram dois loucos, seriam capazes de tudo e eu podia esperar de tudo deles.
- Eu vim te buscar, minha princesa! – disse Carlos com um sorriso de lado.


- Nunca! Não vão me tirar daqui pra lugar nenhum! Nem tentem!
- Bom, como nós já havíamos previsto que você não iria, então... toma Carlos! – Solange falou enquanto retirava uma arma da bolsa.
- Isso é seqüestro! Vocês vão pagar caro por isso! – gritei desesperada.
- Não, meu amor! Isso é unir o útil ao agradável! Você virá comigo agora! Você agora será só minha e de mais ninguém! Vamos até o quarto, vou te ajudar a separar algumas roupas para podermos ir embora!
- Seu maluco! Eu não vou a lugar nenhum! - já estava aos prantos. Até corri pra mesinha de canto pra tentar pegar o telefone e ligar para Bruno. Mas fui impedida por Carlos que me segurou e retirando do bolso aquela velha algema que eu já conhecia muito bem, prendeu meus pulsos para trás.
- Letícia, meu amor! Você agora é minha, querendo ou não! Solange, ela não vai cooperar, então arrume você algumas coisas para que eu possa levar com ela.
- Claro. Aguarde só um momento.
E Solange saiu em direção ao meu quarto para arrumar minhas coisas. Naquele momento eu sabia que qualquer coisa que eu tentasse só pioraria a situação. Gritar não adiantava, ninguém ouviria. Minha única esperança era de que Bruno tivesse saído mais cedo do trabalho, o que era meio impossível naqueles dias pois estavam fechando contrato com outra empresa. Então eu sentei e tentei me acalmar. Observava cada movimento dos dois na tentativa de achar uma brecha pela qual eu pudesse escapar, mas eles eram muito cuidadosos. Ainda não passava pela minha cabeça que eu sairia dali com eles dois, só me convenci quando eles realmente terminaram e arrumar algumas coisas e deixar algumas evidências de que eu havia fugido com Carlos. Este seria o álibi deles para Bruno, Solange diria que eu havia fugido com Carlos e o deixado sozinho, mais tarde Carlos tiraria uma foto minha com ele para que ele pudesse enviar pra Solange que encontraria uma forma de mostrar para Bruno alegando que eu havia mandado para ele e pedindo também para que ele me esquecesse. Como eles eram maquiavélicos!
Carlos me segurou pelos braços e me guiou até o carro dele. Fez tudo muito rápido na tentativa de que ninguém da vizinhança desconfiasse. Eu só conseguia chorar. Não sabia para onde estavam me levando e nem se eu sairia viva daquilo tudo. Meus pensamentos eram todos voltados à Bruno. O que ele pensaria quando encontrasse a casa vazia, sem minhas coisas? E como ele reagiria quando recebesse a tal foto que tiraríamos? Ele nunca me perdoaria, essa era minha única certeza. E eu estava literalmente de mãos atadas. Nunca havia chorado tanto na minha vida, chegava a soluçar de tanta tristeza. Carlos entrou no carro e Solange foi para o outro. Num certo ponto do caminho Carlos foi para um lado e Solange para o outro. No caminho aquele silêncio e só o barulho de meu soluço podia ser ouvido dentro do carro. Carlos parecia feliz com o que estava fazendo, mas sabia que ele havia sido convencido por Solange a fazer tudo aquilo. Ele não teria feito por conta própria.
- Meu amor, não fique assim! Prometo que não te farei mal algum, só quero você do meu lado! Mais tarde você se acostuma com a idéia. Tenho certeza! – falou, tentando se justificar.
- Não me chame de amor! Isso não é algo que alguém que diz amar tanto assim faça com a outra pessoa! Você está me tirando da minha vida, está me levando para um lugar ao qual não concordei em ir. Aliás, um lugar do qual eu nem sei onde fica. Porque você está fazendo isso, Carlos? Isso não faz seu estilo, sei que tem a mão de Solange no meio. – falava tentando convencer Carlos a mudar de idéia. Mas ele estava obstinado, não seria nada fácil convencê-lo do contrário.
- Letícia, se continuar com essa conversa juro que tampo sua boca!
- Então tampe, Carlos! Tampe, pois não vou parar de falar que acho isso errado! Não vou parar de falar que isso não é justo! O que vocês estão fazendo é um crime! Bruno virá atrás de mim e vocês não terão justificativa para nada! Me seqüestrar não fará com que eu deixe de amar Bruno, pelo contrário, isso só fortalecerá os nossos laços! Já não posso dizer o mesmo de mim e de você! Nunca mais te perdoarei e...
- Chega!
- Chega nada! Eu não te amo, entendeu? Você me entendeu? – falei gritando com Carlos.
- Chega! – Carlos gritou mais alto que eu e soltou um tapa bem forte no meu rosto – Cala a boca! Eu estou falando sério, Letícia!
- Senão o quê? Hein? O que você vai fazer? Vai me matar? Anda, me mata! Vai ser melhor do que ter que passar o resto dos meus dias com você!
- Chega! Você vai ter que me respeitar enquanto estivermos juntos, Letícia! Não vou aturar seus caprichos! – Carlos falou tampando minha boca com as próprias mãos. Um pouquinho mais pra frente ele desceu do carro e me deixou presa ao banco. Foi no porta-malas e voltou com uma venda. Eu comecei a falar de novo, falei que ele não poderia me calar com aquilo, pois meu coração estaria gritando e ele poderia não ouvir, mas saberia muito bem o que meu coração diria. Ele não ouvia, me segurando forte colocou a venda na minha boca e apertou bem. Por mais que eu tentasse não conseguia fazer barulho algum com aquela venda entre meus lábios. Carlos então continuou seguindo.
Passamos por várias ruas, aquele cansaço misturado com o choro me fizeram ficar meio sonolenta. Mal podia me mover, falar era impossível, então me encostei no banco e fiquei observando o caminho que ele tomava. Todo crime tem sua falha, e o dele era essa, deixar que eu visse o caminho que ele estava seguindo. Mal sabia ele que mais tarde isso me ajudaria e muito.
Depois de mais alguns quarteirões entramos em um condomínio. Um prédio muito alto, mas que não estava totalmente habitado. Por se tratar de um prédio novo, alguns apartamentos ainda estavam à venda, o que fazia do lugar um local meio deserto. Carlos foi direto pro estacionamento subterrâneo, chegando lá ele me tirou do carro e me levou direto pro elevador. Nem parou para retirar as coisas do carro, acho que ficou com medo de que alguém pudesse me ver. Subimos alguns andares e logo estávamos de frente para o corredor. No momento em que chegamos, um casal estava descendo pelo outro elevador, ainda estavam na porta quando o nosso abriu a porta. Ele fingiu que estávamos nos beijando, então o casal tratou de descer logo para não “atrapalharem” o clima. Com muita dificuldade, pois eu estava me debatendo toda, ele conseguiu me levar até o apartamento. Abriu a porta e me levou direto pro quarto, me jogando em cima da cama disse:
- Não precise ter medo, não farei nada que você não queira! Saberei esperar, quando você quiser a gente fica. E sabe, será um sacrifício imenso, já que meu tesão aumenta a cada segundo perto de você! Mesmo assim vou respeitar sua vontade, mas farei isso até um certo limite, depois disso vou cobrar a você meus direitos de “marido”!

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