sábado, 23 de abril de 2011

Estranha Sedução (Continuação 22)

- Como quiser! – ela falou ligando o carro. Na volta o mesmo suplício da ida, os dois calados, aquela tensão, até que Arthur falou:
- O que você achou do seu ménage? Como o analisou?
- Meu ménage?
- Isso, sua noite a três!
- Oras, Arthur, eu não analisei nada! Que idéia... não fico analisando essas coisas! – ela respondia prestando atenção no trânsito. Estava calma, parecia ter desistido de ficar falando coisas para se retratar com Arthur. Aceitou sua condição de suposta “traidora”, não quis ficar forçando a barra com ele. Talvez aquilo estivesse deixando Arthur aflito, talvez com medo de perdê-la de vez. Talvez por temer estar certo sobre o que pensava sobre ela. Então ele continuava:
- Porque quis se envolver comigo?
- Porque te achei sexy, a princípio...
- E depois?
- Depois me apaixonei por você! – ela foi direta. Ele sorriu.
- E você sabe o que é se apaixonar? – ele ironizou. Ela sorriu de lado.
- Você por acaso sabe?! – ela respondeu provocando. Ele virou e olhou pela janela.
- Talvez eu saiba... – ele resmungou.
- Aqui estamos! – Letícia falou ao estacionar na frente do pub. Ele saiu do carro, deu a volta até chegar à janela de Letícia. Debruçou, a observou por uns instantes, depois beijou-a no rosto. – Quer que eu desça? – ela perguntou.

Estranha Sedução (Continuação 21)

- Não é da casa da Letícia não? – Iago perguntou estranhando outra pessoa que não fosse ela atender ao celular.
- É sim! Posso saber quem quer falar com ela?
- É o Iago, dono desse celular aí que o senhor atendeu! Deve ser o pai da Letícia, neh?
- Não, eu não sou o pai da Letícia! Mas espere só um momento que vou chamá-la! – Arthur falou achando que deveria primeiro saber de Letícia que história era aquela dela estar com o celular de um cara sobre quem ele nunca havia ouvido falar antes. E foi o que ele fez. Levantou e foi procurar Letícia pelo apartamento. Ela já estava sentada no sofá da sala, ele chegou, sentou-se ao lado dela e entregou o celular na mão dela dizendo: - Acho que o “Iago” está querendo o celular dele de volta! – ele falou sendo irônico. Letícia gelou na mesma hora e, mais que rapidamente, pegou o celular da mão de Arthur levantando logo para falar ao telefone longe dele. Porém Arthur foi mais esperto e, segurando-a pelo braço, mandou que ela atendesse ali mesmo onde estava. Ela, na tentativa de amenizar o peso da situação, falou somente o necessário com Iago.
- Oi Iago, como vai? Olha, vou deixar o seu celular com a minha secretária, se puder me dar seu endereço, assim ela entrega aí na sua casa, ta ok?! - ela falou tentando resumir. Mas Iago queria conversar.
- Calma, gata! Não tenho pressa não! Liguei pra saber se não podemos combinar de sairmos nós dois, assim você mesma me devolve o celular, pessoalmente! – ele falou jogando verde.
- Olha, seria muito legal, mas eu não posso! – ela falava na corda bamba, tentando não dar bola para Iago. – Quer saber, depois eu te ligo, tudo bem? Pode ser nesse número? Agora estou muito ocupada... – ela falou tentando por fim a conversa. Iago logo entendeu que ela não estava podendo falar, então concordou em ligar para ela mais tarde. Quando Letícia desligou o celular, Arthur já fazia cara de quem esperava uma explicação.
- Um novo “amigo”? Andou se divertindo por aí??? – ele quis saber.

Estranha Sedução (Continuação 20)

Em pouco mais de duas semanas Letícia já havia colocado tudo em ordem. Seu projeto estava em andamento novamente, cumprindo a última fase. Leila havia sumido do mapa, e Letícia na verdade não estava muito interessada em receber notícias dela. Estava aprendendo a se virar sozinha e gostava de sentir o gosto da liberdade, mas já sentia saudades de Arthur.
Um dia, saindo do trabalho, Letícia resolveu passar no pub. Antes passou num mercado para comprar um vinho. Quando chegou o pub ainda estava fechado. Ela bateu na porta, ninguém atendeu; depois ela mexeu na maçaneta, estava aberta. Ela entrou chamando por Arthur, ninguém respondia. Letícia colocou o vinho em cima do balcão do bar, sentou-se na cadeira e pegou o celular para ligar para Arthur. Passados alguns segundos Letícia escutou o celular de Arthur tocando, mas ele não atendia. O som vinha do corredor que levava até as salas do pub. Ela se levantou para ir até o corredor, estava com um sorriso aberto. Sorriso esse que se fechou completamente quando viu vindo do corredor Arthur e Ágata. Letícia, obviamente, imaginou mil e uma coisas. Arthur saiu do corredor com um lardo sorriso, expressando extrema felicidade ao ver Letícia, mas ela não foi receptiva.
- Desculpem-me, eu não sabia que estavam ocupados! – ela falou pegando a bolsa. – Trouxe um vinho pra vocês... uma forma de agradecimento! – ela falou tentando obter sentido nas palavras que ainda assim saiam sem nexo.
- Eu vou deixar vocês a sós! – disse Ágata indo em direção à Letícia e abraçando-a. – Seja bem vinda novamente, querida! – ela falou abrindo um sorriso que foi correspondido por um sorriso desconsertado de Letícia.
- Não há necessidade, Ágata! Eu já estou de saída! – ela respondeu. Arthur e Ágata estranharam o jeito de Letícia. Arthur veio intervir:
- Precisamos conversar! – ele falou à Letícia.
- Sim, eu sei que precisamos. Mas não agora... – ela falou sem ser objetiva.
- Bom, mesmo assim eu tenho que sair! Até mais! – Ágata falou percebendo a necessidade de deixá-los a sós o mais rápido possível, antes que Letícia fosse realmente embora dali.
- O que há com você desta vez Letícia? – Arthur quis saber.
- Olha, Arthur, eu sei que isso deve ser um costume entre vocês, mas eu não me sinto à vontade em ter que dividir você com outras pessoas! Entende, essa história de você ser um dominador e ter muitas submissas, enfim...
- Do que você está falando?
- Nada, nada! deixa pra lá!
- Não! Me explica! Quem sabe possamos resolver isso juntos! Explica aonde está querendo chegar! – ele insistia. Mas Letícia já não queria abrir o jogo sobre o que sentia a respeito da intimidade entre ele e Ágata, não queria correr o risco de parecer ciumenta ou coisa parecida.

Estranha Sedução (Continuação 19)

- Não saia daí! – ele ordenou. Letícia sorriu com ironia.
- E tem como? – ela falou mostrando os pés que ainda estavam acorrentados presos pelas algemas. Arthur foi até a maleta, pegou outra corda e com ela começou a fazer um chicote. Letícia observava curiosa, tudo aquilo era novo para ela. Ela queria saber o que iria acontecer depois daquele ritual. Arthur, claro, sempre com aquele ar sexy e misterioso, a incitava a ter desejos e pensamentos inebriantes. Depois de moldar o chicote usando cordas de algodão, Arthur veio por trás de Letícia, passou os braços por ela e mostrou o chicote a ela.
- Isso aqui deixou de ser um castigo pra você, meu anjo! – ele falou trazendo o chicote para trás novamente. – Mas ainda assim é um deleite para mim! – ele falou dando uma chibatada bem forte em Letícia. Ela gritou, levou um susto, mas gostou da surpresa.
- Bate mais! – ela falou. Arthur não queria ouvir aquilo novamente. Ele sabia que podia estar perdendo ela, sabia que se aquele desejo fosse uma simples atração, ela estaria bem com qualquer um que fizesse aquilo com ela. Isso o matava por dentro. Ainda mais por sentir que talvez não pudesse fazer nada quanto a isso. Chateado, ele deu outra chibatada em Letícia, que se contorceu. Gritou pedindo por mais, Arthur cedeu, bateu mais uma vez. Viu que Letícia estava sem limites naquele momento. Seria a hora perfeita para mais um avanço. Ele a pegou pelos cabelos, a jogou na cama fazendo-a ficar de bruços. Soltou mais uma chicotada, desta vez pegou nas costas de Letícia, ela gemeu alto. Arthur voltou à maleta, pegou algumas coisas, depois se sentou ao lado de Letícia.

Estranha Sedução (Continuação 18)

Letícia ficou parada, baixou a cabeça triste. Ele se levantou e caminhou até ela. Colocou as mãos na cintura e sacudiu gritando:
- É assim que se mexe!
Depois disto Arthur se afastou. Letícia fez como ele mandou, mas ele continuava dizendo que estava errado. Ela parou novamente, só que desta vez se irritou.
- Chega, não vou mais fazer isto! Este salto está me matando e esta roupa está ridícula! – ela falou caminhando em direção ao banheiro.
- Aonde vai?
- Tirar esta maquiagem que também está ridícula!
- Vem aqui, deixa que eu tiro pra você! – ele falou. Ela fez. Quando chegou perto, Arthur a segurou pela nuca com uma das mãos e com a outra começou a tirar o batom dela delicadamente. –Esta maquiagem está ridícula?
- Sim, está! – ela respondeu.
- E agora? – ele falou começando a borrar o rosto dela com o batom que saía da boca dela.
- Não Arthur, para! – ela falou tentando virar a cabeça.
- Quero que você veja o que é uma maquiagem ridícula! – ele falava enquanto continuava borrando o rosto dela com a maquiagem. Letícia, tentando se esquivar, acabou no chão, praticamente aos pés de Arthur. Ele a puxou até a frente do espelho e perguntou: - E agora, está melhor? – ele falou apontando para o rosto dela que agora estava completamente borrado pela maquiagem. Letícia estava abaixada, quase de quatro, se apoiando apenas sobre suas mãos. – E esta roupa, também está ridícula? – ele perguntou. Ela não respondeu, estava um tanto assustada para pensar no que deveria responder. – O que foi, Lê? Ficou sem palavras?
- Não!

- E então?
- Não está ridícula! – ela falou pensando que ele fosse parar.
- Mas não foi isto que você me falou a pouco! Não é verdade?! O que você me falou sobre a roupa, Lê?
- Você ouviu! – ela falou baixinho.
- Quero que repita! Vamos, repita Lê!
- Eu falei que... – ela tentava, mas estava com receio de repetir.
- Vamos! O que você falou? Quero que repita! – Arthur falava atrás dela, ainda segurando-a pela nuca. Letícia continuava praticamente de quatro agachada com as pernas encostadas no chão se apoiando com as duas mãos. Já estava cansada de ficar assim e sabia que não sairia dali enquanto não falasse o que Arthur queria ouvir. Então ela soltou:

Estranha Sedução (Continuação 17)

– Antes de montar o pub eu trabalhava como detetive particular! – Arthur contava. Letícia arregalou os olhos demonstrando espanto. Ele prosseguiu. – É sim, não desacredite! Eu era um dos melhores na minha área, por isso consegui tanto dinheiro assim! Sempre havia alguém interessado em contratar minha eu e minha equipe e, nos últimos meses antes do meu desligamento, eles chegavam a pagar valores absurdos para me terem cuidando da investigação de um caso!
- Intrigante! – Letícia falou ainda esboçando espanto.
- Eu sei! – ele falou olhando para ela. – O fato é que nós precisamos saber o que Cauã anda aprontando por aí! E eu sou a pessoa mais indicada para isto! Vou vigiar todos os passos dele até conseguirmos provas o suficiente para colocá-lo na cadeia! Enquanto isto você vai ficar quietinha aqui!
- O plano parece perfeito! Mas como será na prática? Eu não posso ficar aqui a vida toda, esperando você achar alguma coisa!
- Tolinha! Você prestou atenção no que eu acabei de falar?!
- Claro que prestei!
- Então não há com que se preocupar! Ficará aqui apenas o tempo necessário para que eu resolva tudo! E assunto encerrado! – ele falou a beijando. Letícia se esquivou um pouco, olhou no rosto dele e perguntou séria:
- Se é tão bom assim como diz ser então porque não continuou trabalhando como detetive?
- Eu tive meus motivos! – ele respondeu sério.
- Pode me contar quais motivos?