quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Estranha Sedução (Continuação 11)

Nas semanas seguintes ao ocorrido, Letícia preferiu se concentrar no trabalho. Talvez Cauã estivesse certo com suas suspeitas em torno de Arthur e ela não queria pagar para ver. As coisas entre ela e Cauã já estavam voltando ao normal, o trabalho estava novamente ocupando toda a agenda dela. O contato que ela tinha com Arthur por MSN foi cancelado por Cauã numa noite em que ela esquecera o notebook ligado; ela até teve a intenção de brigar com ele, mas achou melhor não tirar as coisas do seu rumo o que era engraçado para uma pessoa como ela que nunca havia se deixado apegar por ninguém para justamente não criar este vínculo que mais se parecia uma prisão. Um vínculo que a impedia de manter contato com outras pessoas fora do seu círculo rotineiro de amigos, um vínculo que a impedia de viver coisas novas, ter novas visões e experimentos. Cauã estava achando muito conveniente este novo estilo de vida de Letícia, por outro lado ela estava detestando esta nova rotina. Sempre que ia sair, não importava com quem fosse, tinha que dar satisfações para Cauã, isto se ele não a acompanhasse também mesmo que fosse para encontros de trabalho. Ele vivia monitorando o notebook e o celular dela, assim como suas anotações na agenda. Ele tentava ser discreto, mas sempre deixava escapar um ou outro ato de fiscalização e insegurança da parte dele. Ela sempre fingia que não percebia, não estava querendo problemas no relacionamento. Mas a cada dia que passava a insegurança de Cauã aumentava e isso acabava afetando o relacionamento entre os dois.
O final de semana estava chegando e com ele a finalização da segunda etapa do projeto. Letícia e Leila, como de costume, marcaram outra reunião, só que desta vez só entre os colaboradores do projeto. Seria um jantar em um restaurante perto do pub de Arthur e Cauã, sempre antenado, não deixaria Letícia ir sozinha. Ligou para ela logo pela manhã:
- Que horas será a reunião? – ele perguntou.
- Às 19 horas, por quê?
- Me espere! Vou com você! Beijo! – ele falou desligando o telefone sem dar tempo para que Letícia rejeitasse a proposta. Estas atitudes que ele tomava sempre a incomodava, ela o questionava, mas ele sabia levar ela na conversa.
Naquela noite, como combinado, Cauã passou na empresa para buscar Letícia. Leila veio junto na desculpa de ter deixado o carro no lava a jato (mas o que ela queria na verdade era estar mais perto de Cauã, ela sempre aproveitava toda e qualquer oportunidade para isto e sempre que podia o envenenava contra a amiga na esperança que ele se separasse dela). Letícia nunca desconfiava da amiga e não se importava que vez ou outra Cauã fosse a deixar em casa ou se ele fizesse algum favor a ela quando ela pedia (sempre propositalmente).
Eles chegaram a passar na frente do pub. Arthur foi avisado por Leila (que ficava forçando contato com ele para contar sobre Letícia. Ela o fazia crer que Letícia não era feliz ao lado de Cauã e que a amiga só esperava uma oportunidade para voltar a se encontrar com Arthur. Isto era mentira da parte dela, Letícia até pensava em Arthur sim, mas não cogitava a possibilidade de voltar a se encontrar com ele). Arthur já havia tentado entrar em contato com Letícia, mas ela não respondia às suas ligações, às suas mensagens no e-mail ou msn, então ele ficava meio duvidoso se deveria ou não lutar por ela. Ele não sabia se ela esteve com ele naquela noite só para contar conquistas ou se esteve porque realmente sentia algum desejo por ele, por outro lado aquela noite havia parecido, pelo menos para ele, tão verdadeira, que era quase impossível pensar que teria sido coisa momentânea.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Estranha Sedução (Continuação 10)



- Eu sei que gosta! – ele falou amarrando as mãos dela com a corda e depois fazendo com que ela se deitasse no sofá. Ele veio por cima bolinando toda a extensão do corpo de Letícia e esticando os braços dela pra cima. Ele se excitou ao vê-la daquela forma, viu que ela também estava excitada, mas ao perceber isto o ódio que sentia voltou tomando conta dos seus pensamentos mais sufocantes. Soltou um tapa no rosto de Letícia que ficou vermelho na hora, no momento ela não reagiu, parecia se excitar mais ainda, e quanto mais ela se excitava mais ele se irritava, pois percebia que era daquilo que ela gostava e que, sendo assim, poderia perdê-la facilmente para aquele Mestre sádico.
Cada olhar, cada gemido que Letícia soltava o remetia a cena dela transando com Arthur, ficou imaginando o quanto ela deveria ter gostado de estar com outra pessoa e a vontade que dava nele era de acabar com a raça daquele cara que havia encostado em sua amada. Sentia raiva dela também, pois havia feito de tudo para que ela esquecesse aquela paixão que nutria por Arthur e mesmo assim ela traiu a confiança dele. Aqueles pensamentos o atormentavam e desnorteado ele começou a machucar Letícia por querer, por vontade usava toda a força que podia ter contra ela. Soltou outro tapa, desta vez foi com tudo na coxa dela, ela gemeu, estava gostando de ser machucada, mas não era o que ele queria que ela sentisse; ele no fundo queria que ela estivesse odiando aquilo, pois pelo menos ele saberia que ela não havia gostado tanto assim de estar com Arthur. Cauã, irritado, segurou-a pelos cabelos, levantou e fez com que ela levantasse também. Arrastou-a até o centro da sala, onde a jogou sobre o tapete gritando com ela:
- É isso que ele faz com você?
Letícia o encarou assustada com a interrogativa de Cauã; não estava esperando que ele interrompesse aquilo para questionar sobre ela e Arthur. Ela lançou um olhar carente para ele, mas foi respondida com seguidos tapas em seu rosto.
- Pare! Está me machucando! – ela suplicou.

Estranha Sedução (Continuação 9)

Nas semanas que se seguiram Letícia e Leila novamente se focaram no projeto para darem início à segunda etapa. Leila até chegou a rondar Letícia sobre o que acontecera naquela noite, mas Letícia se sentia meio incomodada ao tocar no assunto. No fundo ela não acreditava que se submeter a um homem era a melhor maneira de conquistá-lo, por outro lado ela não teria por onde começar se não cedendo às vontades de Arthur como estava fazendo. Arthur respeitou o profissionalismo de Letícia não a interrompendo enquanto cumpria a segunda fase de seus deveres dentro do projeto, mas também não a deixou completamente de lado; sempre que podia ele enviava tarefas, leituras e filmes para que ela estivesse sempre conectada com aquele “outro mundo”, um mundo novo ao qual Letícia não estava muito a fim de adaptar-se. Um dia depois de Letícia ter se encontrado com Arthur, Cauã teve que fazer uma viajem a negócios. Ele não revelou muito sobre a viagem, mas afirmou que logo estaria de volta. Letícia, por sua vez, não quis encher a cabeça de Cauã com mais coisas, pois havia percebido nele uma preocupação descomunal; assim sendo, preferiu não contar naquele momento o que havia rolado entre ela e Arthur.
Em duas semanas Cauã já estava de volta. Ainda parecia tenso, segundo as constatações de Letícia. Ela ainda estava envolvida com o projeto e ainda não havia voltado a se encontrar com Arthur; pelo menos só havia uma confissão a fazer, mas preferiu deixar novamente para outra hora, pois julgou que Cauã não estava em um de seus melhores dias. Adiou a conversa. Leila sempre cutucava, mas Letícia desconversava, jurava que o assunto não era com ela. Quando tinha que fazer plantão para finalizar algum processo do projeto ela sempre falava para a amiga que podia concluir sozinha; fazia isto na verdade para tentar ficar um pouco livre das especulações que a amiga vinha fazendo desde a noite de seu encontro. Os dias foram se passando e ela e Cauã foram criando um vínculo muito forte. Ele sempre tinha alguma surpresa para ela, sempre a tratava carinhosamente, era um verdadeiro gentleman. Como o projeto estava demorando a concluir, Letícia continuava ficando até tarde no escritório. Cauã passava quase toda noite para buscá-la e foi numa dessas noites que Cauã descobriu, por um acaso, que Letícia tinha contato com Arthur.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Estranha Sedução (Continuação 8)

Ela virou, olhou para ele já entendendo perfeitamente o que estava acontecendo; poderia não ser no tempo dela, mas com certeza seria no tempo dele. Ambos estavam desejando isto há muito tempo, não podiam terminar aquela noite apenas com um “até outro dia”. Ela voltou até o local em que estava, esperou a próxima ordem que logo surgiu:
- Tire sua roupa! Fique só de lingerie!
Ela sorriu e obedeceu. Tirou o vestido, gostou de ver o rosto de Arthur simplesmente ganhar luz ao vê-la só de lingerie. Ele ficou admirando-a durante algum tempo, logo depois caminhou até a porta e a trancou dizendo:
- Desligue seu celular! Quero privacidade total quando estiver com você! - ele ordenou. Letícia obedeceu sentindo um friozinho na barriga a cada palavra proferida por ele. Ele se sentou na cadeira, chamou Letícia. Quando ela estava vindo ao encontro dele, ele ordenou que ela parasse. Mesmo sem entender ela obedeceu novamente.
- De quatro, como uma cadelinha!

Estranha Sedução (Continuação 7)


- Desculpe querida, mas eu só estou repassando o recado. Converse com ele, tudo bem? Podemos ir agora? – Ágata perguntou carinhosamente.
- Desculpe-me você, eu que me estressei um pouco com ele, não deveria ter descontado em você! Podemos ir sim.
E elas caminharam até a sala onde estava Arthur. Chegando lá, Ágata se retirou e deixou Letícia a sós com Arthur que estava sentado numa cadeira no cantinho da sala. Como ele permaneceu em silêncio, Letícia resolveu quebrar o gelo:
- Ela é sua companheira? – Arthur permanecia em silêncio. – Assim, eu andei pesquisando a vida de vocês, esta cultura diferente, li um pouco sobre o relacionamento 24/7, é o que você e essa moça vivem? Um 24/7? – ela insistia. Arthur continuava calado. – Vou ficar conversando sozinha? Você ta me ouvindo? Quer mudar de assunto? – ela perguntou. Arthur, porém nada falou. Desta vez levantou-se, a analisou novamente dos pés a cabeça. Aproximou-se dela, chegou bem pertinho, sentiu aquele cheiro doce que vinha dos cabelos de Letícia, gostou. Segurou os cabelos dela levantando-os para cima, aproximou o nariz da nuca dela para sentir melhor aquela fragrância refrescante. Letícia gostava daquele jogo de sentidos, mas queria arrancar alguma palavra da boca de Arthur, então ela falou:
- Eu sabia que tinha chamado a sua atenção! – ela falou, satisfeita. Arthur pareceu não gostar do que ouvira, o semblante dele que antes era de contemplação agora dava lugar a uma expressão de desdém; ele saiu de perto falando:
- você chegou atrasada! Falei que não tolero os atrasos!
- Atrasada? Olha, se você não percebeu, quando você chegou eu já estava por aqui! Há meia hora antes, pra ser mais exata!
- Sim, eu a avistei sentada no banquinho do bar. Mas eu fui claro ao dizer que a esperava no lugar aonde nos vimos pela última vez!
- E eu estava lá!
- Não, você não estava! Estou percebendo que você não vai entender o que estou querendo dizer, então serei mais claro: Nos encontramos pela última vez aqui, dentro desta sala! Você por um acaso estava aqui, exatamente neste local, às 22 horas?
- Oras, não seja tão categórico, Arthur! Eu já estava dentro do pub, como eu poderia imaginar que eu teria que te encontrar aqui na sala?
- Pela lógica, é óbvio! Ou você também não sabe o que é isso?
- Você só pode estar brincando! Não vou ficar aqui ouvindo estas asneiras, seu grosso! – Letícia falou, caminhando para a porta que ainda estava aberta. – Não sei aonde eu estava com a cabeça quando aceitei vir encontrar com você, eu deveria estar louca! – ela falou indo embora.

- Espere! – Arthur a interrompeu. - Você me deseja, não deseja?! – Ele perguntou para Letícia.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Estranha Sedução (Continuação 6)


- O que está fazendo aqui? – ela perguntou arregalando os olhos. Depois percebeu que estava sendo invasiva demais e quis reformular a pergunta. – Você por aqui... estão ocupados?! Fala pra Letícia que eu volto em outra hora! – ela falou tropeçando nas palavras, visivelmente desnorteada por ter encontrado Cauã no apartamento da amiga.
- Não Leila, tudo bem. Pode entrar! Estamos de saída, mas parece que sua amiga ainda vai demorar um pouquinho se arrumando. Ela está no quarto, vou chamá-la! – ele falou fechando a porta por trás de Leila e indo chamar Letícia.
- Já estão nesta intimidade toda?! – Leila pensou vendo Cauã adentrar todos os cômodos do apartamento de Letícia sem a mínima cerimônia. Uma pontinha de inveja bateu nela, pois estava se lembrando que na noite anterior o único assunto dela com Cauã era sobre Letícia. Não por vontade dela, mas porque ele só sabia e só queria falar nisto. Aliás era exatamente sobre isto que ela havia ido conversar com a amiga, porém, quando entrou e percebeu o clima que estava rolando entre eles ali no apartamento, preferiu ficar na dela e inventar outro assunto como motivo para ter ido falar com Letícia.
- Ela falou pra você entrar lá no quarto que ela esta se arrumando!
- Tudo bem! – ela falou adentrando o apartamento e olhando meio de rabo de olho para Cauã.
- Oi amiga!!! – Letícia falou enquanto ainda procurava uma sandália ideal no meio de tantas outras.
- Sabe, olhando tudo espalhado assim, nunca tinha reparado quantas sandálias você tem aqui! – Leila falou sorrindo.
- E no meio de tantas, nenhuma me serve para hoje!
- Mas o que aconteceu que deixou vocês tão empolgados assim pra sair num dia de chuva?!
- Chuva??? Nem percebi que estava chovendo. Aliás, Cauã foi no comércio ainda pouco e não estava nesta chuva toda...
- Acabou de cair. Mas creio que isto não vá impedir vocês na empolgação em que estão!
- Não mesmo! Mas e você, quero saber como foi a sua noite de ontem!!!
- Foi boa! – ela respondeu. – apesar de você ter estragado a melhor parte fazendo com que Cauã fosse atrás de você! – ela pensou, mas achou melhor não falar. – Mas quero saber por que estão neste alvoroço todo?!?
- Amiga... – Letícia se virou pra responder pensando que ainda na noite anterior havia proposto aquele encontro entre a amiga e seu atual namorado. – eu não premeditei nada, nem sabia que aconteceria...
- Fala...
- É que eu e Cauã... nós estamos namorando! – ela falou esperando alguma reação da amiga que nem esboçou nenhuma expressão significativa.