domingo, 11 de dezembro de 2011

Uma Música Brutal - Décimo Quinto Capítulo


- Sinto muito... mas aconteceu... – eu murmurei. Ele balançou a cabeça.

- Sim, foi um acidente. Estou correto? – ele perguntou sem tirar as mãos de mim. Eu balancei a cabeça em afirmação. Então ele sorriu sarcasticamente. – Assim como isto aqui será tratado como um acidente! – Victor gritou me jogando contra o chão novamente. Eu cai me encolhendo, abraçada entre os joelhos. Ele abaixou também, puxou meu cabelo até que eu o encarasse. Fechei meus olhos instintivamente, pois o terror só fazia aumentar quando eu encarava aquele olhar frio de Victor em cima de mim. – Abra os olhos, sua vadia! – ele falou batendo em meus rosto repetidas vezes. Conseguiu por fim que eu abrisse os olhos. – Você não vai ter esse filho. Entendeu? – ele me balançou.

- Pelo amor de Deus, Victor. O que pretende fazer? – Victor não respondeu. Apenas levantou e parou a um passo da posição em que eu estava. Então ele aumentou o som que ainda repetia a mesma música insistentemente, tornando o ambiente mais assolador ainda. Então ele cuspiu acertando meu rosto.

Uma Música Brutal - Décimo Quarto Capítulo


Despertei aos poucos tentando descobrir onde estava. Olhei ao redor e logo vi Samantha presa a uma poltrona. Tentei me levantar, mas percebi que também estava toda acorrentada em cima de uma espécie de maca de hospital, um pouco mais larga. Analisei o ambiente obscuro, parecia um calabouço. Havia uma escada que levava para cima, deduzi que estávamos em algum subsolo. Voltei novamente meus olhos para Samantha, ela parecia estar desmaiada, então comecei a chamá-la.

- Samantha! – eu balbuciei. – Samantha! – falei um pouco mais alto, mas ela não respondia. Então apelei e gritei. – Samantha! – ela despertou na mesma hora abrindo seus olhos arregalados. Olhava assustada para todos os cantos daquele ambiente, assim com eu fiz. Depois pousou seu olhar em mim.

- Como você está, Letícia? – ela perguntou.

- Bem, na medida do possível! – eu respondi.

- Tenho que achar uma forma de pegar meu celular!

- E como pretende fazer isso? Está toda amarrada!

- Vou pedir para usar o banheiro!

Uma Música Brutal - Décimo Terceiro Capítulo

- Vamos Lê, diga à ela o que há de errado com você! – o homem falou com o tom sombrio de sua voz. Samantha o encarou, assustada. Ela não havia dito meu nome antes, e ela teve que se esforçar para descobrir como ele sabia que Letícia era eu.

- Victor! – ela pronunciou quase sem voz. Quando ela se virou para encará-lo Victor já exibia uma arma em sua mão. – Eu sinto muito, Letícia. Eu acho que não deveria ter aberto a porta! – ela considerou depois de ver nos olhos de Victor que ele certamente não tinha boas intenções. – Por favor, não faça nada com ela! Só peço isso! – Samantha falou perplexa. Seu rosto pálido não escondia suas emoções, estava apavorada. Eu respirava fortemente, tentava manter o controle sobre eu mesma, mas era impossível. – Sente-se, Letícia. Por favor, fique calma! O seu estad... – ela ia completar, mas eu sacudi a cabeça.

- Por favor, não diga nada sobre a gravidez. Eu imploro! – eu murmurei. Samantha concordou com a cabeça.

- Céus, como eu sou estúpida! – Samantha se lamentou.

- Eu esperava vir num momento em que ela estivesse sozinha. – Victor falava, pensativo. – Mas sempre havia alguém com ela. Então eu pensei que com você aqui talvez pudesse ser mais fácil! – Ele olhou para Samantha. – Seja esperta, Samantha. Meu negócio é com Letícia. Você tem uma escolha: fique aqui no apartamento enquanto eu carrego Letícia ou a forço a vir comigo também! Mas vai ser pior se decidir se meter no meu caminho! – ele soava ameaçador e agora deixava a arma que trazia consigo a nossa vista, para reafirmar o tom de ameaça. Aquilo era um seqüestro e ele não estava pra brincadeira.

- Samantha, fique... – eu murmurei pensando que ela não tinha que estar lá. Ela não tinha culpa de nada, não deveria ser levada só por minha causa.

Uma Música Brutal - Décimo Segundo Capítulo

Pelo menos uma coisa não havia acontecido mais, Victor parecia ter se distanciado. Nenhum outro sinal depois daquele dia. Apenas os pesadelos me atormentavam, era quase uma rotina. Eu agora tinha duas mais novas amigas. Suzy e Samantha se fizeram tão presentes quanto nunca. Nem parecíamos ter nos conhecido há tão pouco tempo. Já faziam dois meses depois da notícia de minha gravidez. Eu, obviamente, já estava tendo acompanhamento médico. Por ser uma dançarina ativa, a barriga estava demorando a aparecer e só meus seios já estavam começando a ficar inchados. Mas quem olhava não percebia que eu estava grávida, exceto pelo fato de estar tão sensível. Dérick e Carlos estavam bem mais atenciosos e cuidadosos comigo. Enfim eu tinha a família que nunca tive antes. Uma família diferente, mas uma família.

*****
A aula daquela manhã não estava rendendo para mim. Os enjôos decorrentes da gravidez eram outro sintoma forte e aquela sala de aula fechada repleta de perfumes de diferentes odores e marcas não estavam me fazendo muito bem. Mesmo assim resolvi assistir a aula até o final, pois em breve eu teria que trancar a faculdade e quanto mais adiantada eu estivesse melhor. A aula foi salva, mas os estudos da tarde tiveram que ficar para outra hora. Liguei para Dérick perguntando se ele poderia vir me buscar, mas ele estava com um pequeno problema no Clube dele e de Enzo, o Segredos das Mil e Uma Noites, mas conhecido como “Segredos” apenas . Ele até queria abandonar o que estava fazendo para vir ao meu encontro, mas eu pedi que não o fizesse. A última coisa que eu queria era parecer um “problema” para os outros. Carlos estava em outra cidade bem próxima, a trabalho. Só me restava incomodar outra pessoa...

- Alô, Samantha?

Uma Música Brutal - Décimo Primeiro Capítulo

Acordei na madrugada devido ao pesadelo e também com um barulho que vinha do interior do apartamento. Risadas, cochichos... Carlos estava de volta! Examinei o relógio de cabeceira, marcavam cinco e meia da manhã. Eu até que havia dormido bem afinal.

Levantei, vesti o baby-doll e fui até o banheiro lavar o rosto. Faziam alguns dias que estes pesadelos me atormentavam. Novamente a mesma cena de Victor me perseguindo e eu perseguindo Dérick. Soava estranho, mas eu me preocupava em não pensar muito sobre o sonho. Talvez eu estivesse mesmo grávida. Mulheres neste estado costumam ter pesadelos... ou não?

Olhei para a minha cama, Dérick dormia como um anjo. Um anjo dominador, talvez o arcanjo Miguel. O simples pensamento me fez fantasiar com Dérick vestido como um anjo, um guerreiro, o próprio arcanjo Miguel. Eu nunca havia visto um anjo antes, mas eles certamente deveriam ser parecidos com Dérick.

Perdida entre estes pensamentos, acabei chegando bem perto de Dérick. Os barulhos fora do quarto ainda não haviam cessado. Ouvia Carlos, ouvia Samantha e ouvia também uma terceira voz, feminina. “Céus! Carlos não se cansava nunca?”, eu refletia. Mas meus pensamentos foram interrompidos pelo relampejo irradiante dos olhos castanhos de Dérick me fitando. Eu recuei, tímida, arrancando um sorriso límpido de Dérick.

- Eu estava... – “te contemplando?”, claro, não terminei a frase, mas Déric parecia ler meus pensamentos.

- Não se preocupe com isso, bebê. Eu costumo ficar tão perdido quanto a lucidez de um homem que vaga sozinho pelo deserto quando paro para contemplar sua beleza! Venha até aqui! – ele falou batendo de leve na cama, ao lado dele. Eu deslizei apenas para me sentir, em poucos segundos, acolhida em seus braços. – Outro pesadelo?

- Estão cada vez mais freqüentes... – eu refleti. Ele friccionou os lábios, uma fúria invadiu seu ser, afastando sua paz. Mas ele se controlou e calmamente disse:

- Enquanto eu estiver aqui, independente de estar ao seu lado ou não, eu prometo que ele nunca mais lhe fará mal algum. Nem que para isso eu tenha que... – vi fúria em seu olhar, me encolhi como um bichano assustado, ele retrocedeu perante minha fragilidade. Acariciou meu rosto e beijou-me lentamente, tomando meus lábios de forma possessiva, mas carinhosa. – Não me encare assim, meu amor. Eu não poderia suportar a idéia de que também lhe causo medo! O único medo que quero que sinta é o de não saber qual será o próximo limite prazeroso que testarei em você. Nada mais que isso! Minha fúria não tem a ver com você, ela é fruto dos péssimos hábitos de meu irmão. Apenas isso! – ele falava me aconchegando em seus braços, querendo me proteger quase que do mundo inteiro. E eu sentia sua proteção, e me sentia bem por isso.

- Eu não estou com medo de você... – falei me apoiando em seu peito.

Uma Música Brutal - Décimo Capítulo

- Eu quis dizer, bebê, que você sempre foi uma submissa! E não importa o quanto tente fugir disso, você nunca vai conseguir, simplesmente porque faz parte do seu instinto! – ele me beijou por fim. Seus lábios colaram nos meus de forma suntuosa e eu podia sentir meu coração acelerar a cada investida de sua língua no interior da minha boca. Ele se afastou e eu continuei inclinada, tentando receber mais de sua deliciosa e sedutora boca. Ele se afastou andando pela sala ampliada do apartamento, chegando até a porta do terraço gourmet. Eu voltei a minha forma, ainda necessitada. – Eu me lembro a primeira vez que pisei neste apartamento! – Dérick analisou. – Você tremia como vara verde! – ele sorriu transmitindo aquela sonora e rouca voz para todas as terminações nervosas de meu corpo. Aquilo me fez lembrar o quanto e como eu o desejava.

- Quer água? – eu perguntei tentando retomar minha posição naquele lugar.

- Não ainda, bebê! Você está com sede?

- Na verdade não...

- Então venha aqui, Lê! – ele falou. Eu fiquei sem reação, então continuei onde estava. – Lê! – sua voz soou pela sala e, mesmo estando baixa, o tom grave despertou minha mente. – Aqui! – ele falou apontando a frente dele. Eu obedeci e segui até parar na frente dele. – Chegue mais perto! – eu cheguei e ele me puxou, então andamos até o terraço e paramos na frente da grade do terraço. – Lê, feche os olhos e sinta o vento bater em seu rosto!

- Sim Senhor! – eu respondi sentindo aquele leve sopro sacolejar meus cabelos.

- É boa essa sensação?

- É ótima!

- E essa? – ele perguntou deslizando os dedos sobre o tecido que cobria meus seios. Estremeci.

- Também é! – eu respondi em frenesi.

- E essa? – ele falou na mesma hora em que puxou meu cabelo com sua mão livre. Meu corpo foi para trás puxado pela força. Eu abri os olhos num impulso. – Continuei com os olhos fechados, Lê! – sua voz soou baixa. Eu obedeci. – Responda a pergunta, bebê! – ele falou alisando meu rosto.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Uma Música Brutal - Nono Capítulo (Parte 2)

Ter chegado à metade da aula não foi tão proveitoso assim, ainda mais numa aula tão complexa quanto aquela estava sendo. Carlos ainda inventou de me ligar no meio da aula para saber de mim e saber porque eu não havia acordado nem ele nem Samantha para me trazerem a aula, expliquei que estava tudo bem. Ele não acreditou, então disse que passaria mais tarde para me ver. Ele sem querer acabou me desconectando mais ainda com a aula. Decidi ir para a sala de estudos e pegar a matéria depois, junto com o pessoal do grupo de estudos.
                                              
Como não havia muita gente na sala de estudos individual eu logo consegui um lugar para me sentar. O lugar todo era separado por várias “baias” que abrigavam os estudantes, fazendo uma espécie de “mini sala” para cada um. Isso permitia uma maior privacidade. Estava concentrada nos livros, mas a todo o momento eu percorria a sala contemplando de alguma forma o estranho silêncio que reinava naquele local. Novamente me reconfortava pregando os olhos nos estudos. De repente ouvi a porta abrir lenta, devagar, e alguém adentrar a sala de estudos. Desviei o olhar para a estagiária que controlava a entrada e a saída dos estudantes, ela parecia normal. Voltei os olhos ao estudo. Uma risadinha sufocada ecoou no recinto e eu novamente desviei o olhar, observando-a. Agora ela conversava com um rapaz alto, que se debruçava sobre o balcão onde ela ficava. “Os dois parecem íntimos, uh!” – eu pensei erguendo a sobrancelha. Concentrei-me novamente nos estudos.

Uma Música Brutal - Nono Capítulo (Parte 1)


Foram três dias de sexo intenso. Um início de paixão tórrida; e eu voltava a me sentir como uma adolescente. Um pouco boba, eu acho! Sorria por tudo e para tudo. Maldita espontaneidade quando mais se precisa disfarçar! Eu notava de longe o ar debochado de Carlos enquanto ele assistia televisão em um sofá próximo a mesa onde eu mantinha uma pilha de livros e meu caderno da faculdade e me concentrava nos estudos. Eu até que tentava não pensar naquele fim de semana agitado, mas Carlos fazia questão de me lembrar quando dava aquelas risadinhas sufocadas depois de soltar alguma piada do gênero: “O fim de semana de Letícia e Dérick”.

- Quanta infantilidade pra um homem que está perto de completar seus trinta anos! – eu o repudiei.

- Não estamos falando de nada infantil aqui! Aliás, o assunto é até proibido para menores de dezoito anos! – ele debochou. Depois de um tempo avoada perdida em meus pensamentos, Carlos protestou: - Não sou eu quem está te atrapalhando de estudar!

- Sabe, eu estava pensando em algo que Dérick me contou sobre ele e Victor... – eu falei refletindo.

- Ah é, e o que ele te contou pra deixar você tão pensativa assim?

Uma Música Brutal - Oitavo Capítulo (Parte 2)


- Perfeito! – ele abriu um sorriso gentil, acariciando meus cabelos. – Mas não pense que vai escapar de um castigo por isto! Está na hora de lhe passar alguns treinamentos... – ele analisou alisando o queixo, depois prosseguiu ao me perceber encolhida. – E não se preocupe quanto ao frio, pretendo deixar seu corpo bem aquecido! Agora agache sobre os joelhos! – Ele ordenou firmemente, ainda que gentil. . Eu obedeci, esperando o próximo comando. Ele tocou meu queixo, fazendo-me olhar para ele. – Sempre que estiver nesta posição mantenha a cabeça baixa! – eu concordei e prontamente abaixei a cabeça. Escutei seus passos, depois seu retorno. Ele possuía uma corda de algodão em uma de suas mãos. Ela estava enrolada como uma cobra contorcida a procura de descanso. Dérick parou na minha frente, com a corda na altura de meu rosto de uma forma que, mesmo estando com a cabeça baixa, eu pude observar sua mão segurando a corda. Aqueles traços másculos parecia o controle remoto dos meus sentidos. Também pudera! Observando de perto eu podia compreender perfeitamente a sensação que aquelas mãos conseguiam provocar quando estavam literalmente brincando com minha feminilidade. Traços fortes, robustos, veias protuberantes, dedos longos, uma palma masculamente torneada e finalmente toda a habilidade que elas possuíam provocariam facilmente até a sensibilidade de uma mulher frígida.

Dérick levou algum tempo manuseando delicadamente aquela corda em torno do meu corpo. Primeiro os pulsos para trás, passou pelos meus seios em duas voltas como se me abraçasse, depois meus ombros e por fim minha cintura. A armação formou duas alças em minhas costas, começando no ombro e parando na cintura, seguindo a linha dos nós. Depois de todo o trabalho, Dérick parou para observar sua obra final. Contemplou com malícia, deslizando seus dedos por cada detalhe íntimo de meu corpo. Meus seios estavam inchados devido à pressão da corda, ainda pouco avermelhados, mas com bicos durinhos. Ele contornou os pequenos círculos rosados de meus mamilos, depois pressionou os bicos, ao mesmo tempo, provocando uma dor acentuada. Ele os puxou para cima então eu ergui meu corpo tentando acompanhá-lo, foi mais alto do que eu pude alcançar, a dor se acentuou mais profundamente e então ele os soltou ao mesmo tempo, abandonando-me a entrega excitante daquela dor. Os tremores em meu corpo recomeçavam e Dérick teve que levantar para afastar os dele também, sua natureza não negava, estava excitado mais do que queria, do que devia. Encarei-o em protesto, mas ele me lançou um olhar congelante.

- Abaixe a cabeça, Lê! – ele ordenou. Eu obedeci, mas subordinação não durou muito tempo.

- Parece que alguém também não está conseguindo se controlar! – eu lancei a frase com um sorriso desafiador no canto de meus lábios. Ele sorriu também, mas se conteve. Então me encarou sério, franziu o cenho e depois abriu o sorriso mais malicioso que um homem pode ter. Seus lábios de espessura média se alargaram e seu queixo esguio tomou uma forma servida evidenciando todo aquele ar dominador.

- Parece que alguém está tentando desafiar um Dom! – ele falou se aproximando e abaixando-se atrás de meu corpo. Suavemente suas mãos tocaram meus seios, estremeci. Depois ele ajustou alguma coisa na amarração e logo em seguida puxou levemente as duas alças. Eu não cheguei a sentir, até que ele se levantou e, em um puxão vigoroso, Dérick me colocou de pé usando apenas as alças da amarração. O susto e a imprevisibilidade daquele puxão me fez notar o quão altivo Dérick poderia ser e, apesar de ter apreciado o que o efeito “pós-puxão” provocou em minha libido, resolvi não provocar mais. – Como pode ver, eu sempre estou no controle, bebê! – ele falou me puxando para trás, de encontro ao seu corpo. Depois juntou as alças em uma só mão, deixando a outra livre, jogou-me para frente outra vez e puxou meu corpo antes que eu pudesse me esticar com a jogada. Ao voltar de encontro ao seu corpo, Dérick armou sua mão livre em direção as minhas nádegas e quando eu fui parada pela mão que segurava as alças senti um tapa estrondoso estralar em minha bundinha.

- Ahhh... – eu gritei sentindo um misto de dor e prazer, libertação. Dérick esquentou meu traseiro roçando-me em seu sexo férvido de excitação. Senti minha grutinha pulsar de desejo, então, instintivamente, cooperei com o estímulo balançando meu quadril apertando-o contra o dele.

- Sub impaciente! – ele falou me afastando. – Vou lhe dar uma lição agora! – Dérick completou levando-me em direção a cama, onde me atirou aos lençóis sedosos que faziam volume na cama king size. Com as mãos presas nas costas, quase me afundei quando não consegui me mover em meio a tanta maciez. Dérick foi habilidoso e logo me levantou daquele sufoco, mas me colocou em uma posição nem tanto favorável quanto a primeira. Ele virou minha cabeça para o lado e me fez encostar completamente os ombros na cama, depois puxou minhas nádegas de modo que eu ficasse afundada com o tronco na cama e a bunda empinada evidenciando meu buraquinho e minha boceta molhada por tamanha excitação. Ele contemplou por um tempo, logo em seguida estava novamente em posse da chibata que usara em mim mais cedo. Eu esperei aflita o contato da chibata com minha bundinha empinada, mas ele não veio. Senti ele deslizar uma mão pela minha coxa, chegar até a virilha e focar em meu clitóris. Massageou o local por alguns segundos, depois deslizou suavemente um dedo para dentro de minha boceta, eu gemi, ele tirou. Mais um tempo para o ar, sem nenhum toque, até que... a chibata acertou lacerando minha grutinha, eu recuei. Dérick veio logo em seguida, massageando, me retorci em seus dedos. Ele sentiu minha boceta melar com intensidade, então aplicou outro golpe, mais forte dessa vez, fazendo com que eu me contorcesse deslizando entre os lençóis. Haveria com certeza uma punição, pois, atordoada pelo descontrole, acabei saindo da posição em que ele havia me colocado. Erro grave!

- Desculpe Senhor! – eu tentei amenizar a situação.

- Você tem consciência de seu erro, já é um bom começo! – ele falou em tom grave. – Mas não é tudo! – Dérick falou puxando novamente meu quadril para a posição inicial e segurando-o desta vez com uma de suas mãos. Seu braço era tão forte que, mesmo amortecida, eu não deslizava pela cama. Ele novamente se apossou da chibata e desta vez arremessou seguidos golpes interruptos, todos compassados de acordo com sua vontade. Meu corpo estremecia por conta própria, já não tinha mais controle nem nessa parte. Eu me arqueava de desejo e prazer, também de dor, mas uma dor suportável, gostosa. Porém essa dor se intensificava a cada golpe e Dérick parecia não ter a intenção de parar tão cedo. Já estava começando a ficar doloroso sentir aquele descarrego, pensei em usar a palavra segura, mas me recusei. “Eu ainda agüento!”, pensava comigo. A dor, o prazer, a intensidade... céus! Eu já não tinha o controle de mais nada. “a palavra de segurança! Use-a!”, meu subconsciente insistia em me alertar, porém minha confiança em Dérick era maior, eu sabia que ele não me machucaria de verdade. Mas será que ele queria que eu usasse a palavra de segurança?! Enquanto isso minha vagina pulsava ainda mais forte, completamente inchada com tantas pancadas sobre ela, na última eu me arqueei mais profundamente, então Dérick lançou a chibata no chão e, tão imprevisível quanto nunca, ele me penetrou infiltrando seu pênis em minha vagina de forma arrebatadora. Seu corpo caiu em cima do meu em um momento e no outro ele já estava estocando seu membro suntuoso dentro de minha grutinha latejante. Uma vez, eu gemi, duas vezes, eu choraminguei, três, quatro, cinco, seis vezes e eu estava me derretendo em cima da cama balbuciando coisas desconexas, gemendo compulsivamente, sentindo toda aquela explosão dentro de mim, um mergulho numa onda chamada prazer.

Dérick compartilhava comigo esse sentimento e eu me deliciava sentindo o espasmo de seu pênis palpitando em minha vagina jorrando toda a sua quentura para meu interior. Enfim ele soltou meu quadril deixando meu corpo deslizar em tremores por cima da cama, seu corpo acompanhou o meu e ele acabou em cima de mim, com seu membro ainda dentro de minha grutinha. Agora sim estávamos exaustos. Exaustos, mas completos.

Uma Música Brutal - Oitavo Capítulo (Parte 1)

- Nossa vida foi conturbada... – ele pigarreou, parecia ser difícil falar sobre isto. – eu e Victor tínhamos um pai alcoólatra que espancava nossa mãe constantemente. Mas ela nutria um amor por ele que só vendo. Por mais que a família, minha tia e meu avô, ambos já falecidos, por mais que eles tentassem ajudar, ela não aceitava que o estava perdendo para aquele vício doentio que o fazia se transformar em um monstro às vezes. Disseram-me que quando eu nasci a situação piorou.  Sete anos mais tarde aquele desgraçado a matou! – ele falou rangendo os dentes. – Victor viu tudo, ele tinha apenas treze anos! – Dérick finalizou como se compreendesse em parte o transtorno mental que se tornara parte da vida do irmão.

- Oh, Dérick, sinto muito! – eu me encolhi contra ele, como se pudesse acolhê-lo de certa forma.

- Tudo bem, você não teve culpa! – ele me olhou dando um leve sorriso. – Mas enfim, fomos morar com meu avô e minha tia. Eles cuidavam muito bem de nós dois, mas Victor nunca esqueceu o que nosso pai fez. Quando completou dezesseis anos, ele fugiu de casa. Pouco tempo depois ficamos sabendo que meu pai havia sido assassinado, ainda não tínhamos notícias de Victor. Ele reapareceu há aproximadamente três anos atrás e me trouxe para esta cidade, a princípio para morar com ele. Conheci o clube de Enzo porque ele freqüentava, mas Victor andou aprontando e se afastou do clube. Ele havia me ensinado algumas coisas, mas meu “professor” definitivo foi Enzo!

- Céus, que história! – eu falei aflita pelo infortúnio dos dois.

- Não me olhe assim! É tudo passado agora!


sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Uma Música Brutal - Sétimo Capítulo - Parte 2

- Você está deliciosamente provocante! – ele falou se recompondo daquela paralisia espontânea.

- Aqui está seu contrato! – eu falei levantando a papelada. – Assinado! – ele sorriu reconfortado. Talvez estivesse esperando que eu não assinasse, ou coisa parecida. Percebi pelo seu suspiro.

- Ótimo! – ele analisou. – Agora podemos prosseguir com isso!

- Aqui neste lindo quarto? Não se parece em nada com o local onde estive a primeira vez!

- Qualquer lugar, nas mãos de um bom dominador, pode se transformar em um dungeon! Vai perceber isto ao longo de nossa convivência! – ele falou piscando. Eu sorri, não havia visto por este ângulo. – Letícia, você está linda nesta roupa! Juro que não esperava por toda esta produção e estou aqui pensando, como você consegue ficar tão linda assim em pouquíssimos minutos enquanto as mulheres se matam horas a fio em um salão de beleza?! Mas agora que assinou o contrato eu tenho que alertá-la para uma coisa: desta vez vou perdoar pela superprodução, mas só deve fazer uma coisa quando eu assim permitir!

- Algo mais Mestre? – eu perguntei ressentida. Ele sorriu pelo meu desconforto, mas me acalmou.

- Querida submissa, este foi apenas um alerta, não precisa ficar assim! Mas há algo sim, além de fazer as coisas só quando eu permitir, você deve também solicitar permissão para falar algo, independente de onde estivermos se lá estivermos como Dominador e submissa! Deve ter lido isto no contrato! – ele falou em tom desafiador , porém carinhoso como sempre.

- Eu entendi, Mestre!

- Perfeito! Levante-se! – ele ordenou, eu fiz. Ele me aproximou dele e instintivamente começou a tocar meu corpo com suas fortes mãos. Deslizou pelas minhas coxas, subindo por meus montes até chegar aos meus ombros, apertando-me contra seu peito. Levou a outra mão aos meus cabelos rebeldes e os afagou com ternura buscando em todo o canto do meu corpo saciar seu desejo sentindo meu perfume. Eu, claro, também buscava a cada gesto saciar meu desejo de sentir seu corpo contra o meu. Dérick virou-me de costa para ele, deslizou novamente suas fortes mãos pelas minhas coxas, desta vez seguindo pela linha da virilha. Levantou meu vestido acomodando sua mão sobre minha calcinha, ainda por cima. Esfregou o polegar sentindo minha umidade que já atravessava a lingerie, eu vacilei em minhas pernas, tamanho era o desejo de pertencer a ele naquele exato momento. – Você quer isso, não quer?! – ele sussurrou, senti ondas de prazer percorrerem todo o meu interior. Então arqueei meu corpo dando melhor acesso ao meu sexo sedento por seu toque. Dérick atendeu ao meu subliminar pedido e fez caminho pela parte cavadinha de minha calcinha, chegando até o meu clitóris, onde massageou levemente. Novamente aquelas ondas de prazer, sentia meu corpo pedi mais, então movimentei o quadril fazendo pressão contra o membro dele que já estava rijo mesmo estando preso na calça jeans preta que ele usava. – Ainda não, Lê! – ele falou me afastando. – Quero que tire a roupa! – ele ordenou, continuei obedecendo-o.

Uma Música Brutal - Sétimo Capítulo - Parte 1

Ao permanecer no carro, eu havia selado com Dérick o compromisso de não ter mais dúvidas nem ponderações para com ele, e me mantive fiel a isto, porém eu não deixava de observar por onde ele seguia com o carro. Via Dérick cortando as curvas, entrando em caminhos de terra, passando por entre árvores sombrias e tudo o que eu repetia para mim mesma era que eu deveria manter o compromisso que havia selado e não andar para trás justo quando estávamos começando a dar certo. Porém, quanto mais eu via Dérick se aproximar de nosso destino, mais eu ficava tensa; nosso destino era certo: estávamos indo para o mesmo lugar onde Victor havia me levado antes, o tal clube BDSM. Aquela certeza me fez perder toda a atenção que eu tentava manter em mim e Dérick. Eu comecei a ficar trêmula dos pés a cabeça. Senti minha garganta seca e o ar cortar meus pulmões a cada inspiração. As minhas mãos suavam compulsivamente e eu sentia tonturas. Dérick viu que eu não podia prosseguir, fez meia volta no carro, estava absolutamente mudo.

Ele fazia o caminho de volta enquanto me olhava a todo momento, com aquele ar de preocupação em seu rosto. Enquanto nos afastávamos eu sentia as sensações passarem, estava voltando ao normal. Eu me odiei pela minha fraqueza, pensava comigo mesma: “Isto foi extremamente sexy! Sua idiota! Acabou de estragar uma noite perfeita ao lado dele, está satisfeita?!”. A falta de diálogo após o incidente foi impactante, fez eu me sentir péssima perante algo que eu não poderia ter evitado. Eu ia me defender sem nem mesmo ter sido acusada de nada, queria falar a Dérick que não fiz por mal, que eu realmente desejava estar com ele, mas não conseguiria ficar naquele lugar. Mas antes que eu pudesse falar alguma coisa Dérick estacionou o carro, estávamos no meio do nada. Ele continuava com aquele ar de preocupado, olhava para o horizonte, por alguns minutos não deu nenhuma palavra. Eu olhava pela janela, mordendo minha unha com o dedo praticamente enfiado em minha boca. Não podia imaginar o que ele estava pensando, mas eu me sentia constrangida com todo aquele silêncio.

- Está melhor agora? – Dérick perguntou. Eu balancei a cabeça em forma afirmativa.

- Dérick, eu não quis estragar nossa noite... – eu tentei me defender, mas Dérick me cortou dizendo:

Uma Música Brutal - Sexto Capítulo - Parte 2

O fim de semana logo acabou e a semana começou agitada. Como prometi a Carlos e a mim mesma, voltei a frequentar a faculdade. Eu havia perdido muita matéria e as vezes perdia a noite de sono tentando acompanhar a turma que já estava muito adiantada. Era uma rotina diária, Carlos me levava, depois me buscava e o resto do dia eu ficava em casa lendo e relendo, passando matérias a limpo e tudo mais. Como a faculdade ainda era minha prioridade, resolvi não voltar aos treinos com o grupo, pelo menos enquanto retomava os estudos. Isto me manteve afastada de Dérick, já que ele prometeu não me procurar mais até que eu decidisse o que eu queria da vida... ou com ele.

Quase três meses se passaram e as coisas da faculdade já começavam a entrar nos eixos. Decidi então que era hora de voltar a frequentar os treinos, já que me faziam muita falta. Mas confesso que um dos meus principais incentivos para voltar ao treino era o fato de poder voltar a conviver com Dérick, de quem eu sentia muita falta também.  Conversei com Carlos e combinamos que ele, depois que saísse do trabalho, passaria no apartamento para me buscar em toda noite que houvesse treino.

Uma Música Brutal - Sexto Capítulo - Parte 1


Dérick desatou o nó que havia feito no top, depois retirou a bandana que me vendava e entregou em minhas mãos dizendo que era minha agora. Eu ainda tentava me recompor enquanto ele já vestia a última peça de suas roupas. Vesti o top e, quando procurava a calcinha avistei apenas os pedaços dela no canto da cama. Havia me esquecido, ele a rasgou por inteiro. Peguei para analisar o estrago, depois verifiquei em minha pele, ainda estava avermelhada. Ele sorriu, eu correspondi ainda envergonhada. Então Dérick disse:

- Não se preocupe com a calcinha, vou te dar outra!

- Imagina! Não precisa! – eu falei ajeitando o cabelo e levantando para pegar outra calcinha em meu armário. Dérick parou próximo a janela, verificando o movimento lá em baixo. Eu, ainda corada, peguei outra das minhas minúsculas calcinhas e a vesti. Nunca imaginei que usar uma dessas calcinhas na frente de alguém me causaria tanta timidez, mas foi exatamente o que aconteceu quando percebi o olhar devorador de Dérick em direção ao meu quadril. Talvez fosse normal pelo fato de estarmos nos conhecendo agora. Mesmo assim eu me encolhi toda tentando esconder algo que já não dava mais. Dérick sorriu, se aproximou por trás e me abraçou furtivamente:

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Uma Música Brutal - Quinto Capítulo - Parte 2

- Dérick... – eu disse. Ele parou na porta da cozinha e, ainda virado para a porta, esperou que eu prosseguisse. - ... eu... eu quero...

- Quer o quê? – ele perguntou tentando demonstrar certa frieza.

- Eu quero continuar! – falei me aproximando dele.

- Pare onde está! – ele ordenou virando-se para mim, eu parei. – Antes de prosseguir, quero que saiba de uma coisa!

- Andou me dizendo mais mentiras? – eu provoquei. Dérick me olhou atravessado, com ar de reprovação, virou-se e novamente se pôs a andar em direção a porta. – Desculpe, espere... – eu quis contornar, vendo que ele ficou chateado com a pergunta.

- Ok Letícia, me leve para o seu quarto! O que quer que eu tenha a dizer, vou dizer lá dentro, a portas fechadas! Não quero ser interrompido caso Carlos volte ao apartamento!

- Tudo bem! – eu falei caminhando até meu quarto. Abri a porta e entrei, esperei que ele entrasse também, apreensiva. Dérick entrou, antes de caminhar até aonde eu estava ele fechou a porta e colocou a chave no bolso. – É necessário? – eu protestei desconfiada.

- Se quiser posso sair! – ele respondeu de forma dura.

- Não, tudo bem... – eu falei baqueada.

- Então está bem! O que eu quero dizer é que... bom... – ele procurava as palavras certas. – Enquanto eu tentava protejer você das loucuras de Victor, eu acabei me apaixonando! – ele falou por fim. Eu olhei duvidando, mas ele continuou. – É, foi pouco tempo, mas precioso! Eu não sei o que há em você que me envolveu desta forma, eu nunca havia sentido isso antes! – eu novamente o encarei tentando entender aonde ele queria chegar. – O fato é que eu não seria capaz de viver uma vida “baunilha”, eu sou um dominador, essa é minha natureza! – eu extremeci por dentro, talvez ele quisesse dizer que não era diferente de Victor e aquilo me fez sentir uma pontinha de raiva por também estar sentindo o mesmo que ele, por ter me permitido. Eu me levantei sabendo que teria que acabar com aquilo mais cedo ou mais tarde.

- Eu não posso me arriscar a amar alguém que tenha a mesma alma de Victor! – eu falei entristecida. – Sinto muito...

- Não! Você está novamente errada sobre mim! Eu não tenho a alma de Victor! Victor não era um dominador, Victor era um psicopata! – ele falou se aproximando, novamente suas mãos em meu rosto,  me acariciando, eu me sentia tão leve com seus delicados toques...

O toque de Dérick me levava a outro mundo, bem distante da realidade, era supremo. Ele chegou pertinho, sua respiração ofegante, seu cheiro despertava minha líbido e suas mãos... ah suas mãos... fortes, indelicadas, agarrando novamente meus seios, expondo-os. Eu estava desarmada por completa, nas mãos dele.

- Vou mostrar á você o que é uma alma dominadora! – ele falou com aquela voz firme que ele não tinha dificuldade nenhuma em manter. Depois retirou de dentro do bolso uma bandana, e a usou para vendar meus olhos. Agora seria impossível saber qual passo Dérick daria, mas era certo de imaginar depois de ter ouvido suas últimas palavras. E eu estava ali, a sua mercê, me propondo a ser sua cobaia para qualquer experiência surreal que ele desejasse testar em mim. – Quer ser meu brinquedinho?! – Dérick sussurrou ao meu ouvido. Eu balancei de forma afirmativa, acabando por consentir tudo o que viria a seguir.

Uma Música Brutal - Quinto Capítulo - Parte 1

A semana passou agitada e logo se aproximava o fim de semana. Eu já havia ligado para a faculdade a fim de tratar sobre a minha volta, uma turma iniciaria a matéria na próxima semana e, mesmo eu já tendo visto parte da matéria, poderia voltar a qualquer momento e pegar novamente as explicações desde o início, cortesia da escola por parte da Diretora que se sensibilizou com minha história. Com aquilo já era metade da minha vida retomada, faltava recuperar o estágio e retornar ao grupo de dança, mas esta última parte eu tentava adiar o quanto podia. Apesar de estar com muita vontade de voltar a dançar, o fato de ter que reencontrar Dérick era uma barreira que me fazia desistir da simples possibilidade. As conversas com Carlos me contando como o grupo estava evoluído me animavam bastante e sempre que ele falava de Dérick meu coração pulsava mais forte, mas não era tão simples assim uma reaproximação; eu não tinha medo de Dérick, eu tinha medo do reflexo de Victor que parecia ser evidente nele. E pensar naquilo, pensar que Dérick poderia um dia me tratar da mesma forma que seu irmão mais velho, pensar que mais cedo ou mais tarde ele faria as mesmas coisas que Victor fazia comigo... eu ficava tão angustiada só em imaginar, então eu preferia evitar, apenas guardava na memória aquele Dérick que eu conheci no grupo de dança.

Sexta-feira havia chegado e com ela aquela rotina que eram os finais de semana de Carlos. Ele estava no banho há quase uma hora, como sempre se arrumando para passar a noite, a madrugada e quem sabe até a manhã inteira fora de casa. Eu já havia me acostumado a isto e nem reclamava mais, apenas o avisava dos riscos que ele corria fazendo aquelas aventuras sexuais (um dia ele chegou ao apartamento com duas mulheres de uma só vez, eu, claro, pedi delicadamente que elas “se mandassem!”)

- O quê? Você “pediu”? Você simplesmente as expulsou daqui!!! – Carlos falou sorrindo, enquanto terminava de se arrumar no quarto. Eu estava arrumando algumas coisas na cozinha quando a campainha tocou.

- Claro! É isso que eu faço quando você traz pessoas desqualificadas pra dentro deste apartamento! – eu respondi saindo da cozinha para ir atender a porta. Carlos se apressou e, gesticulando, me fez perceber que ele queria abrir a porta. – É mais uma delas? – eu perguntei baixinho. – Estou na cozinha, mas de olho! – falei voltando para onde eu estava. Carlos abriu a porta e cumprimentou a pessoa que estava do outro lado, depois de uma pequena conversa ele adentrou a cozinha dizendo:

- Lê, você tem visita!

Quando eu virei para trás quase não consegui me segurar em minhas próprias pernas. Eu extremecia dos pés a cabeça, meu coração pulsava tão forte que parecia querer sair pela boca. Naquele momento eu senti um tremor no peito acompanhado de um friozinho gostoso na barriga, uma contradição de sentimentos. Ele, por sua vez, estava tão seguro de si, ainda tão sedutor e... como sempre... tão lindo...

domingo, 4 de setembro de 2011

Uma Música Brutal - Quarto Capítulo (parte 2)

Eu havia passado o dia todo com aqueles pensamentos na cabeça, Carlos, por sua vez, havia passado o dia fora de casa. Mesmo sabendo que vez ou outra Dérick freqüentava o treino eu nunca quis perguntar à Carlos como ele estava, mas naquele dia foi diferente, a curiosidade misturada a uma necessidade incontrolável de notícias dele, me fizeram perguntar por Dérick. Quando eu passava o dia inteiro dentro de casa, acabava me agoniando e fazendo tudo o que estava pendente, resultado: geral na casa e comida feita. Carlos até gostava de chegar e encontrar tudo arrumadinho e comida natural, mas eu percebia o ar de preocupação em seu rosto quando via que eu não queria tocar no assunto: “voltar à vida normal”.
- Como foi o treino hoje? – eu perguntei.
- Foi legal, muita gente desenvolvendo, todos centrados, evoluindo! Você deveria ter ido, o grupo todo sente sua falta! – Carlos respondeu.
- E Dérick, tem freqüentado o treino? – continuei como quem não quer nada. Carlos abriu um sorriso.
- Dérick tem ido sim, tem perguntado sobre você também! Deveria dar outra chance à ele!
- Não começa! Se ele quisesse outra chance teria vindo pedir!
- Dois “marrentos”! Não sei quem é mais cabeça dura! – Carlos falou despertando em mim uma curiosidade.
- Como sabe que ele é marrento? Ele te falou alguma coisa?
- Não “tô” falando! Mulher, isso é paixão reprimida! – Carlos falou já com o prato de comida nas mãos.
- Não vai lavar as mãos? – eu perguntei mudando de assunto.
- Algum problema? – ele provocou.
- Não! Se conselho fosse bom não se dava! – eu respondi como se não estivesse “nem aí”.
- O mesmo pra você, mulher teimosa! – ele falou começando a comer. Eu levantei um dedo de forma grosseira pra ele e depois fui pro meu quarto. Ele ficou na sala sorrindo sozinho, resmungando:
- Mulher teimosa da P...! Tá morrendo de paixão aí... e... – ele continuava.

Uma Música Brutal - Quarto Capítulo (parte 1)


- Eu ia te contar em breve... – ele falou relutante. Victor ia puxar a coleira novamente, mas Mestre Enzo se interpôs entre nós dois e segurou a guia, retirando a coleira de meu pescoço. Eu o encarei assustada, mas ele lançou um olhar terno, como se tentasse me fazer confiar nele.
- Ela fica, você sai! – Mestre Enzo decretou. Victor se recolheu às suas limitações dentro daquele ambiente e se retirou, não sem antes deixar sua última ameaça.
- Isso não vai ficar assim! – ele advertiu.
Agora eu estava lá, sem a opressão de Victor, mas sob olhar intimidador de Dérick. No fundo eu sabia que se não fosse por ele eu jamais estaria livre de Victor, porém, as coisas que Victor havia dito sobre ele; sobre serem irmãos, sobre ele ter aprendido tudo com Victor e o fato dele não ter me contado nada antes me faziam suspeitar de suas intenções verdadeiras ao me libertar do irmão. Havia em mim certa dificuldade em tentar compreender ou sequer ouvir os motivos de Dérick, eu realmente não estava disposta a conversar, não ali. Naquele momento eu só estava interessada em sair daquele lugar, sozinha de preferência. Dérick, percebendo como meu psicológico estava alterado, não tentou conversar nem nada. Ficamos ali, sem nos falar, esperando Mestre Enzo (que havia saído para acompanhar Victor até a porta e se certificar que ele iria embora dali).
- A sua casa não é um local seguro, pelo menos por hoje! – Mestre Enzo falou chegando por trás de mim. – Há algum outro local que você possa ficar?
- Carlos... meu amigo... posso ficar no apartamento dele! – eu respondi abatida.
- Dérick, você a leva? – Mestre Enzo perguntou.
- Eu prefiro ir de táxi, se for possível! – eu rebati. Percebi inquietação no olhar de Dérick, mas ele não se opôs.

Uma Música Brutal - Terceiro Capítulo (parte 2)

Victor dirigiu por mais uns dez minutos e logo estavam no local desejado. Uma mansão fechada, aparentemente abandonada já que todas as janelas e/ou qualquer brecha que pudesse fazer vista para dentro estava tampada. Havia um porteiro na entrada, Victor falou algo com ele e pegou um cartão de identificação. Depois fez a volta pela parte de trás da mansão, onde havia uma entrada que dava para o subsolo. Entramos em uma garagem subterrânea, localizada mais precisamente no segundo subsolo da mansão. Victor estacionou em uma das pouquíssimas vagas que ainda estavam livres. “Casa cheia” – eu pensei.
- Então é aqui? – eu perguntei imaginando que era para lá que Victor ia quando dizia que estava ocupado em pleno final de semana. E ele costumava mentir quase sempre.
- É sim! Desce! – Victor falou segurando minha mão. Depois fitou-me por alguns segundos e finalizou: - Você está linda! Só está faltando uma coisa! – ele falou caminhando até o porta-malas do carro. De lá Victor retirou a maleta que sempre estava com ele no carro. Abrindo a maleta ele retirou uma coleira de couro com uma corrente na guia. Fiquei surpresa ao ler meu apelido na coleira seguido pela inicial do nome de Victor: {Lê}-V.
- O que é isso? – eu questionei.
- Quero que use isto por esta noite! – ele falou se aproximando e abrindo a coleira levando-a em direção ao meu pescoço. Eu recuei.
- Porque eu usaria isto? Está maluco? – falei empurrando a coleira.
- Vamos, Lê! Não vai querer me envergonhar na frente de meus amigos! – ele falou trazendo novamente a coleira. Eu me afastei impedindo-o de fechar a coleira em meu pescoço.
- Você é quem está querendo me envergonhar! Onde já se viu?! Quem usa coleira é cachorro! Deve estar de brincadeira comigo, só pode!
- Lê, você só vai poder entrar se estiver usando isto!
- Ah é, e você? Vai usar o quê para entrar?
- Você! Vou usar você! – ele falou na maior naturalidade. Eu achei um desaforo, então comecei a questioná-lo ainda mais.

Uma Música Brutal - Terceiro Capítulo (parte 1)

- Letícia! – ele falou segurando minha mão e beijando. Me senti sem chão na mesma hora, sabia que Victor não perdoaria tal ato. Mas, para minha surpresa, Victor não reagiu apesar de ter demonstrado que era o que mais queria fazer naquele momento, ele apenas segurou um suspiro. Dérick se virou para Victor e apertou a mão dele como se já se conhecessem há bastante tempo. – Victor! Ou melhor, “Mestre Victor”! – Dérick falou enquanto apertava a mão de Victor, deixando-o constrangido.
- Vocês já se conhecem? – eu perguntei sem entender.

- Já s... – Dérick ia falar, mas foi interrompido por Victor.
- Devemos ter nos visto alguma vez, mas eu não me lembro de onde nos conhecemos! Vamos Letícia! – ele falou me pegando pelo braço.
- Mas eu tenho que fazer o aquecimento, Victor! – eu falei, mas ele não deu atenção e continuou me puxando. Olhei para o rosto de Dérick envergonhada, mas ele, de uma forma muito estranha, parecia ter entendido aquela situação constrangedora. Pior, parecia até que já esperava por isto.
- Quando este cara entrou no grupo? – Victor perguntou.
- No dia da seleção que fizemos! – eu respondi de forma natural.

- Ele também foi para a tal lanchonete comemorar com vocês? – Victor perguntou, eu senti que não deveria ser verdadeira, não naquele momento. Poderia ter conseqüências. Então, alimentada pelo medo incontrolável que eu ainda sentia dele apenas respondi:

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Uma Música Brutal - Segundo Capítulo (parte 2)

- Um ano... – eu repeti para mim mesma. Um ano de expectativas, um ano de convívio e fazia menos de três meses que eu havia conhecido o verdadeiro Victor. Aquele Victor que sua beleza e sua simpatia do princípio deixaram escondido durante tanto tempo.
- Coloque! – ele mandou. Eu por um momento continuei perdida em meus pensamentos, parecia estar em outro mundo com tantas lembranças boas e mais ainda com lembranças ruins. Ele então pegou a aliança e colocou no meu dedo. – Isto sela nossa união!
- Victor... eu... – eu pensei em falar, em tentar conversar com ele já que o assunto naquele momento era nosso namoro. Mas Victor fez um “shiii”, colocando dedos em minha boca e dizendo:
- Não estraga este momento, querida! Pode ir agora... ou vai se atrasar. – ele falou ligando o carro. Eu desci e o fitei enquanto ele seguia em frente.
- Ele sempre segue em frente! – eu pensei quase em voz alta. Balancei a cabeça em forma de reprovação, depois entrei para a aula lembrando de uma conversa que tive com Carlos, conversa na qual ele repetiu várias vezes uma mesma frase, talvez na intenção de anexá-la em minha cabeça: “Quem bate nunca lembra, mas quem apanha nunca esquece!”. Pensei comigo: talvez fosse por isso que Victor sempre seguia em frente...
Tirei o final de semana para relaxar, uma espécie de férias das chatices do Victor. Coloquei os estudos em dia e aproveitei para sair com algumas amigas. O início da semana foi a mesma tranqüilidade: faculdade, ensaio e casa; sem perturbação alguma - Aliás, uma coisa que já estava começando a me agradar: sossego!
Victor retornou todo carinhoso, parecia outra pessoa. Cheguei a me questionar o que teria acontecido nesta viajem que o fez mudar da água pro vinho sem nenhum motivo aparente. Nos encontramos num restaurante, depois fomos para um hotel diferente, todo temático; ele parecia estar se esforçando muito na tentativa de me agradar e, no fundo, estava funcionando. O fim de noite foi delicioso, ganhei presentes de um sex shop, uma cesta com vários acessórios: joguinhos eróticos com dados e cartas, óleos de massagem, lubrificantes, uma toalha vermelha , lingerie também vermelha, uma meia 7/8, entre outras coisinhas mais. A única coisa que não me agradou dentro da cesta foi uma espécie de chibata com ponta de couro. Victor percebeu meu descontentamento quando vi a chibata dentro da cesta. Ela afastou suavemente os cabelos que cobriam meu rosto, chegou bem pertinho e disse no meu ouvido:

Uma Música Brutal - Segundo Capítulo (parte 1)

Fomos o caminho todo sem trocar uma palavrinha sequer um com o outro. Victor vez ou outra passava a mão no meu rosto fazendo carinho, pegava minha mão e beijava, enfim, tentava ser carinhoso. Parou o carro a poucos metros da entrada da faculdade, pegou minha mão mais uma vez e a beijou. Acariciou meu rosto e depois me puxou para perto dele a fim de me dar um beijo.
- Hoje meu dia vai ser corrido, tenho reunião daqui a pouco e à tarde tenho algumas coisas pra resolver. Nos falamos à noite, tudo bem?! – ele perguntou, fiz que sim com a cabeça, dei tchau e fui pra aula.
Enquanto assistia à aula eu não tirava os olhos do relógio. Minha cabeça doía mais que tudo, eu não conseguia acompanhar nada do que o professor falava. Algumas de minhas amigas vez ou outra me cutucavam fazendo-me despertar de um cochilo. Outras me perguntavam se estava tudo bem comigo, pois minha aparência não estava muito boa naquela manhã. O professor também me chamava à atenção pedindo para que eu prestasse atenção nas explicações, pois eram importantíssimas e continuação para a próxima matéria que ele daria mais tarde. Pressionada pelas lembranças da noite mal dormida, pelas especulações de minhas amigas e pela voz do professor que agora entrava embaçada por meus ouvidos, acabei pedindo licença ao professor dizendo que não estava muito bem e que gostaria de ir pra casa. Ele falou que tudo bem, de qualquer forma não poderia me prender na sala mesmo, mas pediu que eu tentasse recuperar a matéria pegando anotações com alguma amiga. Eu concordei sem nem prestar atenção, queria mesmo era ir embora.
O caminho para casa foi rápido, mas o banho de mais de uma hora que tomei quando cheguei me deu tempo o suficiente para pensar em tudo o que vinha acontecendo no meu relacionamento com Victor. Ao final de tudo o que relevei cheguei à conclusão de que não poderia mais continuar vivendo aquilo. Não podia ficar com uma pessoa que não conseguia controlar seus instintos nem sua personalidade conturbada. Mesmo com todos estes pensamentos me atormentando, eu ainda não estava completamente decidida a dar fim ao meu namoro, meu pensamento era de no máximo tentar conversar novamente com Victor e exigir que ele parasse de me tratar daquele jeito ameaçando-o de deixá-lo caso ele não mudasse. Deitei no sofá, liguei a televisão e, mesmo em meio a tantos pensamentos, acabei pegando em sono profundo.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Uma Música Brutal - Primeiro Capítulo (parte 2)

- Por favor, desata os nós, Victor! Minhas mãos estão ficando dormentes!
- Eu não me preocuparia com isto! – ele falou segurando um cinto, fazendo um movimento que ele sempre repetia quando estava prestes a me agredir. Eu, desesperada, comecei a pedir para ele que não fizesse nada. – Mas o que está pensando que vou fazer, meu bem?! Porque tanto medo?! – ele falava, debochando.
- Eu conheço esse cinto! Você sempre usa ele! Você vai me machucar! – eu falava baixinho.
- Você tem razão, eu vou te machucar! – ele falou se aproximando e fazendo barulho com o cinto. Depois, chegando pertinho me falou ao ouvido: - Eu vou te machucar, mas prometo que não vai doer!

- Vai, vai doer sim... – eu tentei argumentar algo, mas ele tapou minha boca com uma de suas mãos e com a outra, esticou o cinto e me acertou pela primeira vez, arrancando de mim um urgido sufocado. Ele retirou a mão da minha boca, mexeu novamente no cinto, repetindo aquele barulho atormentador por várias vezes. Depois parou na minha frente e colocou o dedo na boca emitindo um “shiiiihh!” ao mesmo tempo em que arremessou com toda a força a ponta do cinto contra minhas costas. A dor foi eminente e eu, instintivamente, soltei um berro que ecoou pela casa inteira. Na mesma hora Victor virou meu rosto, soltou o cinto, e com a outra mão me acertou um forte tapa na boca. Senti meus lábios queimarem de dor, fiquei com tanta raiva na hora que sem pensar duas vezes soltei um cuspe na cara dele, que limpou sorrindo.


sábado, 6 de agosto de 2011

Uma Música Brutal - Primeiro Capítulo (parte 1)

Ele sempre começava dizendo: “Prometo que não vai doer!”, mas no fim era sempre a mesma coisa. O homem carinhoso por quem eu havia me apaixonado a princípio não era mais o mesmo havia muito tempo. Não importava lugar ou horário, ou até mesmo quem estivesse por perto; as humilhações e torturas por algum motivo ou momento raivoso da parte dele já repetia, pelas minhas contas, por mais de quatro vezes. Já havia tentado me libertar antes, mas, não sei se por medo ou por ainda gostar muito dele, eu não conseguia ficar longe por muito tempo. Mas aquela última noite havia sido a gota d’água para mim.
Era um dia como outro qualquer, meio de semana ainda, e ele inventou de ir a uma festa que um amigo em comum nosso havia nos convidado. Ele sabia que eu não gostava de festas no meio da semana: primeiro porque eu tinha um grupo de danças e costumávamos ensaiar ou treinar todas as noites; segundo porque no outro dia tinha que acordar cedo para ir até a faculdade.
Naquele dia pela manhã Victor (meu namorado) me ligou para combinarmos de irmos a tal festa, mas com muito custo consegui convencê-lo de que não seria uma boa ir à festa, pois estaria muito cansada. Falei que alugaria um filme e, depois do meu ensaio com o grupo ele passaria para me buscar e iríamos assistir ao filme juntos na minha casa. Ele aceitou numa boa, para a minha surpresa já que nos últimos meses ele estava se demonstrando um verdadeiro idiota incompreensível.


Como combinado, depois da faculdade passei na locadora e peguei o filme que ele havia escolhido. Organizei tudo em casa, tomei um banho e fui para o treino/ensaio do meu grupo de dança. Neste meu grupo só havia eu e uma amiga minha como presença feminina, o resto era tudo homem (garotões, na verdade), e isto às vezes deixava meu namorado bem incomodado. Naquela noite havia um passo novo a ensaiar e, como havia sido um de nossos amigos quem o havia criado, este ficou incumbido de passar o passo para os outros integrantes do grupo. Ensaiávamos de quatro em quatro para ficar mais fácil a compreensão do passo, já que era um estilo de dança bem difícil. Neste dia ensaiamos eu, minha amiga, mais um amigo e o criador do novo passo. Estávamos bem à vontade e eu mais ainda, um tanto feliz por não ter brigado com Victor naquele dia (o que era raro nos últimos tempos). Com a empolgação não percebi quando Victor chegou. Ele se sentou em um lugar onde eu não pude vê-lo e ficou ali, me observando, até que o treino chegasse ao fim. Quando terminei de me arrumar foi um de meus amigos que me chamou e avisou que Victor esteve por lá me assistindo, mas que havia saído poucos segundos antes do treino acabar. Fiquei confusa, pois o combinado era ele me esperar lá mesmo. Enquanto o pessoal conversava, eu me arrumei e saí do treino tentando ver se achava Victor pelo caminho, mas não precisei andar muito, ele estava me esperando no corredor do salão.

sábado, 23 de abril de 2011

Estranha Sedução (Continuação 22)

- Como quiser! – ela falou ligando o carro. Na volta o mesmo suplício da ida, os dois calados, aquela tensão, até que Arthur falou:
- O que você achou do seu ménage? Como o analisou?
- Meu ménage?
- Isso, sua noite a três!
- Oras, Arthur, eu não analisei nada! Que idéia... não fico analisando essas coisas! – ela respondia prestando atenção no trânsito. Estava calma, parecia ter desistido de ficar falando coisas para se retratar com Arthur. Aceitou sua condição de suposta “traidora”, não quis ficar forçando a barra com ele. Talvez aquilo estivesse deixando Arthur aflito, talvez com medo de perdê-la de vez. Talvez por temer estar certo sobre o que pensava sobre ela. Então ele continuava:
- Porque quis se envolver comigo?
- Porque te achei sexy, a princípio...
- E depois?
- Depois me apaixonei por você! – ela foi direta. Ele sorriu.
- E você sabe o que é se apaixonar? – ele ironizou. Ela sorriu de lado.
- Você por acaso sabe?! – ela respondeu provocando. Ele virou e olhou pela janela.
- Talvez eu saiba... – ele resmungou.
- Aqui estamos! – Letícia falou ao estacionar na frente do pub. Ele saiu do carro, deu a volta até chegar à janela de Letícia. Debruçou, a observou por uns instantes, depois beijou-a no rosto. – Quer que eu desça? – ela perguntou.

Estranha Sedução (Continuação 21)

- Não é da casa da Letícia não? – Iago perguntou estranhando outra pessoa que não fosse ela atender ao celular.
- É sim! Posso saber quem quer falar com ela?
- É o Iago, dono desse celular aí que o senhor atendeu! Deve ser o pai da Letícia, neh?
- Não, eu não sou o pai da Letícia! Mas espere só um momento que vou chamá-la! – Arthur falou achando que deveria primeiro saber de Letícia que história era aquela dela estar com o celular de um cara sobre quem ele nunca havia ouvido falar antes. E foi o que ele fez. Levantou e foi procurar Letícia pelo apartamento. Ela já estava sentada no sofá da sala, ele chegou, sentou-se ao lado dela e entregou o celular na mão dela dizendo: - Acho que o “Iago” está querendo o celular dele de volta! – ele falou sendo irônico. Letícia gelou na mesma hora e, mais que rapidamente, pegou o celular da mão de Arthur levantando logo para falar ao telefone longe dele. Porém Arthur foi mais esperto e, segurando-a pelo braço, mandou que ela atendesse ali mesmo onde estava. Ela, na tentativa de amenizar o peso da situação, falou somente o necessário com Iago.
- Oi Iago, como vai? Olha, vou deixar o seu celular com a minha secretária, se puder me dar seu endereço, assim ela entrega aí na sua casa, ta ok?! - ela falou tentando resumir. Mas Iago queria conversar.
- Calma, gata! Não tenho pressa não! Liguei pra saber se não podemos combinar de sairmos nós dois, assim você mesma me devolve o celular, pessoalmente! – ele falou jogando verde.
- Olha, seria muito legal, mas eu não posso! – ela falava na corda bamba, tentando não dar bola para Iago. – Quer saber, depois eu te ligo, tudo bem? Pode ser nesse número? Agora estou muito ocupada... – ela falou tentando por fim a conversa. Iago logo entendeu que ela não estava podendo falar, então concordou em ligar para ela mais tarde. Quando Letícia desligou o celular, Arthur já fazia cara de quem esperava uma explicação.
- Um novo “amigo”? Andou se divertindo por aí??? – ele quis saber.

Estranha Sedução (Continuação 20)

Em pouco mais de duas semanas Letícia já havia colocado tudo em ordem. Seu projeto estava em andamento novamente, cumprindo a última fase. Leila havia sumido do mapa, e Letícia na verdade não estava muito interessada em receber notícias dela. Estava aprendendo a se virar sozinha e gostava de sentir o gosto da liberdade, mas já sentia saudades de Arthur.
Um dia, saindo do trabalho, Letícia resolveu passar no pub. Antes passou num mercado para comprar um vinho. Quando chegou o pub ainda estava fechado. Ela bateu na porta, ninguém atendeu; depois ela mexeu na maçaneta, estava aberta. Ela entrou chamando por Arthur, ninguém respondia. Letícia colocou o vinho em cima do balcão do bar, sentou-se na cadeira e pegou o celular para ligar para Arthur. Passados alguns segundos Letícia escutou o celular de Arthur tocando, mas ele não atendia. O som vinha do corredor que levava até as salas do pub. Ela se levantou para ir até o corredor, estava com um sorriso aberto. Sorriso esse que se fechou completamente quando viu vindo do corredor Arthur e Ágata. Letícia, obviamente, imaginou mil e uma coisas. Arthur saiu do corredor com um lardo sorriso, expressando extrema felicidade ao ver Letícia, mas ela não foi receptiva.
- Desculpem-me, eu não sabia que estavam ocupados! – ela falou pegando a bolsa. – Trouxe um vinho pra vocês... uma forma de agradecimento! – ela falou tentando obter sentido nas palavras que ainda assim saiam sem nexo.
- Eu vou deixar vocês a sós! – disse Ágata indo em direção à Letícia e abraçando-a. – Seja bem vinda novamente, querida! – ela falou abrindo um sorriso que foi correspondido por um sorriso desconsertado de Letícia.
- Não há necessidade, Ágata! Eu já estou de saída! – ela respondeu. Arthur e Ágata estranharam o jeito de Letícia. Arthur veio intervir:
- Precisamos conversar! – ele falou à Letícia.
- Sim, eu sei que precisamos. Mas não agora... – ela falou sem ser objetiva.
- Bom, mesmo assim eu tenho que sair! Até mais! – Ágata falou percebendo a necessidade de deixá-los a sós o mais rápido possível, antes que Letícia fosse realmente embora dali.
- O que há com você desta vez Letícia? – Arthur quis saber.
- Olha, Arthur, eu sei que isso deve ser um costume entre vocês, mas eu não me sinto à vontade em ter que dividir você com outras pessoas! Entende, essa história de você ser um dominador e ter muitas submissas, enfim...
- Do que você está falando?
- Nada, nada! deixa pra lá!
- Não! Me explica! Quem sabe possamos resolver isso juntos! Explica aonde está querendo chegar! – ele insistia. Mas Letícia já não queria abrir o jogo sobre o que sentia a respeito da intimidade entre ele e Ágata, não queria correr o risco de parecer ciumenta ou coisa parecida.