segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Uma Música Brutal 2 - Dançando com Lobos - parte 4


- Oh, Enzo... – ela sorriu. – Desculpa, é que eu não conhecia seu número... e nem sabia que você possuía o meu... – ela analisou. Só a pronúncia da palavra “possessão” saindo da boca dela fez todos os nervos de Mestre Enzo ferver, como se ele voltasse à vida após muito tempo sem pensar no BDSM. A voz doce de Suzy parecia reacender essa chama e seu jeito meigo não enganava: ela tinha sinais puros de submissão.



- Eu consegui com sua prima, espero que isso não a tenha incomodado!

- Imagina! – realmente, ela jamais se incomodaria em ouvir a voz dele pelo telefone, apesar dela achar melhor ainda pessoalmente. – Mas então, a que devo a honra da ligação? Ou das várias ligações... – ela sorriu debochando. Ela não podia ver, mas o fez corar do outro lado da linha.

- Bem, acho que a segunda coisa vai deixar você um tanto incomodada, mas eu tive que fazer!

- O que você faria que me deixaria incomodada?

- Pesquisei seu histórico!

- O quê? – ela quase gritou. – Isso é como puxar a ficha de um delinquente? O que eu fiz de errado, Sr. Curioso?

- Não fez nada, pelo visto. Mas descobri algo que não posso deixar passar em branco!


- Ah sim, claro! Acho que nada te segura não é mesmo? Acho que, me deixando incomodada ou não, não teria como impedi-lo de me falar! – ela soou furiosa, o que o deixou um tanto excitado. Era bom que estivessem se falando por telefone, caso contrário ela veria a protuberância em suas calças. “Essa garota te faz perder o controle, Enzo!”, ele falou consigo mesmo.

- Receio que esteja certa, mocinha! Eu sei por que sua prima anda tão preocupada com você! E acho que devo salientar que ela está certíssima em sua preocupação! Ontem achamos duas garotas de programa mortas, e isso significa risco! – Enzo soltou. Suzy ficou boquiaberta com a declaração. Então ele sabia que ela era uma garota de programa? Mas como?

- Samantha realmente não sabe manter a boca fechada! – Suzy perdeu a delicadeza quando desabafou.

- Não a culpe, ela é inocente!

- Então como?

- Sou um policial, trabalho com detetives, nada mais natural que eu tenha meus próprios meios!

- Me seguiu! – ela deduziu.

- Talvez!

- Isso é errado! – Suzy bufou.

- Estou te protegendo! Fique satisfeita! Agora tenho que desligar, tenho algumas coisas pra resolver. Espero que tenha cuidado, o perigo está por todos os lados! – Enzo falou mandando um sonoro beijo pelo telefone, depois desligou. Suzy olhou atônita para seu celular.

- Que babaca! – ela bufou. – Como ele pôde? Isso é abuso! Ainda diz que está me protegendo? Blefe!

Suzy rapidamente se arrumou e foi pra casa da ex-sogra. Chegando lá ficou um pouco com seu filho e esperou por Samantha, que chegou cerca de uma hora mais tarde. Quando Samantha chegou Suzy brigou com ela por ela ter dado seu número para Enzo. A princípio Samantha não entendeu, mas quando ela contou que Enzo havia descoberto sobre o trabalho dela Samantha ficou mais tranqüila.

- E você acha bom que ele saiba o que eu faço? – Susy bufou.

- Ele vai te proteger! É um homem bom, você vai ver! Ele só é meio... autoritário... – Samantha caiu na gargalhada.

- Autoritário? Pelo amorrrr, Samantha! Autoritária sou eu, ele mais parece um ditador! Ele que não me ligue outra vez que ele vai ouvir muita coisa! – Suzy parecia bem irritada, mas ela sabia que se derreteria toda quando ouvisse novamente a voz de Enzo. Ele tinha um jeito excitante, sedutor, provocador. Céus, ela acabaria se rendendo novamente!

- Tô saindo com o Pedrinho! Beijo, prima! – Samantha soprou um beijo pra Suzy e logo saiu com Pedrinho. Suzy deu um beijo no filho e se despediu de Samantha. Quando eles se foram ela se encaminhou para a sala, onde D. Maria estava sentada no sofá com seu tricô na mão.

- Vai sair, minha filha? – D. Maria perguntou. A voz cansada da senhora era tão familiar, tão confortante.

- Não mãezinha! Vou ficar aqui com a senhora hoje! – Suzy falou sentando no sofá, ao lado de D. Maria. a senhora olhou para ela e percebeu o ar de preocupação.

- Está tudo bem, Suzy?

- Vai ficar, mãezinha! Vai ficar! – Suzy deitou no colo de D. Maria, enquanto ela afastava seu tricô e fazia cafuné na cabeça de Suzy.

- Você é uma boa garota, Suzy! Tem um coração lindo! Não deveria sofrer tanto! – D. Maria soou angustiada.

- Eu não presto, mãezinha... – Suzy suspirou com tristeza.

- Oh não! Não deixe que ninguém lhe diga isso e nem sequer pense isso de si mesma! Você é uma guerreira, só precisa encontrar seu caminho!

- Teria sido tão mais difícil se a senhora não estivesse por perto... obrigada, mãezinha! Obrigada por estar lá quando eu mais precisei!

- Éramos duas sofrendo pelo mesmo motivo! Você se fez tão presente quanto eu! Ambas temos muito a agradecer uma à outra! E temos nosso bem mais precioso, Pedrinho! Agradeçamos á isso também!

- Está certa, mãezinha... sempre tão certa... – ela falou quase adormecendo quando o celular vibrou. D. Maria olhou por baixo dos óculos, então não se mexeu. Ele vibrou por mais duas vezes e então parou. D. Maria abaixou o volume da televisão e ficou fazendo cafuné em Suzy enquanto ela caía em sono profundo. Enquanto a senhora olhava para a ex-nora ficava lembrando do tempo em que seu filho era vivo e do quanto ele era apaixonado por Suzy. Não era por menos, ela realmente tinha um coração imenso. Era uma moça de bom senso e nem sempre foi como era agora.  Houve uma época em que ela era tão meiga e delicada quanto uma flor. “Mas até as flores têm espinhos”, D. Maria pensou quando lembrou da casca que Suzy foi obrigada a criar para tentar manter seu filho depois que Edu se foi. Um destino tão cruel para elas quanto foi para ele. Ela teve que ver Suzy tão nova correndo atrás de manter as duas, logo depois seu neto que já nasceu sem conhecer o pai. Uma lágrima caiu dos olhos de D. Maria e ela teve que lutar para mandar todos esses sentimentos ruins para debaixo do sofá. Suzy já sofria o suficiente, ela não seria o motivo para mais sofrimentos. De forma alguma!

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Era domingo pela manhã e Suzy estava em seu apartamento. O celular, como sempre, não parava de tocar. Ela pegou para ver quem era e logo atendeu.

- Dr. João?

- Sim, Suzy! Está ocupada agora? – Dr. João falou do outro lado da linha.

- Um pouco, na verdade. Mas podemos conversar!

- Ótimo! Bem, quero saber se tem algum tempo livre pela tarde.

- Hoje?

- Sim, hoje!

- Para o senhor? – ela estranhou, pois ele nunca saía com ela nos fins de semana.

- Sim ou não?

- Bem, acho que podemos nos ver depois das 14 horas?!

- Combinado! – ele falou desligando o telefone. Suzy olhou para o apartamento. Não estava tão desarrumado assim, mas ela teria que dar alguns retoques aqui e ali e logo estaria pronto para receber algum cliente. Normalmente ela não recebia clientes em seu apartamento durante os fins de semana, mas Dr. João era um cliente potencial, não poderia dizer não a ele. Ela então colocou algumas coisas no lugar e depois entrou no banheiro para se arrumar e esperar Dr. João.


Às 14 horas em ponto a campainha do apartamento começou a tocar. Suzy retocou a maquiagem e foi abrir a porta. Como de esperado, era Dr. João.

- Boa tarde, Dr. João! – ela o cumprimentou com três beijinhos e o convidou a entrar.

- Boa tarde, Suzy!

- Senta! – ela apontou o sofá. – Bebe algo?

- Uma água!

- Água? – ela perguntou estranhando. Geralmente ele pedia um vinho ou até mesmo champanhe. Agora parecia tenso. – Você precisa relaxar, não é mesmo? Como foi seu dia?

- Prefiro falar sobre você! – Dr. João forçou um sorriso. – Senta aqui e esquece a água! – ele falou batendo em seu colo.


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