terça-feira, 14 de agosto de 2012

Uma Música Brutal 2 - Dançando com Lobos (parte 8)


- Eu já imaginava! – Jonatas deduziu que a segunda resposta fosse a correta. E realmente ele estava certo. Enzo não gostou nem um pouco de ver tal homem passar tanto tempo no apartamento dela. Ele podia até não aparentar ser suspeito, mas mesmo assim Enzo estaria no encalço dele. – Devo alertá-lo, como seu amigo: não deve esconder seus sentimentos daquela que os fazem renascer! Se sente algo por Suzy, deve contar-lhe! Ninguém é capaz de adivinhar o que não foi dito! – Jonatas falou. Sábias palavras, aliás. Enzo bem sabia que ele estava correto, mas em breve ela saberia...

- Em breve... – ele murmurou enquanto via Suzy aparecer na janela. – Agora apenas faça o que te pedi e não seja um chute no meu saco, Jonatas! – ele rosnou. Jonatas soltou uma sonora gargalhada do outro lado da linha e então desligou o telefone. “Como ela é linda!”, Enzo vislumbrou e se viu perdido em seus pensamentos, mais uma vez. Certamente ela já havia ouvido isso de muitos homens e, se ele apenas dissesse isso para ela, soaria tão clichê como qualquer outro homem. Mas ele não queria ser como um desses clientes a quem ela “parcialmente” se entregava. Ele não era mais um! Além do mais, ele queria muito dela. Algo que ela só poderia dar a ela se o compreendesse bem; e, muito mais, se ela mesma a compreendesse melhor. Se ela soubesse que poderia voltar a sentir algo pelo sexo ela deixaria de pensar nele como um trabalho. Só depois disso ele poderia possuí-la de verdade. Mas para isso, antes ele teria que ser firme e rígido com ela. A questão era: será que ela toleraria isso? Será que ela o aceitaria tão dominante quanto ele era?

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- Trouxe café! – Suzy falou batendo levemente na janela entreaberta do carro. Enzo demorou para olhar Suzy, pois estava distraído com alguns papéis. – É assim que você me vigia? Nem viu quando eu me aproximei...

- Ledo engano! – Enzo baixou o vidro do carro por completo. - Eu vi que era você! Pelo retrovisor! – ele bateu no retrovisor e ela movimentou a cabeça.

- Claro, sempre atento! – ela teve que admitir. – Pegue! – ele pegou a xícara de café. – Bem, eu vim avisá-lo de que não precisará estar me vigiando nas próximas semanas!

- Porque não? – ele tomou um gole do café enquanto esperava a explicação de Suzy.

- Porque estarei viajando com um amigo! – ela soltou e parecia que não ia falar mais sobre isso. Então Enzo forçou respostas.

- Para onde vai e com quem vai? – ele foi firme em sua entonação.

- Desculpa?! – ele falou como se aquilo não fosse da conta dele.

- É o seguinte, Suzy... – ele falou enquanto repousava a xícara sobre um suporte dentro do carro e abria a porta para ficar frente a frente com ela. – Se ainda não percebeu, estamos em uma missão séria e tensa! Você corre perigo porque é uma testemunha em potencial de um assassinato ainda em investigação! Não estou aqui plantado dia e noite na frente de seu apartamento para brincar com você de “testemunha protegida”, isso é coisa séria! – tá certo, ele estava extrapolando um pouco. De fato ela era testemunha de um crime que envolvia o tráfico de mulheres, mas aquele não era o único motivo pelo qual ela estava implantado em sua casa desde o acontecimento. Ele se sentia na obrigação de protegê-la. Mais ainda, ele se sentia no direito de tê-la sempre ao alcance de sua visão. Era como se ele a possuísse mesmo sem terem passado por qualquer conversa. Por instinto, ele a queria e ele a teria.

- É o seguinte, Sr. Mandão, eu não tenho nada a ver com suas investigações! Além do mais eu não fui proibida pela justiça de circular por aí, até onde eu sei! Logo, você não tem o mínimo direito de saber para onde e com quem vou! Sou livre por natureza, acostume-se! – ela o enfrentou. Estava desafiando-o, na verdade. Ela sabia por auto de seus gostos, de sua natureza dominante. Ela imaginou que tirando-o do controle ele viria reivindicá-lo de alguma forma. Talvez tomando-a em seus braços e levando-a para seu apartamento, talvez exercendo o comando sobre ela. Mas... será que era exatamente isso que ela queria? Suzy se questionou enquanto via a mandíbula de Enzo cerrar, assim como seus punhos. Mas ele se manteve no controle de seu corpo e não teve qualquer reação contra ela. Será que ela teria que jogá-lo mais a fundo? – E então, Sr. Dono da Razão? Como vai ser?

- Tudo bem! Está certa de alguma forma! Mas saiba que terá que arcar com as conseqüências! Você se envolveu com gente perigosa. Se fosse eu daria uma atenção pelo menos mínima a esse fato! – ele pareceu calmo, controlado e intensamente ríspido.

- Sei cuidar de mim! – ela entrou no carro e pegou a xícara. Deu uma breve olhada nas papeladas, depois saiu de dentro e encarou Enzo. Ele percebeu que ela estava sendo desaforada de propósito, mas não jogaria aquele jogo com ela. se ele estivesse em algum jogo com Suzy, seria ele quem ditaria as regras. – Só tem uma coisa que eu gostaria de pedir antes de partir...

- Diga!

- Pode colocar alguém para vigiar a casa em que meu filho mora? Aqui está o endereço! – ela falou esticando um papel para Enzo, ele recusou. Ela o observou sem entender.

- Já temos alguém lá! Colocamos assim que soubemos do envolvimento de Dr. João com o tráfico de mulheres. Não podemos arriscar nenhuma vida e isto inclui a de sua ex-sogra e de seu filho!


- Ah sim, você tem minha ficha completa! – ela falou parecendo não estar surpresa de que ele já tivesse descoberto que D. Maria era sua ex-sogra e que seu filho morava com ela naquela casa. Talvez ele soubesse até mais que isso, talvez ele soubesse sobre a morte de Edu. Mas essa era outra história que ela não estava disposta a discutir agora. – Bem, até mais ver!

Quando Suzy partiu Enzo novamente ligou para Jonatas e informou uma mudança de planos. Se ela fosse viajar, ele também viajaria, mesmo que ela não percebesse que ele a estava acompanhado.

·               *  *   *   *   *   *   *   *   *   *   *   *   *   *   *   *   *

Enzo não ficou surpreso ao ver que o “amigo” em questão era Luigi Constantino. O mesmo que a havia visitado há alguns dias atrás. O que Suzy não sabia era que Luigi Constantino também era um dos homens que estavam sendo investigados e que ele talvez fosse o mais ligado e envolvido até o pescoço em toda aquela história de tráfico. Ele seguiu Suzy até Angra dos Reis, onde ela e Luigi seguiram para uma propriedade particular mais destacada das outras. Enzo a deixou por um momento apenas para ver os detalhes de sua instalação em Angra.

Suzy adentrou a casa admirando cada detalhe. Angra era realmente um sonho do início ao fim. Ela facilmente poderia encarar aquela viagem como algumas férias merecidas, se não fosse a presença constante de Luigi a cercando. Os empregados de Luigi trouxeram suas malas para dentro enquanto ele a conduzia para onde seria seu futuro aposento nos próximos dias. Enquanto caminhavam pela mansão ela percebeu algumas portas fechadas e outras pessoas circulando também pela mansão, logo viu que não estavam sozinhos ali.

- São seus familiares? – ela perguntou.

- Oh, sim! Você sabe, família italiana. Grande e unida! – ele disfarçou. Não estava disposto a revelar para ela o que acontecia dentro daquela mansão. – Ficará neste quarto! – ele falou apontando para dentro, para que ela entrasse. – Eu estarei no quarto ao lado do seu. Qualquer coisa é só me chamar. Descanse um pouco, mais tarde teremos uma festa!

- Uma festa?

- Sim. A roupa que deverá usar estará em sua cama. Para isso preciso que mantenha a porta aberta! – ele soou natural, mas ela sorriu ignorando sua altivez.

- Há mais algo que deva acrescentar? – ela o repudiou. Está certo, ela seria seu brinquedo pelos próximos dias, mas isso não significava que não poderia ter vontade própria. Então começaria pelo vestido e, se ela não colocasse limites, logo estaria dizendo o que ela poderia comer ou o que poderia dizer. Definitivamente isto não era com ela. – Desculpe, Sr. Luigi, mas trouxe muitas próprias roupas em minha mala. Tenho certeza de que uma delas me servirá para esta noite! – ela piscou. Ele engoliu seco. Não poderia forçá-la a tanto, não por hora. Mas em breve ela perceberia o que estava acontecendo e passaria a obedecer a seus comandos, disso ele tinha certeza.

- Como queira, Suzy! A festa começará às 21horas, não se atrase, quero te apresentar a algumas pessoas! – ele saiu e ela fechou a porta.

- Céus, pensei que ele não fosse mais embora! – ela sussurrou olhando ao redor. – Bem, ainda são 17 horas, tenho muito tempo até às 21h. Preciso de um banho!

Suzy mergulhou na banheira enquanto sentia as borbulhas massagearem seu corpo. Se ela pudesse escolher, certamente estaria com outra pessoa ali em Angra. E por falar em outra pessoa: onde estaria Enzo agora? Seu corpo estremeceu só com o pensamento. Então ela o imaginou ali, dentro da banheira com ela, e se imaginou deslizando suas mãos pelo corpo forte de Enzo e sua boceta pulsou na mesma hora. O que ela estava pensando, afinal? Enzo não teria feito nada tão diferente do que Luigi fez. “Sr. Mandão” naturalmente teria dito até quantas horas ela poderia passar dentro da banheira, se Letícia estava certa sobre suas preferências de relacionamento. “Ele é um dominador e um dominador gosta de estar sempre no comando”, ela pensou numa reflexão triste.

- E daí? – Suzy sussurrou. – No que você está pensando, garota? – ela considerou. Não era como se ela e Enzo estivessem caminhando para um relacionamento, eles nem sequer conversavam direito. Além do mais, ela mal o encarava sem que uma irritação profunda a possuísse. O estranho era que toda vez que essa irritação vinha, sempre vinha acompanhada de uma sensação diferente, excitante. Talvez ela até gostasse dessa sensação. “Talvez sentir seu toque também fosse bom”, ela respirou enquanto começava a se tocar dentro da banheira. Suas mãos percorreram seus seios e os apertaram. Ela arfou se jogando para trás e então deslizou sua mão pela linha do abdômen até chegar na sua grutinha. Delicadamente ela se tocou e imaginou as mãos de Enzo nela. Suzy gemeu quando enfiou um dedo em sua grutinha, depois outro, depois tirou e colocou delicadamente. Nossa! Pensar em Enzo era definitivamente afrodisíaco para ela. Então ela se tocou com mais sofreguidão, sentindo seus músculos se contraírem em suas investidas. – Oh, Enzo! VOCÊ me deixa louca! – ela sorriu se deliciando enquanto ainda se tocava. Ela, que já ouviu essa frase de tantos homens, nunca esperou usá-la para se referir a algum deles. Mas agora estava ali, completamente rendida em seus pensamentos eróticos sobre Enzo. E prestes a... – Ohhhhhh!!! - ...gozar. – Ahhhhhhh!!! – Suzy gemeu enquanto se libertava das últimas vibrações de sua libertação. – Nada mal, Enzo! Obrigada! – ela sorriu de forma atrevida. Ela se enrolou na toalha e se deitou em sua cama, sem ao menos se secar. Adormeceu.




Um comentário:

  1. Letícia, espero que andes por aqui, afinal esses contos são nada mais nada menos que pedaços de sua vida e que em certa medida transformaram você em que és hoje. Assim, acho que de vez em quando bate uma certa saudade das memórias (reais e fantasiadas) que compartilhastes por aqui. Não faço idéia porque sumiu, mas tenho esperança que primeiro: estejas bem, com tudo que a rodeia. Segundo, que tenha dado um tempo nas interações que cercam sua mente e te afastam das prioridades reais do dia a dia. E terceiro, a esperança, talvez tola e vã, de voltar a te cortejar, e conhecer a dona destas letras derramadas em diversas matizes e contornos, que traduzem as diversas letícias que vivem no seu corpo e na sua alma. Tal como diz o nosso poeta do Absurdo, Edgar Alan Poe, continuarei com meu dizer "Letícia, palavra única e dileta da minha triste boca sais". Não queiramos ouvir o redarguir do corvo, não quero, não quero !

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