Estranha Sedução (Continuação 6)

- O que está fazendo aqui? – ela perguntou arregalando os olhos. Depois percebeu que estava sendo invasiva demais e quis reformular a pergunta. – Você por aqui... estão ocupados?! Fala pra Letícia que eu volto em outra hora! – ela falou tropeçando nas palavras, visivelmente desnorteada por ter encontrado Cauã no apartamento da amiga.

- Não Leila, tudo bem. Pode entrar! Estamos de saída, mas parece que sua amiga ainda vai demorar um pouquinho se arrumando. Ela está no quarto, vou chamá-la! – ele falou fechando a porta por trás de Leila e indo chamar Letícia.

- Já estão nesta intimidade toda?! – Leila pensou vendo Cauã adentrar todos os cômodos do apartamento de Letícia sem a mínima cerimônia. Uma pontinha de inveja bateu nela, pois estava se lembrando que na noite anterior o único assunto dela com Cauã era sobre Letícia. Não por vontade dela, mas porque ele só sabia e só queria falar nisto. Aliás era exatamente sobre isto que ela havia ido conversar com a amiga, porém, quando entrou e percebeu o clima que estava rolando entre eles ali no apartamento, preferiu ficar na dela e inventar outro assunto como motivo para ter ido falar com Letícia.

- Ela falou pra você entrar lá no quarto que ela esta se arrumando!

- Tudo bem! – ela falou adentrando o apartamento e olhando meio de rabo de olho para Cauã.

- Oi amiga!!! – Letícia falou enquanto ainda procurava uma sandália ideal no meio de tantas outras.

- Sabe, olhando tudo espalhado assim, nunca tinha reparado quantas sandálias você tem aqui! – Leila falou sorrindo.

- E no meio de tantas, nenhuma me serve para hoje!

- Mas o que aconteceu que deixou vocês tão empolgados assim pra sair num dia de chuva?!

- Chuva??? Nem percebi que estava chovendo. Aliás, Cauã foi no comércio ainda pouco e não estava nesta chuva toda...

- Acabou de cair. Mas creio que isto não vá impedir vocês na empolgação em que estão!

- Não mesmo! Mas e você, quero saber como foi a sua noite de ontem!!!

- Foi boa! – ela respondeu. – apesar de você ter estragado a melhor parte fazendo com que Cauã fosse atrás de você! – ela pensou, mas achou melhor não falar. – Mas quero saber por que estão neste alvoroço todo?!?

- Amiga... – Letícia se virou pra responder pensando que ainda na noite anterior havia proposto aquele encontro entre a amiga e seu atual namorado. – eu não premeditei nada, nem sabia que aconteceria...

- Fala...

- É que eu e Cauã... nós estamos namorando! – ela falou esperando alguma reação da amiga que nem esboçou nenhuma expressão significativa.

- Oras, que bom!!! – Leila falou mesmo chateada por dentro.

- Espero que não fique chateada comigo porque eu não sabia que isto aconteceria, mas o Cauã falou que você ficou conversando com o amigo dele e que vocês se deram tão bem que eu achei que...

- Calma Letícia!!! Não precisa se preocupar, eu já esperava por isto. E, pra te garantir que não estou chateada, eu e o amigo de Cauã marcamos de nos reencontrarmos em outro momento.

- Sabe, isto aconteceu tão rápido que ainda não me acostumei com a idéia, mas prometi a Cauã que tentarei junto com ele.

- Vocês vão se dar bem, acredite! Bom, querida, vou te deixar à vontade! Em outra hora eu volto pra nós conversarmos sobre a noite que tive com o amigo de Cauã! Se divirta! – Leila falou se despedindo da amiga com um beijo no rosto. E depois se despediu de Cauã com um abraço meio desajeitado. Logo depois Cauã foi ao quarto de Letícia para saber se estava tudo bem.

- Claro, ela entendeu perfeitamente! Meu medo não tinha vazão nenhuma, você estava certo! – ela falou com Cauã sobre Leila ter aceitado tudo numa boa.

- A propósito, você está linda! Vamos?!

- Sim, vamos!

Letícia e Cauã passaram o dia inteiro passeando pelos bairros daquela cidade que agora ganhava um novo olhar, segundo os dois. O passeio estava muito divertido, mas a noite estava chegando e com ela o desejo de estarem juntos novamente. Letícia sugeriu que voltassem para casa, mas Cauã também já havia cuidado deste último assunto.

- Falei que ia te mimar, não falei?! Então! – ele piscou. Após algumas horas dirigindo por aquelas ruas de coqueirais eles enfim chegaram ao destino. Cauã havia feito reservas num resort que ficava a poucos metros da praia. Ali passariam a noite, e que noite! O resort era lindo e a companhia era maravilhosa, Letícia pensava.

Primeiro eles jantaram, para recomporem as energias e depois poderem ficar mais à vontade. Cauã a conduziu até a suíte reservada. Mal abriram a porta e já começaram a se beijar. Cauã foi tirando a roupa de Letícia e beijando-a na nuca chegou até o ouvido dela e sussurrou:

- Quero te comer dentro da banheira num banho de espuma!

Letícia adorou a idéia, mas pensou que haveriam de preparar o espaço antes. Beijou Cauã e saiu em direção ao banheiro, Cauã veio atrás sem que ela percebesse. Encostada na porta do banheiro ela custou a acreditar no que via. O banho já estava preparado e, ao lado da banheira de hidromassagem dupla, numa bancada decorada com pétalas de rosas vermelhas estavam também duas taças e uma garrafa de champanhe italiano. As velas tomavam conta do ambiente e, para deixar o momento mais marcante ainda, um som instrumental de fundo.

- Como você conseguiu organizar tudo isto só com ligações? – Letícia perguntou pasma.

- Eu tenho meus contatos! – ele respondeu sorrindo e se aproximando dela. – Nosso trabalho agora é só aproveitar tudo isto, minha linda! – ele falou beijando-a demoradamente. Sentando Letícia, que já estava sem roupa, na beira da banheira, Cauã começou a percorrer o corpo dela com suas mãos. Cada curva era um aperto que ele dava. Seu desejo estava refletido no seu pau que já estava duríssimo. Ficando de pé na frente de Letícia, ele retirou também sua roupa e se aproximando mais pediu para Letícia:

- Chupa vai!

Ela não demorou a responder colocando aquela boquinha sexy naquele pau quentinho. Chupava deliciosamente cada pedacinho, sugava com todo o desejo, brincava com as bolas de Cauã enquanto atravessava a língua por toda a extensão do membro dele. Cauã estava super excitado com as investidas de Letícia, segurou uma das mãos de Letícia e a conduziu para dentro da banheira. Ele sentou-se primeiro, depois ela veio por cima e foi descendo na direção dele aos poucos. Naquela posição ele logo conseguiu encaixar o pau duro dentro da bucetinha dela que começou a cavalgar nele. A cada estocada o pau dele invadia e preenchia toda a bucetinha de Letícia que estava adorando aquela posição.

- Vira pra lá, vira?! – ele pediu. Letícia atendeu ficando na mesma posição só que de forma invertida de tal maneira que a bundinha dela ficou todinha virada para Cauã. Ele meteu o pau de novo na bucetinha dela e agora ficou brincando com o cuzinho de Letícia. Colocava o dedo na entradinha e tirava, colocava de novo e pressionava. Pegou um óleo de massagem corporal que estava também na bancada da banheira e espalhou pelo cuzinho de Letícia, voltou a brincar com os dedos no cuzinho dela. Letícia estava sentindo um prazer imenso com os dedos de Cauã no seu cuzinho, mas já previa o que ele queria de fato. Apesar de estar gostando, Letícia ainda não se sentia segura pra fazer aquilo então tratou de levar a mão até aonde a de Cauã se encontrava e tentou afastar os dedos de Cauã sussurrando:

- Aí não!

Cauã tirou aquele mastro delicioso da bucetinha de Letícia e tentou investir novamente no cuzinho, só que desta vez usando seu pau. Letícia novamente o afastou, mas ele não desistiu. Ela ainda estava de quatro quando ele veio por cima e a abraçou docemente, acariciando os seios de Letícia ele a deixou bem à vontade, novamente levou o dedo até a entrada do cuzinho de Letícia, acariciou. Ao ouvir Letícia gemendo ele novamente forçou com o pau no cuzinho dela, desta vez entrou um pouco, mas Letícia logo soltou um gritinho e pediu pra ele tirar porque estava doendo. Ele não tentou mais e, como estava ainda cheio de tesão, decidiu não estragar a noite insistindo no que ela não queria. Pediu que ela continuasse lá dentro da banheira, ele se sentou na beirada da banheira de frente com Letícia, segurou o rosto dela e aproximou seu pau perto da boca dela. Letícia entendeu o recado e caiu de boca no pau de Cauã. Chupando-o deliciosamente bem, ela alternava entre o pau e as bolas, sugando cada pedacinho deixando Cauã louco de tesão. Ele levantou e, ainda na frente de Letícia, ele começou a foder com a boquinha dela estocando desenfreadamente.

Letícia quase não conseguia respirar diante de tantas estocadas profundas e seguidas, Cauã se deliciava com o rostinho dela quase implorando que ele gozasse logo, e foi o que ele fez. Quase arrebentando aquela boquinha gostosa, sentindo aquele quentinho delicioso da boca de Letícia, ele urrou gozando dentro dela. Letícia não engoliu, mas disfarçou enquanto jogava toda a porra que estava em sua boca para fora, fez um ar de sexy enquanto deixava que aquele líquido escorresse pelo seu rosto. Cauã flutuava ao ver aquela cena, quis retribuir e, colocando Letícia na beira da banheira, desta vez foi ele quem caiu de boca na bucetinha dela. A xaninha de Letícia já estava encharcadinha, ainda assim Cauã conseguiu a deixar mais molhadinha quando enfiou de uma só vez aquela língua quente e dura dentro da bucetinha dela. Letícia estremeceu todinha, ele metia cada vez mais gostoso e de forma intensa. Alternava entre metidas e sugadas, Letícia gemia gostoso, delirava, rebolava na boca de Cauã. Quando ele percebeu que ela estava perto de gozar subiu a boca até a altura do clitóris de Letícia onde sugou desenfreadamente, aquilo foi o ápice para ela que, gemendo em alto e bom som, gozou na boquinha sexy de Cauã. Desta vez a noite havia apenas começado para os dois. Cauã ainda havia reservado outras surpresas para Letícia, e os dois aproveitaram muito bem cada cantinho daquela suíte.

Já se passava das 4 horas da tarde quando Cauã foi deixar Letícia em casa. Cauã não havia ficado, pois quis deixá-la à vontade depois de dois dias intensos para ambos. O telefone como sempre estava cheio de recados, assim como o celular dela que, talvez pela euforia, ela havia esquecido em casa. Como era um dia de domingo, Letícia preferiu não retornar as ligações, de certo algumas delas poderiam ser referentes a trabalho e era a última coisa com a qual ela gostaria de se preocupar naquele dia. Entrou direto para o banho, o mais demorado da sua vida, por sinal. Quando saiu se jogou direto na cama, estava exausta. Tão exausta que adormeceu ali mesmo, vestindo a pele como roupa.

O telefone tocou umas seis vezes até cair na caixa de mensagens. Letícia estava despertando quando ouviu o bip apitar e em seguida a voz de Leila que não quis adiantar o assunto, apenas pediu que ela retornasse a ligação quando ouvisse o recado. Não parecia ser urgente, de certo algum assunto de rotina envolvendo o projeto delas. Letícia não era de fugir de trabalho, mas o tempo naquele momento parecia conspirar contra ela. Pelos cálculos de Letícia, ela havia dormido mais de 14 horas seguidas, um absurdo para ela que nunca foi de ficar na cama até tarde mesmo tendo ido dormir de madrugada tantas vezes após horas a mais de trabalho. Mesmo com todo este tempo de sono Letícia ainda se sentia pesada, cansada. O mais estranho de tudo é que, mesmo depois daquele dia maravilhoso que passou ao lado de Cauã, ela sentia um vazio profundo no coração. Estava certa de que havia tomado a decisão errada ao aceitar namorar Cauã, e sabia que sentiria os efeitos colaterais desta decisão mais cedo ou mais tarde. Talvez aquilo não pudesse dar certo nunca, e com certeza ambos sairiam machucados daquela história de amor precoce, só que ela não podia imaginar o quanto.

Novamente o telefone da casa de Letícia toca. Ela espera o bip acionar novamente, não estava queria estar ali para ninguém. Pelo menos era o que ela pensava antes de ouvir, após o bip ser acionado, a voz de Arthur ao telefone:

- Me encontre naquele mesmo local aonde nos encontramos pela última vez. Esteja lá às 22:00 horas em ponto. Não se atrase nem um segundo, não costumo tolerar este tipo de falha! – ele falou como se fosse desligar, mas retornou com um último aviso: - Ah sim, claro. Antes que você me ligue perguntando; não, não temos um encontro! Até mais! – dando este último aviso Arthur desligou o telefone.

Letícia ficou atônita ao ouvir tais palavras, principalmente por tais palavras terem vindo da boca de quem ela menos esperava que a ligasse.

Quantos acontecimentos e em tão pouco tempo, a cabeça de Letícia girava, parecia que ia apagar de vez. Depois de algum tempo depois do primeiro choque, Letícia começou a analisar o recado de Arthur.

- Oras, mas quem ele pensa que é?! – ela se perguntava descrente de que aquilo havia acontecido. – Que homem mais ignorante! Como ele pôde? Um grosso, isso sim! Quem ele pensa que eu sou pra me tratar desta forma?! Mas veja só, não tolera atrasos?! Quem não vai tolerar isto sou eu! Ele ta mesmo pensando que eu vou me sujeitar a isto? Ele deve estar maluco! Espera um pouco, Leila estava tentando me ligar, talvez ela saiba de algo. Vou já ligar pra ela!

E Letícia discou para Leila. Quando a amiga atendeu foi logo contando algumas novidades da empresa e falando que precisava de uma assinatura de Letícia para despachar um documento. Letícia não acreditava que, pela proximidade que Leila demonstrava ter com Arthur, a amiga não soubesse de nada. Como Leila não comentou Letícia resolveu ir direto ao assunto.

- Leila, foi por este motivo que você me ligou?!

- Claro que sim, por qual outro motivo seria? – Leila perguntou tentando disfarçar o motivo verdadeiro, que por sinal não tinha nada haver com Arthur. Leila queria na verdade saber dela e de Cauã e o verdadeiro motivo para a preocupação dela com eles dois era o fato de que ela, depois daquela noite que passou na companhia de Cauã, começou a nutrir um desejo anormal por ele. Ficou aliviada quando ouviu a amiga falar de Arthur e perguntar para ela se não estava sabendo de nada. Pelo menos assim não teria que tocar no assunto “a felicidade de Cauã e da amiga” que por um acaso do destino significava também a sua infelicidade. – Amiga, faz um tempo que não converso com Arthur, mas, se ele te ligou, e, se era o que você tanto queria então por qual motivo você vai dispensar este encontro? Se bem te conheço, namorinho nenhum nunca foi de te segurar quando você realmente queria algo! Desistiu de conhecer melhor Arthur? – Leila perguntou já instigando a amiga a aceitar o convite, quem sabe assim a amiga não esqueceria Cauã e deixaria o caminho livre para ela?!

- Amiga, eu não desisti do Arthur, ele desistiu de mim! Pra falar a verdade, acho mesmo que ele nunca se interessou!

- Que isso, Lê! Quem não se interessaria por você?

- O Arthur!

- Ele já falou de você pra mim! – Leila falou mentindo, pois Arthur nunca demonstrou nada pra ela. O que ela queria mesmo era convencer a amiga a ir ao tal encontro com Arthur.

- Leila, me conta uma coisa que eu estou curiosíssima pra saber: como e aonde você conheceu Arthur? Você sabe que eu não faria esta pergunta, mas não posso conter! – Letícia falou explicando a pergunta, porque ela não gostava de se intrometer nos assuntos da amiga, até porque quando Leila queria compartilhar algo com a amiga ela mesma a chamava para conversar e, se ela não havia chamado Letícia para conversar até aquele momento significava que talvez ela não quisesse tocar no assunto. E Letícia continuou: - Digo isto porque ele é um cara de jeitos e gostos estranhos, sabe... aquele dia mesmo que fui tentar encontrar com ele lá no tal pub... você já havia ido lá antes? – ela questionou tentando fazer a amiga falar antes.

- É um assunto delicado, sei que está te causando estranheza, porém a explicação é muito simples! Eu sei que deveria ter conversado sobre isto com você antes de ter deixado você ir atrás de Arthur, mas não sabia como reagiria, então preferi deixar você ver com os próprios olhos. Vai amiga, não é tão apavorante assim, o Arthur tem apenas um estilo de vida diferente da de tantos outros!

- Ah, sem sombra de dúvidas que é diferente! Diferente até demais! Mas o que eu quero saber, principalmente, é como você o conheceu?!

- Calma, estou chegando lá! - Leila explicava delicadamente. – Eu conheci uma pessoa enquanto você esteve viajando, e esta pessoa era do meio BDSM. O mesmo meio ao qual pertence o seu amado, Arthur!

- E o que exatamente significa isto: BDSM?

- BDSM é a sigla que eles usam para se referirem às palavras “Bondage, Dominação, Sadismo e Submissão”. Estas pessoas que praticam o BDSM são conhecidas dependendo da posição a qual se enquadram neste meio, são as chamadas “Dommes/ Dominadoras, submissas e escravas” ou os chamados “Dons/ Dominadores, submissos e escravos”. Tudo no meio é praticado seguindo uma regrinha básica, porém fundamental, conhecida pelo termo: SSC, que significa: “São, Seguro e Consensual”.

- Nossa, quanta coisa!!!

- E eu apenas comecei!!!

- Continua... quero saber mais!!!

- Este último termo traz ao BDSM, que hoje é considerado um estilo de vida e não apenas um fetiche, uma segurança enorme dentro de um relacionamento entre Mestres/ Dominadores e submissas ou escravas. É ele que garante que tudo o que for praticado entre estas pessoas não ultrapasse os limites de cada uma e que, mesmo ultrapassando alguns limites, o desejo de ir além ou não venha diretamente dos praticantes e seja respeitado entre eles. É mais ou menos isto. Dentro do meio você encontra diversas práticas, vários tipos de relacionamentos, tipos diferentes de praticantes, entre outras coisas. Mas isto você só vai descobrir pesquisando ou vivenciando, e pra vivenciar você precisa de alguém que te guie neste meio. Assim foi como descobri o Mestre Arthur!

- Você quis vivenciar?

- Na verdade eu quis aprender pra satisfazer uma pessoa, foi aonde eu errei!

- E por quê?

- Porque entra no meio quem quer, mas só permanece quem se identifica, ou melhor, quem gosta de verdade deste estilo de vida. Eu não era uma destas pessoas, eu entrei por entrar, e, assim como as outras pessoas que caem de pára-quedas neste meio, eu saí por onde entrei. No dia em que você esteve no meu apartamento e viu o Mestre Arthur lá foi porque eu estava aprendendo com ele alguns tipos de amarras. Ele pode não parecer, mas é uma ótima pessoa e se propôs a me auxiliar em todo aprendizado. Não tivemos nenhum envolvimento porque não tínhamos nada a ver um com o outro. Depois da sua proposta para eu participar do nosso projeto eu nunca mais o procurei no clube, acho que porque estávamos ocupadas demais e também não senti falta daquela aprendizagem. Acho que não era pra mim mesmo!

- E o que te faz pensar que isto é pra mim se não foi pra você? – Letícia perguntou meio contrariada.

- Letícia, eu vi os olhares que Arthur lançava pra você durante a festa, também ouvi os comentários saindo da própria boca dele. Se você não muda para o estilo de vida dele, se não for pra você também, conhecendo-a do jeito que a conheço, você com certeza dará um jeitinho para que ele venha para o nosso mundo baunilha; ah sim, baunilha! Outro termo do meio BDSM. Significa que a pessoa não é do meio, ou seja, não envolve no seu relacionamento os elementos que estão contidos num relacionamento bdsm, que são eles: dominação/submissão, sadismo/masoquismo. Enfim, acho que já te expliquei até demais, amiga! O resto só você conhecendo ou pesquisando pra ver!

- Então acha que eu posso mudar a concepção de Arthur?

- Tenho certeza!

- Mas não sem antes experimentar o estilo de vida dele, é isso?

- Exatamente! E então, o que decidiu?

- Você me conhece!

- Você nunca muda! A que horas é mesmo o encontro?

- Ah sim, não é um “encontro” segundo ele! Mas será às 22 horas!

- Típico dele! Faça o seguinte, por aqui está tudo tranqüilo, tire o dia de folga! A assinatura eu pego amanhã, ok! Descanse ate à noite, você teve um dia agitado neste fim de semana! – Leila falou quase perguntando o que ela e Cauã haviam feito no fim de semana que a amiga passou sem atender nenhuma ligação, mas novamente se conteve.

- Leila, querida, eu não vou dispensar a folga não!!! Mas qualquer coisa me liga que estarei por aqui!

- Tudo bem, amiga, não se preocupe! Eu estarei tomando conta de tudo por aqui, fique sossegada! Beijo! – Leila falou desligando o telefone.

Quando desligou o telefone Letícia ainda parou para pensar se deveria ir ou não ao encontro com Arthur. Lembrou-se das palavras da amiga sobre o tal BDSM, resolveu se aprofundar mais no assunto antes de se arriscar neste meio. Encontrou sites, blogs, leu contos, viu fotos, pesquisou por vídeos, tudo de preferência voltado diretamente para este estilo de vida. Tudo o que ela viu foi novo e um tanto estranho para ela, mas nada que a intimidasse. Letícia na verdade até gostava, tudo o que para ela parecia ser um desafio tinha um gostinho de incentivo, apenas uma barreira a ser ultrapassada. Tentou desencanar, afinal o que faria este desafio ser diferente dos outros? Pensou no encontro que teria mais tarde, tinha ainda que escolher uma roupa a caráter, ou deveria ser apenas ela. A última opção foi a que prevaleceu, colocaria um mini vestido que era o que sempre a deixava exuberante e sempre confortável.

Voltou a pensar nas coisas que a amiga contou para ela. Resolveu voltar às pesquisas, já que ainda lhe restava bastante tempo antes do encontro com Arthur. Rondando mais um pouco o submundo tão facilmente acessível através das páginas da internet, Letícia acabou por descobrir salas de bate-papo voltadas para o mundo SM. Escolheu um nick comum, um que não revelasse logo de cara a falta de entendimento dela sobre o assunto. Conversou com alguns Dons, não foi fácil disfarçar a falta de conhecimento, mesmo assim despertou o interesse de um ou outro. Letícia, porém, não se aprofundou muito nas conversas, até porque a maioria das pessoas com quem ela conversava pediam para ela que as adicionassem no MSN, o que ela não podia fazer porque não queria passar o e-mail pessoal. A solução seria criar outro perfil voltado para estas coisas, e isto ela faria mais tarde, pois já estava quase na hora do encontro.

Escolheu um vestidinho preto, colocou uma sandália que era trançada até o tornozelo, corrente no pescoço; se vestiu de acordo com o que observou em alguns filmes e fotos que vira há pouco tempo nos sites e blogs em que visitou. Maquiagem em tons escuros, cabelos jogados, enfim estava pronta. No caminho aquele friozinho na barriga de quem não sabia exatamente o que esperar; depois o conforto daquele pub já conhecido. Olhou para o relógio que já marcava 9 e meia, achou ótimo estar adiantada. Dentro do pub algumas figuras já conhecidas. Letícia seguiu o caminho até o bar, sentou-se em um dos banquinhos, pediu uma bebida: - A mais forte, por favor! – segundo exigências dela. Esperou um pouco, tomou dois goles da bebida, depois tudo de uma vez, pediu outra que também tomou de uma só vez. E assim Letícia fez até ver Arthur aparecer no pub. Ele a avistou no bar e olhou fixamente para ela, depois desviou o olhar que percorreu todo o seu corpo dos pés a cabeça. Ele adentrou o pub sem ao menos falar um “olá” para ela. Letícia estranhou, será que ele fez de propósito? Será que não era mesmo um encontro? Será que ela voltaria sem nem ter conversado com ele? Revoltada com a atitude de Arthur, Letícia pediu mais um dose, dupla desta vez. Enquanto bebia foi surpreendida por uma mulher, a mesma com quem Letícia havia encontrado Arthur da última vez em que esteve no pub. Ela trazia uma mensagem de Arthur:

- O Mestre falou que você está atrasada! Ele mandou que eu a conduzisse até ele! – Ágata falou baixinho no ouvido de Letícia.

- Atrasada? O que ele tem afinal? Eu cheguei meia hora antes do combinado, como ele fala que eu estou atrasada? – Letícia revidou perguntando à Ágata.