sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Estranha Sedução (Continuação 7)


- Desculpe querida, mas eu só estou repassando o recado. Converse com ele, tudo bem? Podemos ir agora? – Ágata perguntou carinhosamente.
- Desculpe-me você, eu que me estressei um pouco com ele, não deveria ter descontado em você! Podemos ir sim.
E elas caminharam até a sala onde estava Arthur. Chegando lá, Ágata se retirou e deixou Letícia a sós com Arthur que estava sentado numa cadeira no cantinho da sala. Como ele permaneceu em silêncio, Letícia resolveu quebrar o gelo:
- Ela é sua companheira? – Arthur permanecia em silêncio. – Assim, eu andei pesquisando a vida de vocês, esta cultura diferente, li um pouco sobre o relacionamento 24/7, é o que você e essa moça vivem? Um 24/7? – ela insistia. Arthur continuava calado. – Vou ficar conversando sozinha? Você ta me ouvindo? Quer mudar de assunto? – ela perguntou. Arthur, porém nada falou. Desta vez levantou-se, a analisou novamente dos pés a cabeça. Aproximou-se dela, chegou bem pertinho, sentiu aquele cheiro doce que vinha dos cabelos de Letícia, gostou. Segurou os cabelos dela levantando-os para cima, aproximou o nariz da nuca dela para sentir melhor aquela fragrância refrescante. Letícia gostava daquele jogo de sentidos, mas queria arrancar alguma palavra da boca de Arthur, então ela falou:
- Eu sabia que tinha chamado a sua atenção! – ela falou, satisfeita. Arthur pareceu não gostar do que ouvira, o semblante dele que antes era de contemplação agora dava lugar a uma expressão de desdém; ele saiu de perto falando:
- você chegou atrasada! Falei que não tolero os atrasos!
- Atrasada? Olha, se você não percebeu, quando você chegou eu já estava por aqui! Há meia hora antes, pra ser mais exata!
- Sim, eu a avistei sentada no banquinho do bar. Mas eu fui claro ao dizer que a esperava no lugar aonde nos vimos pela última vez!
- E eu estava lá!
- Não, você não estava! Estou percebendo que você não vai entender o que estou querendo dizer, então serei mais claro: Nos encontramos pela última vez aqui, dentro desta sala! Você por um acaso estava aqui, exatamente neste local, às 22 horas?
- Oras, não seja tão categórico, Arthur! Eu já estava dentro do pub, como eu poderia imaginar que eu teria que te encontrar aqui na sala?
- Pela lógica, é óbvio! Ou você também não sabe o que é isso?
- Você só pode estar brincando! Não vou ficar aqui ouvindo estas asneiras, seu grosso! – Letícia falou, caminhando para a porta que ainda estava aberta. – Não sei aonde eu estava com a cabeça quando aceitei vir encontrar com você, eu deveria estar louca! – ela falou indo embora.

- Espere! – Arthur a interrompeu. - Você me deseja, não deseja?! – Ele perguntou para Letícia.


- Sim, desejo! – ela respondeu.
- Você me quer, não é?! – ele pergunta.
- Mais que tudo! – ela responde.
- Então implore! – ele disse por fim.
- O quê? – ela perguntou, espantada.
- É isso mesmo que você ouviu, implore! E de joelhos!
- Você ficou louco? – ela perguntou surpreendida com a atitude de Arthur. Nunca havia pensado em fazer algo tão extremo para conseguir a atenção de alguém. Implorar de joelhos? Será que alguém já havia feito isto antes? Ela estava realmente estranhando aquela situação.
- Então devo presumir que seu desejo não é tão grande assim! Sendo assim, não vou perder meu tempo nem o seu! Até mais ver! – ele falou se afastando dela, seguindo o rumo da porta. Letícia, mesmo transtornada com a situação, não queria deixar que ele escapasse novamente. Tentaria segurar aquele homem de qualquer forma, nem que para isto precisasse implorar se este fosse o desejo dele. E foi o que ela fez.
- Espere! – ela gritou, e correndo conseguiu alcançá-lo ainda na porta. Chegando perto de Arthur, Letícia cai ajoelhada no chão e implora para que ele preste mais atenção nela, implora que ele a deseje tanto quanto ela o deseja, diz que fará tudo o que ele deseja e não se recusará a nada; e usa todos os artifícios que consegue tirar da cabeça naquele momento. No fim a reação de Arthur, que realmente a desejava tanto quanto ela o desejava, não poderia ser diferente:
- Você, a partir de hoje, será minha cadelinha. Te colocarei uma coleira a qual não poderá retirar nem para tomar banho. Serás completamente minha, porém não vou te impedir de continuar tendo sua vida pessoal livre de minhas ações. Isto nós resolveremos mais tarde! Já que tudo que vou te mostrar será novo para você, darei o tempo necessário para que você assimile tudo e então resolva o que será melhor para você!
- Mas... Arthur... eu não estou entendo... do que está falando?
- Simples! Você não acabou de dizer que fará de tudo por mim e que não recusará nada?!
- Sim, eu falei!
- Então eu penso que o tudo seja tudo o que eu quiser! Sendo assim, te mostrarei o meu mundo e se você se sentir confortável dentro dele você poderá escolher se permanece ou não! E eu digo confortável, mas na medida do possível porque, meu bem, eu te garanto que você nunca estará completamente confortável! E então, você quer parar por aqui ou vamos prosseguir com isto?
- Não, não quero parar! Vou até o fim!
- Tem certeza?!
- Absoluta! Você é o que mais desejo! Farei sim tudo o que você deseja!
- Comece me chamando de “Senhor”, pois é o que serei para você daqui pra frente! Tudo o que eu perguntar ou ordenar você somente responderá se for permitida, e usará somente “sim Senhor” ou “não Senhor” como resposta! Entendido?!
- Entendi Arthur! Entendi! – ela respondeu, sem saber que a regra já estava valendo naquele momento. Como era de praxe no meio dos praticantes do estilo bdsm, estilo ao qual Letícia estava sendo introduzida por Arthur, qualquer erro desta proporção deveria ser corrigido com um castigo. Arthur não estava disposto a aliviar nada para sua iniciante, pois queria saber qual seria o limite dela, não prosseguiria se percebesse que Letícia não estava realmente disposta a enfrentar os desafios propostos por ele. Com Letícia ainda de joelhos, ele levou uma de suas mãos até a face dela, erguendo-a segurando pelo queixo de Letícia ele, com um sorriso leviano, desatou o tapa mais intenso que Letícia já poderia ter recebido em toda sua vida. O rosto de Letícia rapidamente ganhou duas tonalidades que vieram seguidas uma da outra. A primeira foi o tom rosado que o tapa deixou em uma de suas bochechas; a segunda foi o rubro de raiva que tomou conta de toda a face de Letícia. Como ele ousou fazer isto? Era o que ela se perguntava. Esperou por alguns segundos até que a raiva passasse um pouco. Permaneceu calada, mas seu semblante a denunciava completamente. Ela sabia que fora ela quem deixara isto acontecer, afinal, deu a ele uma permissão para fazer o que ele bem entendesse com ela, mesmo não esperando que ele fizesse o que acabara de fazer. Como ela costumava dizer: entrou na chuva era pra se molhar.
- Este foi um corretivo, eu a avisei para me responder com um “não Senhor” ou um “sim Senhor”. Você já começou desobedecendo as regras!
- Mas você não falou que já estava valendo! – ela respondeu visivelmente irritada. Porém fora surpreendida com outro tapa, desta vez mais forte que o primeiro. Letícia estava começando a perceber que aquilo era um jogo onde o papel dela seria sempre o de coadjuvante, a mercê de todas as vontades e desejos de Arthur, que mais parecia querer ser seu dono. O que ela não sabia era que esta era a primeira regra do jogo “eu mando e você obedece”. Só havia um Mestre, um Dono, um Senhor; e ele se chamava Arthur. Tudo aquilo era realmente muito novo para ela; talvez se fosse outra época, outra pessoa e aquela mesma situação, talvez ela não aceitasse fácil assim. Para ela Arthur tinha desejos estranhíssimos, mas ainda exercia sobre ela uma sedução que nem ela podia explicar e que fazia valer a pena todo o esforço que ela teria que fazer para conquistá-lo. Por fim ela só balançou a cabeça como sinal de entendimento.
- Ótimo, minha cadelinha! Estamos começando a nos entender! – ele dizia enquanto afagava Letícia. – este foi seu primeiro ensinamento dentre os muitos que virão, isto se você se comportar como manda o protocolo! É, temos um protocolo, mas isto você também aprenderá com o tempo! Encerraremos nossa seção por hoje, quando eu decidir sobre nosso próximo encontro eu enviarei uma mensagem que chegará a você da maneira que eu achar melhor. Quero agora que você vá para a sua casa e lá pense em tudo o que vivenciou aqui comigo hoje, depois continue suas pesquisas utilizando a internet como guia. No mais terminamos por hoje! Pode ir agora! – ele falou se virando para o banco em que estava sentado. Letícia ficou parada observando, ela achou que mal haviam começado, não passaram nem uma hora juntos e ele já a estava mandando ir embora; definitivamente ela continuava sem entender as atitudes de Arthur.
- Isso é tudo? Devo ir embora já? – ela perguntou se fazendo de desentendida. Arthur olhou para ela com um sorrisinho sarcástico no canto da boca. Ele sabia com quem estava lidando, sabia muito bem que era do feitio de Letícia desafiar toda e qualquer regra que ele pudesse impor. Letícia era, de longe, uma mulher inocente, e, acima de tudo, ela sabia exatamente como usar toda aquela malícia a seu favor. Arthur se voltou para Letícia, ainda com o sorrisinho de canto, fez menção de falar algo, mas preferiu agir. Vindo em direção a Letícia, Arthur ordenou:




- Ajoelhe-se novamente!
- Começamos novamente? Você vai ter que me dar algum sinal, senão vou sempre estar errando com você! – ela falou de forma irônica. Letícia estava, na verdade, testando Arthur. Ela queria ver até que ponto ela conseguia irritá-lo e até que ponto ele não responderia com atos. Estava curiosa para saber quais seriam as conseqüências e como Arthur aplicaria a ela tais conseqüências. Arthur também previa isto, Letícia, como qualquer iniciante, ficaria ansiosa para saber como funcionariam as coisas, mas ele também sabia que deveria ir devagar com tudo, cauteloso para que as coisas não fugissem do rumo que deveriam seguir. Ele a segurou por um dos braços e falou calmamente:
- Quero alertá-la de que suas chantagens infantis não funcionarão comigo, mocinha! Tudo terá seu momento e sua hora, e quem decidirá sobre estes momentos serei eu; portanto é pura perda de tempo tentar jogar sem obedecer minhas regras! – ele finalizou soltando o braço de Letícia que desta vez não ousou questionar novamente. Quando ela estava saindo foi surpreendida com uma ordem de Arthur:
- Volte!

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