terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Estranha Sedução (Continuação 9)

Nas semanas que se seguiram Letícia e Leila novamente se focaram no projeto para darem início à segunda etapa. Leila até chegou a rondar Letícia sobre o que acontecera naquela noite, mas Letícia se sentia meio incomodada ao tocar no assunto. No fundo ela não acreditava que se submeter a um homem era a melhor maneira de conquistá-lo, por outro lado ela não teria por onde começar se não cedendo às vontades de Arthur como estava fazendo. Arthur respeitou o profissionalismo de Letícia não a interrompendo enquanto cumpria a segunda fase de seus deveres dentro do projeto, mas também não a deixou completamente de lado; sempre que podia ele enviava tarefas, leituras e filmes para que ela estivesse sempre conectada com aquele “outro mundo”, um mundo novo ao qual Letícia não estava muito a fim de adaptar-se. Um dia depois de Letícia ter se encontrado com Arthur, Cauã teve que fazer uma viajem a negócios. Ele não revelou muito sobre a viagem, mas afirmou que logo estaria de volta. Letícia, por sua vez, não quis encher a cabeça de Cauã com mais coisas, pois havia percebido nele uma preocupação descomunal; assim sendo, preferiu não contar naquele momento o que havia rolado entre ela e Arthur.
Em duas semanas Cauã já estava de volta. Ainda parecia tenso, segundo as constatações de Letícia. Ela ainda estava envolvida com o projeto e ainda não havia voltado a se encontrar com Arthur; pelo menos só havia uma confissão a fazer, mas preferiu deixar novamente para outra hora, pois julgou que Cauã não estava em um de seus melhores dias. Adiou a conversa. Leila sempre cutucava, mas Letícia desconversava, jurava que o assunto não era com ela. Quando tinha que fazer plantão para finalizar algum processo do projeto ela sempre falava para a amiga que podia concluir sozinha; fazia isto na verdade para tentar ficar um pouco livre das especulações que a amiga vinha fazendo desde a noite de seu encontro. Os dias foram se passando e ela e Cauã foram criando um vínculo muito forte. Ele sempre tinha alguma surpresa para ela, sempre a tratava carinhosamente, era um verdadeiro gentleman. Como o projeto estava demorando a concluir, Letícia continuava ficando até tarde no escritório. Cauã passava quase toda noite para buscá-la e foi numa dessas noites que Cauã descobriu, por um acaso, que Letícia tinha contato com Arthur.


Letícia sempre deixava o notebook ligado e o msn aberto. Vez ou outra, quando achava um tempinho no meio de tanto serviço, corria até ele para teclar com Arthur. Aconteceu que nesta noite Letícia estava super atarefada, mas não revelou isto a Arthur, pois adorava teclar com ele e não queria que as tarefas fossem empecilho para os dois. Estava teclando com ele quando teve que ir fechar o sistema no computador da empresa. Enquanto fazia isto, Cauã chegou sem avisar. Como os seguranças da noite já o conheciam porque sempre estava ali para buscar Letícia ao final do expediente, eles sempre liberavam a entrada dele sem mesmo comunicar à Letícia. Cauã entrou, viu o notebook aberto na primeira sala onde ficava a mesa, olhando mais ao fundo pôde ver Letícia concentrada no computador da empresa. Estranhou os dois estarem ligados, mas não comentou. Foi direto à sala onde Letícia estava, se aproximou dela, fez uma breve massagem em suas costas, percebeu a tensão. Comentou:
- Trabalho demais também faz mal, querida! – ele fez apontando para os dois computadores ligados. A beijou carinhosamente, depois perguntou: - Podemos ir?
- Só tenho que finalizar algumas coisas aqui no computador e já poderemos ir. – ela falou, respondendo o beijo com um outro beijo em uma das mãos de Cauã que estava sobre seu ombro. Ele então perguntou:
- Posso ir desligando o notebook e arrumando as coisas para adiantar?
- Seria um enorme favor que me faria! – ela respondeu extremamente concentrada no computador. Tão concentrada que nem percebeu o tamanho da besteira que acabara de fazer. Só lembrou-se de que havia deixado a janela do MSN (pela qual trocava confidências com Arthur momentos antes) aberta quando, olhando pela janela de vidro que dava vista para a outra sala, viu Cauã sentar-se na cadeira expressando um ar atônito e começar a ler a janela do msn que ela havia esquecido aberta. - “Sua idiota!” – ela pensou consigo mesma. – “Estraguei tudo!” – ela falou sentindo o chão se abrir embaixo de seus pés. O que faria agora depois de ter deixado as provas daquela traição expostas como um anúncio de T.V.? Como se explicaria para Cauã? Aliás, explicar o quê se tudo estava evidentemente expresso daquela forma?
O espantamento de Cauã era visível. Ele passava a mão na cabeça, lia, relia, voltada com o mouse, grifava as partes que certamente deveriam ser as mais picantes da conversa, balançava a cabeça, desacreditava no que estava diante de seus olhos. Letícia não sabia se esperava sentada para ver o que acontecia ou se levantava e ia até ele tentar explicar o inexplicável. A segunda opção pareceu mais justa na cabeça dela. Quando ela apontou na porta Cauã já estava fechando as janelas e desligando o notebook. Ela ficou parada esperando ele finalizar aquilo para então seguir em frente e tentar conseguir dele o perdão por aquele desvio, apesar de não saber se realmente queria o perdão ou se queria continuar com os encontros com Arthur e deixar que o romance entre ela e Cauã naufragasse de vez. Ela até tentou conversar com ele, mas a última visão que teve de Cauã foi a dele se levantando, levando seus olhos fulminantes em direção a ela, colocando o notebook já desligado em baixo dos braços e dizendo para ela com os lábios cerrados:
- Estou te esperando no carro!
Ela, obviamente, preferiu não estender a conversa afinal estava ainda dentro da empresa e deveria respeitar o ambiente de trabalho. Agilizou o que tinha para fazer, pegou a bolsa e desceu ao encontro de Cauã. O estacionamento frio já vazio e com luzes baixas dava ao clima de tensão um ar mais tenebroso ainda. Cauã a esperava numa vaga a poucos metros do elevador. De fora ela não podia enxergar dentro do carro, pois os vidros do carro de Cauã eram fumês e impossibilitavam qualquer visão que ela poderia ter. Letícia caminhou até o lado do carona, abriu a porta e sentou-se sem olhar para o lado. Ia começar a se explicar quando percebeu que o banco do motorista estava vazio. Onde estaria Cauã neste momento? O ar que estava gélido se tornou mais frio ainda e veio acompanhar o frio que sentia de uma ponta a outra da espinha dorsal. Não que ela tivesse medo de Cauã, nem de suas reações, mas porque se sentia tão culpada que a aflição tomava conta de todo o seu ser.
Ficou meia hora esperando Cauã dentro do carro, chegou a cogitar a possibilidade de que ele tivesse ido embora de táxi e a deixado lá sozinha sem ao menos avisar. Se fosse um castigo, não teria sido um dos piores se comparado ao que ela havia feito com ele, ela refletia. Ela olhou pelo carro, o notebook também não estava por lá. De certo ele teria levado para “fuçar” um pouco mais e tentar descobrir mais coisas. Letícia encostou a cabeça no banco, teve pensamentos estranhos sobre o que aconteceria, talvez o cansaço tivesse deixado a imaginação dela fértil demais. Chegou a cochilar, acordou com a porta ao seu lado se abrindo e Cauã entrando no carro, trazendo com ele o notebook. Tinha um olhar sério, ainda fumegante. Entregou o notebook para ela sem a encará-la. Levou a chave até a ignição, ligou e desligou no mesmo instante. Bateu com punhos cerrados no volante, soltou um sonoro “porra”; Letícia permanecia imóvel dentro do carro. Ele passou a mão no rosto, como quem tentava se acalmar mesmo estando contrariado.
- É isso mesmo que você quer? – ele perguntou. Letícia nada respondeu, apenas abaixou a cabeça e ficou pensativa. Cauã virou pra ela, segurando-a pelo queixo ergueu a cabeça dela fazendo com que ela o encarasse nos olhos. – Você não tem que passar por isto! Você não precisa dele, você tem a mim! – ele falava tentando convencê-la. No fundo ele sabia que isto poderia acontecer um dia, mas não imaginava que fosse tão rápido assim. Esperava que pelo menos desse tempo de fazê-la gostar mais um pouco dele, percebeu que agira errado precipitando aquele namoro. Mesmo assim ele não desistiria dela facilmente, faria diferente agora, se era de pessoas como Arthur que ela gostava, ela teria nele uma pessoa assim. O que ele não sabia era que aquilo funcionava como um jogo e que, como qualquer jogo, também havia regras a se cumprir. Segurando mais forte pelo queixo de Letícia ele começou a interrogá-la: - Quando se encontrou com ele?
- Uma noite antes da sua viagem! – ela respondeu.
- Porque não me contou antes? – ele a soltou.
- Você não parecia estar bem, então não quis incomodá-lo!
- Achou que não faria diferença se eu soubesse mais tarde, foi isso?
- Não é isso, é que você parecia tão aborrecido depois da viagem que eu simplesmente não podia...
- Não podia o quê? Ser sincera e me contar que tinha dado pra outra pessoa enquanto eu ainda estava por aqui? – ele falou aborrecido. Letícia apenas escutava, não tinha como rebater afinal, ele estava certo. Ele novamente bateu com as mãos no volante, levou a chave até a ignição, desta deu partida e saiu. No caminho ele ainda a questionava, Letícia evitava responder, ficava pensativa. Cauã percebeu que corria o risco de perdê-la naquele momento se não tomasse alguma atitude. – Você gostou de estar com ele? – ele perguntou.
- Err... sim, gostei! – ela respondeu sem jeito.
- E comigo, você gosta de estar comigo?
- Na verdade gosto muito! – ela analisou como se refletisse com ela mesma.
- E Arthur, ele sabe que você tem namorado?
- Não contei! – ela falou abaixando a cabeça. Cauã soltou uma gargalhada sarcástica e finalizou:
- Então ele vai conhecer seu namorado!
- O quê? Como assim?
- Vamos ao tal “Pub”, eu e você, juntinhos!
- Não Cauã! Você enlouqueceu? O que pretende fazer agora? – ela falou assutada.
- Calminha aí! Só vou conhecer o tal “Pub”, fica tranqüila que eu não vou fazer nada!
- Eu não vou ao pub, Cauã! Nem estou nem vestida para sair, e no mais estou muito cansada por hoje! Vamos direto pra casa!
- É, realmente, você não está com roupa para sair! Mas isto nós resolveremos em minutos! – ele falou olhando para ela e depois mudando a direção do carro. Estacionou na frente de um sex shop, pediu a Letícia que o acompanhasse.
- O que vamos fazer aí dentro?
- O que se faz dentro de um sex shop, querida? Vamos comprar um lindo corselete pra você! Ficará lindo acompanhado dessa calça jeans que você está vestindo!
- Pronto, enlouqueceu de vez! Acha mesmo que vou usar um corselete para ir ao pub? – ela perguntava indo atrás dele. Cauã não parou para responder, foi logo entrando no sex shop e solicitando a uma das atendentes que estavam presentes que trouxesse para ele o corselete mais lindo que tivesse na loja. A atendente logo trouxe três peças, uma mais linda que a outra. Ele mesmo escolheu e entregou à Letícia para que ela pudesse experimentar. Ela quis recusar, mas diante da expectativa das atendentes que estavam na loja, além, claro, da expectativa de Cauã, ela entrou no provador e em poucos segundos saiu para mostrar como havia ficado. – Linda! – exclamou Cauã batendo palmas levemente. – Vejam se não tenho bom gosto, meninas! – ele falou com as atendentes presentes.



- Oh, sim! – respondeu uma delas.
- É a peça mais linda da loja! – completou a outra.
- Sim, a peça é realmente muito linda! Mas eu estava me referindo à nova dona da peça! – ele sorriu apontando para Letícia. As atendentes também sorriram, concordando. Ele pagou e Letícia já saiu da loja vestida com o corselete. A calça jeans e o salto davam um tom extremamente sexy que misturados à sensualidade do corselete no corpo esbelto de Letícia a deixavam pecaminosamente deliciosa. No carro ele a come com os olhos, a inspecionou de canto a canto. – Agora sim, podemos ir!
- Cauã, eu não vou! Eu não quero e você não pode me obrigar a isto! – ela falou demonstrando inquietação.
- Ah sim, claro! Eu havia me esquecido! O dominador da área é o Arthur, não é mesmo?! – ele falou sinicamente.
- Para com isso, Cauã! Eu sei que agi errado com você, mas vamos parar com isso! Vamos conversar em casa, não há nada o que fazer no pub! Vamos pra casa, por favor! – ela suplicava. Cauã abaixou a cabeça até encostar-se ao volante, pensou por alguns instantes, ligou o carro e seguiu. – Para onde vamos? – Letícia perguntava sem obter resposta alguma. Depois de algum tempo ela pôde perceber que Cauã estava a levando para casa. Antes ele passou num comércio que havia próximo ao condomínio onde Letícia morava. Desceu sem convidá-la para ir junto, comprou algumas coisas que colocou no porta-malas do carro. Seguiu novamente para o condomínio.
- Você gostou do que ele fez com você? – ele perguntou no caminho.
- Como assim?
- Eu li sobre o que vocês estavam conversando; aquela história de cordas, spanking... você gostou?
- Não chegamos a fazer muita coisa, foi uma primeira seção com alguns requintes... e...
- Tudo bem, eu não preciso escutar mais que isto! – ele falou estacionando na garagem do condomínio. Ele desceu primeiro, deu a volta e abriu a porta para que Letícia saísse. Ela saiu rápido, mas Cauã a embarreirou logo na porta. Letícia o encarou estranhando a atitude dele. Ele a beijou depois levou a mão até a nádega de Letícia apertando-a avidamente. Letícia gostou, se retorceu, ele a prensou contra o carro e disse no ouvido dela: - Você gosta, neh! – ela ficou séria, se recompôs, ele a soltou e ela foi pegar as coisas dentro do carro. Cauã ficou esperando, seguiu com ela até o elevador, depois lembrou-se que tinha algumas coisas para pegar dentro do carro também, mandou que ela seguisse sem ele. Letícia entrou aliviada no apartamento, estava exausta e a noite havia sido longa. Foi até a cozinha, tomou água; escutou a porta fechar, foi até a sala, era Cauã chegando com algumas coisas numa sacola. Coisas que ele havia comprado no mercado por onde passaram quando estavam chegando.
- Vou tomar um banho! – ela falou. Cauã balançou a cabeça como sinal de confirmação, sentou-se no sofá e jogou a sacola no outro. Ela não demorou muito no banho, mas foi o suficiente para perceber a movimentação de Cauã dentro do apartamento. Ela imaginou que talvez ele estivesse procurando algum sinal de que Arthur tivesse passado por lá; ficou sossegada, pois sabia que ele não encontraria o que simplesmente não existia. Saiu do banho de lingerie, foi até a sala e sentou-se ao lado de Cauã no sofá. Cauã sem falar nada levantou, pegou a sacola e de lá de dentro retirou algumas cordas de larguras e tamanhos diversos. Letícia olhava sem entender até que ele se aproximou dela com uma das cordas na mão. Ele a beijou e a segurou pelos pulsos levantando as mãos dela pro alto. Subiu no sofá ajoelhando com uma perna de um lado e a outra do outro, por cima de Letícia fazendo com que as pernas dela ficassem imobilizadas com o próprio peso dele. Letícia começava a entender o que ele estava querendo fazer, mas não estava gostando nem um pouco daquela nova atitude de Cauã. Ela o interpelou: - O que está fazendo, Cauã?
- O que você gosta! – ele falou sem se incomodar com o tom áspero da voz de Letícia.
- Não, eu não gosto! – ela falou tentando se soltar das mãos fortes de Cauã.


Continua... ;)

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