sábado, 23 de abril de 2011

Estranha Sedução (Continuação 17)

– Antes de montar o pub eu trabalhava como detetive particular! – Arthur contava. Letícia arregalou os olhos demonstrando espanto. Ele prosseguiu. – É sim, não desacredite! Eu era um dos melhores na minha área, por isso consegui tanto dinheiro assim! Sempre havia alguém interessado em contratar minha eu e minha equipe e, nos últimos meses antes do meu desligamento, eles chegavam a pagar valores absurdos para me terem cuidando da investigação de um caso!
- Intrigante! – Letícia falou ainda esboçando espanto.
- Eu sei! – ele falou olhando para ela. – O fato é que nós precisamos saber o que Cauã anda aprontando por aí! E eu sou a pessoa mais indicada para isto! Vou vigiar todos os passos dele até conseguirmos provas o suficiente para colocá-lo na cadeia! Enquanto isto você vai ficar quietinha aqui!
- O plano parece perfeito! Mas como será na prática? Eu não posso ficar aqui a vida toda, esperando você achar alguma coisa!
- Tolinha! Você prestou atenção no que eu acabei de falar?!
- Claro que prestei!
- Então não há com que se preocupar! Ficará aqui apenas o tempo necessário para que eu resolva tudo! E assunto encerrado! – ele falou a beijando. Letícia se esquivou um pouco, olhou no rosto dele e perguntou séria:
- Se é tão bom assim como diz ser então porque não continuou trabalhando como detetive?
- Eu tive meus motivos! – ele respondeu sério.
- Pode me contar quais motivos?


- Você saberá no momento certo!
Arthur e Letícia passaram dois dias juntos naquele chalé sem saírem para canto algum. Arthur aproveitava cada segundo perto da amada. Letícia, por sua vez, estava mais preocupada com o que estava acontecendo lá fora e também com o que poderia ter acontecido a Leila, já que Cauã havia ameaçado ela. Letícia também se preocupava com sua vida profissional, não podia estar tanto tempo longe da empresa sem saber como estava o projeto, ela sabia que um dia ia ter que voltar e não queria voltar pro nada. No terceiro dia Letícia estava mais inquieta que tudo. Arthur tentou acalmá-la dizendo que tentaria resolver o mais rápido possível, mas ela não se conformava de ter que ficar trancafiada sem ter nem como reagir. Arthur havia saído por alguns minutos quando ela resolveu dar uma volta pelos bosques do hotel fazenda. Nestes três dias ela não havia saído de dentro do chalé em momento algum e, estar lá fora respirando ar puro e fresco, a fez se sentir tão leve, tão bem, que ela acabou perdendo a noção do tempo. Caminhava, parava, observava os pássaros, se sentia livre novamente. Teve vontade de voltar pra casa, pro cantinho dela, mas resistiu. Uma série de coisas se passava pela cabeça dela. Num momento de distração enquanto observava um lago que havia ali perto, Letícia foi abordada por um caseiro que se apresentou de forma muito respeitosa.
- Oi, tudo bem?! – ele falou
- Oi, tudo bem! – ela respondeu.
- A senhorita ta se sentindo bem? Ta com o olhar meio perdido! – ele falou.
- Foi o que pareceu? – ela falou enxugando algumas lágrimas que teimavam em escorrer pelo rosto dela. – Não há nada de errado! Só uma gripezinha chata que resolveu me incomodar agora! – ela sorriu respondendo cordialmente.
- Bom, se a senhorita precisar de alguma coisa, eu trabalho por aqui, não se preocupe não, só chamar! Ta bem?! – o caseiro falou. Letícia fez que sim com a cabeça, preferiu não prolongar a conversa com o tal caseiro que ela nem sequer conhecia e nem sabia o porquê dele a ter abordado. Ele, então, colheu algumas flores que haviam ali perto, entregou a Letícia e depois foi embora.
- Estranho! – ela falou consigo mesma. Abaixou-se novamente e continuou a observar o pequeno lago. Tomou um susto quando Arthur chegou já falando alto com ela:
- Você ficou louca? O que eu falei pra você? O que faz aqui fora? – ele falava praticamente gritando com ela. Letícia se levantou assustada tentando entender qual crime havia cometido para Arthur estar falando daquele jeito com ela.
- Arthur, eu só senti necessidade de tomar um pouco de ar fresco! Não pode me manter trancada dentro daquele chalé! Afinal, o que quer de mim?
- Eu estou tentando ajudar você! Acorda Letícia! Não está vendo que eles podem estar atrás de você! Não deveria ter saído! – ele falou pegando-a pelo braço e levando-a para o chalé. Letícia olhou para os lados para ver se havia alguém olhando, ninguém. Apenas o caseiro que se afastava sem olhar para trás.
- Ajudar como? Agindo como Cauã? Me mantendo presa? – ela falava tentando se soltar das mãos de Arthur.
- Presa? É assim que está se sentindo aqui comigo?
- Como acha que me sinto se, quando você sai, eu não posso nem olhar pela janela? Afinal, isto é ou não uma prisão?
- Acalme-se! Vamos conversar lá dentro! – Arthur falou apontando para o chalé. Letícia concordou, parou de tentar se esquivar e, juntos, entraram no chalé. – Pronto! – ele falou. – Aqui estamos! Agora me fala, o que está te incomodando tanto?
- Eu não vejo você agir, não sei o que está acontecendo lá fora! Tenho meu trabalho, minha vida! Se eu ficar aqui dentro eu perco tudo, aliás, já perdi minha liberdade outra vez! Não posso viver aqui dependendo de você pra tudo!
- Letícia, eu estou resolvendo isto! Tem que se acalmar e confiar em mim agora mais do que nunca!
- Eu confio! Mas não posso ficar aqui, presa!
- Olha Lê... – ele falou passando a mão na cabeça descendo até a nuca num sinal de desconforto. –... eu não queria ter que fazer isto, mas... – Arthur falou caminhando até a porta do chalé e trancando-a. -... vou ter que agir como o Dom que sou, afinal, não quero ver você correr riscos à toa, sendo que posso evitá-los!
- O que pretende Arthur? – ela perguntou já se preocupando.
- A partir de hoje a porta e as janelas ficarão trancadas quando eu sair! – ele falou.
- Não, você não pode! – ela se alterou.
- Posso! Eu sei que posso!
- Não Arthur! Não me faça ficar com raiva de você assim como estou de Cauã! – ela ameaçou. – Não faça isso! Não me tranque aqui!
- Farei! Farei sim! – ele respondeu sem deixar que ela questionasse. – A deixarei trancada aqui para o seu próprio bem! E sei que não ficará com raiva de mim assim como está com raiva de Cauã! – ele falou se aproximando dela. – Aliás, eu tenho certeza disso! – Arthur falou pegando Letícia entre os braços. Segurando a cabeça dela ele a trouxe para bem perto dele de forma que as respirações ofegantes e as palpitações de seus corações se cruzassem.
- Não pode ter tanta certeza assim! – ela sussurrou já sentindo a calcinha molhada pelo tesão que tomou conta daquele momento. - Porque com Arthur era diferente? – ela pensava. – porque toda vez que ele me toca ou fala comigo de um jeito mais bruto eu me sinto extremamente seduzida por ele e com Cauã não acontece a mesma coisa? – ela se perguntava. Por fim ela só conseguiu sussurrar: - Estranho esse poder de sedução que você exerce sobre mim...
Arthur olhou para ela sério, estava pensativo; por um instante teve medo de que tudo aquilo não passasse de desejo ou qualquer coisa parecida. Ele parecia gostar mesmo dela, mas nem sempre era correspondido da forma que desejava ser. Ele pensou mais um pouco, olhou nos olhos dela, resolveu questionar:
- Apenas um poder de sedução?
- Porque apenas?
- Uma atração que só está viva por causa do meu poder de sedução? É isso? – ele quis saber, ainda sério.
- Eu não sei, talvez... – ela respondeu visivelmente confusa. – Nem você deve saber o que é! – ela acusou tentando despistar qualquer controvérsia. Arthur abaixou a cabeça, soltou Letícia por um momento. Virou para o outro lado, continuava pensativo. Não proferiu nenhuma palavra. Letícia se preocupou, sabia que havia falado além da conta; também abaixou a cabeça, afinal, isso era uma parte do que ela pensava sentir por ele: uma atração! Mas o que havia de errado nisso? Sentir-se atraído por uma pessoa também significava gostar desta pessoa... ou será que não?!
Ao se questionar isto, Letícia descobriu o que havia falado de errado. Sim, Arthur queria muito que ela estivesse sentindo algo muito além de uma simples atração por ele. E Letícia queria poder dizer que sim para ele, que estava realmente sentindo algo além desta estranha e deliciosa atração, mas não podia. Não podia porque ela não estava certa do que estava sentindo, e ela não queria se precipitar, não como tantas vezes fez aceitando as propostas absurdas de Cauã e quase se casando com ele. Agora ela estava querendo agir diferente e, mesmo sabendo que gostava de Arthur de alguma forma que ela não podia explicar, não queria cair no erro de dizer o que não sabia se sentia. Ela tentou reverter a situação:
- Desculpa Arthur, mas é que já tomei tantas decisões precipitadas na minha vida... não queria ser assim com você!
- Você não me deve desculpas! – ele falou se virando para ela. – Situação mais comum que esta não poderia existir! O que percebo aqui é uma submissa que tem admiração e desejo pelo seu Mestre! – ele finalizou.
- Não Arthur... eu... – ela tentava contornar. Mas Arthur insistia:
- Não tente buscar justificativas quando não há necessidade! – ele falou colocando o dedo na boca dela fazendo com que ela se calasse. – É completamente compreensível, afinal, quem resistiria ao meu poder de sedução, não é mesmo? – ele falava. Ela balançava a cabeça como um sinal negativo, tentou revidar:
- Será que você vai me deixar falar ou vai continuar me julgando? – ela gritou por fim tirando o dedo dele da boca dela. Arthur deu um tapa no rosto dela e depois falou calmamente, mas em tom autoritário:
- A única pessoa que pode falar alto aqui sou eu, está me ouvindo!
Letícia o observou com olhos vidrados. Pensava consigo mesma, novamente outra imposição de Arthur, outra ordem fria e cruel. Mas o que estava acontecendo com ela? Ela sentiu uma enorme vontade de sair dali, mas suas próprias pernas a traíam, não se mexiam, trêmulas, assim como todo o resto do corpo de Letícia. Ela vacilava com suas próprias intenções. Sentia dois desejos incontroláveis; o primeiro era o desejo que tinha de sair por aquela porta e nunca mais voltar a ver Arthur novamente, o segundo e mais forte desejo era o de se lançar sobre os braços de Arthur e se entregar de corpo e alma, torna-se sua escrava e deixar que ele fizesse o que quisesse com ela. Melhor ou pior que isto, ela desejava se entregar e suplicar para que ele fizesse o que quisesse com ela sem dó nem piedade. Ela precisava daquilo mais do que tudo, desejava sublimemente. Ela podia estar num momento de insensatez, mas não podia se controlar, não queria se controlar, então ela, com os olhos lacrimejando, pediu:
- Bate de novo, vai?!
Arthur olhou sem entender, achava que ela não gostava muito daquilo, então porque estava pedindo para ele?!
- Não banca a esperta, Lê! – ele falou sério.
- Não estou! Bate vai, por favor, como da primeira vez... bate... – ela pedia.
Arthur não respondeu. Ele foi até a mesinha de cabeceira do quarto, pegou um jornal e sentou-se no sofá ao lado da cama para ler. Letícia veio atrás já começando a ficar injuriada com a desfeita de Arthur.
- Não é você que gosta de dar tapas? Porque quando eu te peço você não faz? – ela perguntou arrancando o jornal das mãos de Arthur.
- É simples, Letícia! – ele falou se levantando do sofá. – Eu faço quando EU quero, e não quando você me pede!- Arthur explicou tomando o jornal calmamente das mãos de Letícia. Ela o encarou com indignação. Perguntou:
- E agora, o que você quer?
- Ler! – ele respondeu sem olhar para ela.
- Você às vezes me irrita, sabia!? – ela falou dando um tapa no jornal que Arthur lia. Ele sorriu da inquietação de Letícia, mas continuou no lugar. Ela foi pra sala, sentou-se no sofá e ligou a televisão. Estava irada. A todo o momento ela olhava na direção do quarto, Arthur sentado no sofá lia tão entretido que parecia estar sozinho no chalé. Letícia balançava a perna num sinal visível de raiva. Ele a olhava disfarçadamente, vez ou outra. Sorria. Estava funcionando.
Depois de algum tempo vendo Letícia andar de um lado para o outro, sentar e levantar daquele sofá, Arthur achou que o castigo já havia sido o suficiente. Ele deveria agora fazer Letícia entender qual era a proposta deste castigo um tanto diferente.
Arthur largou o jornal de lado e foi até o carro buscar uma maleta. Letícia só observou, inquieta. Ele colocou a maleta na cama, depois foi até Letícia. Passou a mão no rosto dela, ela empurrou a mão dele. Ele a pegou pelo braço, mas ela balançou até ele soltar. Arthur segurou mais forte, ela tentou se soltar, mas ele conseguiu levantá-la do sofá com um só puxão. Letícia revidava, mas Arthur, com muita persistência, conseguiu conduzi-la até o quarto novamente. Chegando no quarto ele a jogou no chão. Letícia se ajeitou, retirou os cabelos que caíam sobre seu rosto, viu a maleta em cima da cama, mas não perguntou o que era. Esperou. Arthur foi até o armário, pegou uma sacola e uma caixa e jogou em cima da cama.
- Quero que vista o que há dentro desta sacola, e calce a sandália que está dentro desta caixa! Tem 10 minutos para se arrumar e sair daqui de dentro maquiada! – ele falou saindo do quarto. Letícia, mesmo com raiva, não deixou de cumprir as ordens de Arthur e em menos de 10 minutos estava pronta. A roupa consistia em uma mini-saia e um top também minúsculo. A sandália tinha um salto que deveria medir mais ou menos uns 15 centímetros e era estilo gladiadora. Por fim Letícia passou uma maquiagem não muito pesada, contrastando com a roupa super extravagante e vulgar. Quando ela se olhou no espelho nem se reconheceu. Outra coisa que ela não reconhecia nela era o extremo desejo de obedecer a todas as ordens de Arthur. Ele acabara de ser estupidamente grosso com ela e olha aonde ela estava: ali, esperando por ele, vestida como ele queria.
Arthur entrou no quarto já apontando para o relógio:
- Seu tempo acabou!
- Estou pronta! – ela respondeu com desdém.
- Estou vendo! – ele rebateu. Chegando mais perto ele pôde analisar Letícia de cima a baixo. Deu um sorrisinho sacana meio de lado e falou: - Você está parecedo...
- Cuidado com o que vai dizer! – ela interrompeu. Ele não ligou. Veio por trás de Letícia, passou um braço em volta dela e segurou os cabelos dela com a mão que estava solta.
- Não só vou dizer como vou te mostrar também! – ele sussurrou no ouvido dela enquanto a conduzia para mais perto do espelho. – Você vê isto?! – ele perguntou. Letícia virou o rosto como quem não queria olhar. Ele voltou com o rosto dela para o espelho. Perguntou mais uma vez: - Você vê isto?!
- Claro que vejo!
- Ótimo! Eu ia dizer que você está linda! – ele falou. Ela se derreteu aliviada. Mas logo depois ele concluiu: - Linda como uma puta de esquina esperando pelo próximo cliente!
- Seu... seu... – Letícia foi falando irada. Mas Arthur não a deixou concluir o pensamento. Colocou a mão na boca dela e começou a falar:
- Não entendo porque a indignação, afinal, é exatamente isto que você é: uma puta! Caso contrário teria se recusado a vestir esta roupa. Agora vamos trazer isto para a realidade! – ele falou colocando a mão no bolso do sobretudo que vestia. Pegou sua carteira e de lá retirou cerca de 200 reais. Enfiou na mini-saia de Letícia, perto da púbis. – Hoje você vai ser minha putinha! Quero que faça o que eu mandar, estou pagando para isto! Agora vai, pega o dinheiro e guarda. Estou esperando!
Letícia, timidamente, retirou o dinheiro da mini-saia e colocou em cima da cômoda. Arthur fez um sinal, estava colocando no lugar errado. Ela disse:
- Não vou guardar seu dinheiro na minha bolsa!
- Vai sim! Vai porque este dinheiro não é mais meu, é seu! E não se preocupe porque você vai fazer por merecer cada centavo dele! Ah se vai!!!
Letícia pegou o dinheiro, colocou na bolsa e voltou para perto de Arthur. Ele fez outro sinal, desta vez era para ela se afastar dele, depois disto pegou o controle e ligou o som que começou a tocar baixinho. Arthur foi aumentando o volume gradativamente. Estava tocando um tango. Santa Maria de Gotan Project.
- Dance para mim! – ele ordenou.
- Eu não sei dançar tango! – ela respondeu.
- Eu não esperava que soubesse! Improvisa! Rebole! Esqueça que sou seu Mestre, a partir de agora sou seu cliente! Tente me agradar!
Letícia, ainda muito tímida, começou a mexer a cintura. Já havia feito aula de dança do ventre, mas fazia algum tempo e ela nunca tinha dançado pra ninguém antes. Arthur observava aquela dança tímida, aquela mistura de ritmos, Letícia rebolando totalmente sem jeito. Ele pausou o CD que tocava e ordenou:
- Pare!
Letícia tomou um susto e parou na mesma hora. Ficou olhando para Arthur sem entender. Ele não havia falado para ela rebolar?! Então, era o que ela estava fazendo. Mas porque ele havia a mandado parar???
- Está péssimo! Tudo errado! Está parecendo um robô! – ele gritou




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