sábado, 23 de abril de 2011

Estranha Sedução (Continuação 19)

- Não saia daí! – ele ordenou. Letícia sorriu com ironia.
- E tem como? – ela falou mostrando os pés que ainda estavam acorrentados presos pelas algemas. Arthur foi até a maleta, pegou outra corda e com ela começou a fazer um chicote. Letícia observava curiosa, tudo aquilo era novo para ela. Ela queria saber o que iria acontecer depois daquele ritual. Arthur, claro, sempre com aquele ar sexy e misterioso, a incitava a ter desejos e pensamentos inebriantes. Depois de moldar o chicote usando cordas de algodão, Arthur veio por trás de Letícia, passou os braços por ela e mostrou o chicote a ela.
- Isso aqui deixou de ser um castigo pra você, meu anjo! – ele falou trazendo o chicote para trás novamente. – Mas ainda assim é um deleite para mim! – ele falou dando uma chibatada bem forte em Letícia. Ela gritou, levou um susto, mas gostou da surpresa.
- Bate mais! – ela falou. Arthur não queria ouvir aquilo novamente. Ele sabia que podia estar perdendo ela, sabia que se aquele desejo fosse uma simples atração, ela estaria bem com qualquer um que fizesse aquilo com ela. Isso o matava por dentro. Ainda mais por sentir que talvez não pudesse fazer nada quanto a isso. Chateado, ele deu outra chibatada em Letícia, que se contorceu. Gritou pedindo por mais, Arthur cedeu, bateu mais uma vez. Viu que Letícia estava sem limites naquele momento. Seria a hora perfeita para mais um avanço. Ele a pegou pelos cabelos, a jogou na cama fazendo-a ficar de bruços. Soltou mais uma chicotada, desta vez pegou nas costas de Letícia, ela gemeu alto. Arthur voltou à maleta, pegou algumas coisas, depois se sentou ao lado de Letícia.


- É isso que você quer de mim? – ele falou chegando bem pertinho do ouvido dela. – É só isso? – ele perguntou novamente. Letícia não respondeu, não sabia o que dizer. Na verdade não entendeu o motivo da pergunta por que para ela estava tudo bem. Ela não imaginava como o coração de Arthur estava arrasado com a possibilidade de aquilo tudo acabar. Ele alisou as costas de Letícia, depois acendeu uma vela.
- O que vai fazer? – Letícia perguntou na mesma hora. Arthur colocou novamente a venda nos olhos dela. Levantou-se. Caminhou em volta da cama enquanto perguntava:
- Está com medo, minha querida?
- Não tenho medo quando estou com você!
- De nada?
- Talvez do que você possa fazer... mesmo assim... me sinto protegida... não sei explicar!

- Isto aqui é um toque de proteção? – ele perguntou ao puxar e levantar a cabeça dela apenas segurando seus cabelos. Ela soltou um gritinho fino. Não respondeu. - Isto por acaso tem cheiro de proteção? – ele falou aproximando a vela do rosto de Letícia.
- Não... não sei... – ela falou sem saber realmente.
- Isso, minha querida, tem calor de proteção? – ele falou no exato momento em que deixou algumas gotas da cera quente cair sobre as costas de Letícia.
- Aiiiii... não, não tem!!! O que é isso???? – ela começou a gritar. Ele sorriu satisfeito.
- O que isso parece ser? – ele ironizou.
- Velas! Cera! Eu sei o que é isso! Quero saber “porque” isso?!
- Porque você está merecendo, meu anjo! Eu juro que não faria se não fosse necessário! – ele completou quando jogou mais um pouco da cera quente sobre Letícia. Desta vez ela gemeu, estava começando a gostar também. Ele foi até o cuzinho dela, molhou o dedo na boca e enfiou devagarzinho lá dentro. Depois subiu na cama e se encaixou entre as pernas de Letícia. Enfiou o pau na bucetinha molhadinha dela. Desceu até o rosto dela e falou baixinho no ouvido de Letícia: - E das velas... você também gosta? – ele perguntou se levantando e jogando mais algumas gotas fartas da cera sobre ela. Letícia gritou então ele começou a bombear na bucetinha dela. – Para de medir forças comigo, Lê! Não testa sua resistência não! – ele falava, quase pedindo. Se ela pedisse ele podia parar; ele queria parar, mas não podia fazer isto por conta própria, seria um sinal de fraqueza da parte dele. Então ele continuava pedindo para Letícia não tentar medir forças com ele. Ela não questionava, não pedia para ele parar.
Queria ver até aonde ele iria novamente. – Não seja teimosa! – ele falava entre estocadas. Ela não ligava, queria sentir mais e mais. Estava gostoso, ela não queria que ele parasse. Mas tudo tem limites, e só ele sabia disso. Arthur bombeava cada vez mais forte. Segurando-a pelo cabelo, ele a inclinou de forma que seu rosto descolasse totalmente da cama. Mais uma vez jogou a cera quente sobre Letícia, mas desta vez em quantidade maior. Letícia gritou, acabou chorando. Ele parou na mesma hora, sabia que não a havia ferido, mas não queria machucá-la nem um pouco mais. Apagou a vela, jogou no sofá e, ainda em cima de Letícia, começou a fazer carinho nas costas dela retirando toda a cera que estava grudada nela.
- Não estava doendo... por isso não pedi pra parar... – ela falou quase desmaiada ainda chorando.
- Tudo tem limites, meu anjo! Tudo tem limites! – ele falava acariciando ela. – Ainda assim eu fui cauteloso! – ele falou beijando as costas de Letícia e alisando as partes avermelhadas. Arthur retirou as algemas dos braços dela.
- Não estava doendo! – ela repetiu, querendo ser forte.
- Estava, meu anjo! Eu sei que estava! – Arthur conclui também machucado por dentro. Ele a abraçou. Falou no ouvido dela: - Mas não posso ser bonzinho com você toda vez que você mesma tenta extrapolar seus limites! – ele conclui refletindo consigo mesmo. – Se eu virar seu carrasco encantado... posso perdê-la... – ele pensou calado, triste. Depois com voz firme falou para Letícia: - Se quer continuar minha sub, tem que aprender a aceitar os desafios e, principalmente, suas limitações!
- Eu tenho noção disso, Arthur! – ela falou. Arthur, categoricamente, desferiu-lhe um tapa no rosto.
- Limitações têm haver com obediência! Aprenda! Aceite! Você é fraca, EU sou forte! Você obedece, EU comando! Sua missão é fazer o que eu ordenar e não tentar ultrapassar limites tentando demonstrar ser mais forte que eu! Me entende, agora?
- Entendi Arthur! – ela falou abaixando a cabeça. Arthur segurou-a pelo queixo e levantou a cabeça dela.
- “Sim Senhor”, Letícia! Respeite também a nossa hierarquia! – ele completou soltando o rosto dela. – E agora, me entende?
- Sim! – ela falou sem jeito.
- Sim?! – ele questionou a frase incompleta.
- Sim Senhor! – ela respondeu por fim. Ele sorriu.
- Assim que se fala, minha putinha! – ele falou caminhando até a maleta e pegando a coleira que trazia o nome de Letícia. Ele se sentou no sofá e a chamou, ela vinha andando, mas ele a mandou parar. – Quero que venha de quatro, como uma cadelinha! – ele ordenou. Letícia olhou para o chão, olhou para os joelhos dela, pensou que poderia machucá-los, hesitou por um momento, mas acabou cedendo. Quando chegou perto de Arthur ele colocou nela a coleira, depois a ligou por uma corrente. – Sabe do que me deu vontade? De passear lá fora! Você quer passear, cadelinha? – ele perguntou. Letícia apenas balançou a cabeça que sim. Ele revidou: - Responda!
- Sim, sim Senhor!
- Vamos! Vou levá-la para passear! – ele falou levantando e puxando a coleira. Letícia permaneceu onde estava, ela o observou como quem dizia: “Não podemos ir assim... olha como estou...”. Arthur percebeu a preocupação dela, de certo estava com medo de ir lá fora sendo puxada por uma coleira e engatinhando como uma cachorrinha. O que as pessoas diriam? – ela pensava. Arthur não demonstrava a mesma preocupação. Pelo contrário, parecia que ia fazer a coisa mais natural do mundo: levar sua cachorrinha para passear. Ele continuou conduzindo-a. Letícia hesitava cada vez mais. Ela ousou perguntar:
- Tem certeza disso? As pessoas vão ficar olhando, vão querer saber... e...
- Está querendo me dizer o que fazer? – ele perguntou só virando um pouco a cabeça, sem nem olhar para Letícia.
- Não, não é isso... é que...
- Eu te perguntei o que fazer?
- Eu sei que não, mas...
- Então não dê palpites! Ponha-se no seu lugar! Cale-se e continue me acompanhando! – ele falou puxando-a levemente para que ela começasse a engatinhar. Letícia obedeceu. Eles chegaram até a porta, Arthur chegou a abri-la, mas parou aonde estavam e virando-se para Letícia falou:
- Mudei de idéia! Sabe o que quero fazer agora, neste exato momento? – ele perguntou. Letícia balançou a cabeça fazendo que não. Ele a puxou pelo coleira até que ela se levantasse e ficasse frente a frente com ele. Puxando mais para pertinho ele falou no ouvido dela: - Aquela mesa de mármore é bem convidativa, não acha? – Letícia fez que sim com a cabeça, mas nem havia conseguido olhar para a mesa direito. - É isso que eu quero! Vou te comer em cima daquela mesa! – ele falou puxando-a pela coleira até chegar na mesa. Letícia vinha quase caindo tentando se segurar pela brecha da coleira. Arthur foi para um lado da mesa e a colocou do outro lado.
A mesa tinha formato retangular, então a distância entre as duas pontas era de mais ou menos dois metros; isso fazia com que a coleira de Letícia (que estava do lado oposto de Arthur) ficasse bem esticada até chegar às mãos dele. Ele foi puxando delicadamente. Letícia ficava segurando a coleira, pois, cada vez que ele puxava um pouquinho o corpo dela tinha que ir se inclinando sobre a mesa. Arthur percebia, gostava do que via e também ela não reclamava. Ele puxou a coleira até que ela ficasse praticamente encostada na mesa; ela segurava a ponta da coleira para não puxar demais no pescoço dela, mas Arthur mandou que ela soltasse. Ela, mesmo com a coleira machucando seu pescoço, obedeceu. Arthur apreciava a cena, depois de analisar um pouco resolveu: - Quero que suba na mesa! – ele ordenou. Ela olhou cabisbaixa para ele, sabia que era impossível, mas não queria contrariá-lo. Arthur adorava aquilo. Ele sabia que havia passado uma missão impossível se avaliando a posição em que Letícia se encontrava. Ela, depois de tentar a todo custo, falou:
- Art... Senhor, não tem como subir aqui...
-
Eu já sabia disso! – ele falou entre gargalhadas. Ela abaixou a cabeça de tão sem graça que estava. – Queria ver se tentaria! Parabéns pelo esforço, merece até um presente! – ele falou. Ela sorriu. – Continue nesta posição! – ele falou soltando a coleira. Depois pegou o chicote de algodão, passou na frente do rosto dela, depois foi até a ponta que ela estava. Arthur alisou a bundinha de Letícia e logo em seguida acertou-lhe um golpe com o chicote. – Isso te excita?!
- Sim Senhor! – ela respondeu.
- Está aprendendo! – ele falou soltando o chicote e desferindo agora tapas na bundinha dela. Letícia gemia de tesão. Tinha um prazer imenso ao sentir a mão pesada de Arthur aterrissar fortemente em sua bundinha. Arthur chegou mais perto, por trás dela, tirou o pau pra fora e começou a roçar nela. Ela respondia rebolando. Ele molhou o dedo e desceu até a xaninha de Letícia, ela se contorcia enquanto ele enfiava o dedo dentro dela. Depois mandou que ela abrisse mais um pouco a bucetinha, e ele, segurando o pau, o enfiou todinho em Letícia. Ela amoleceu deixando o corpo cair na mesa. Ele a segurou pelos cabelos e começou a bombar. – Era isso que você queria, sua puta?! – ele falou deitando sobre ela e mexendo o pau na bucetinha de Letícia. Letícia também se deliciava.
Estava adorando os puxões de cabelo, o tom sério da voz toda vez que ele falava com ela, as mãos pesadas de Arthur, hora segurando-a, hora apertando-a, puxando-a contra seu corpo. Ele intensificou a velocidade das estocadas, sentia o pau deslizar para dentro de Letícia, sentia um tesão absurdo. Segurou-a mais forte e bombeou rapidamente. Ambos sentiram as temperaturas de seus sexos se elevarem de tal forma que eles não conseguiram mais segurar o tesão. Gozaram... deliciosamente. Arthur levantou. Letícia foi levantar também, mas Arthur a interrompeu:
- Fique assim!
- Mas Arthur... – Ela pensou em questionar, mas calou-se no mesmo momento em que Arthur a encarou. Ele foi até o quarto e voltou de lá com uma câmera. Reposicionou Letícia e, focando, tirou umas três fotos. Depois falou no ouvido dela, ainda com a câmera na mão: - Agora você pode relaxar, minha querida! Está liberada! – Letícia se levantou. Pediu para ver as fotos, mas Arthur não mostrou. – Vou preparar um acervo, quando estiver pronto eu te mostro! – ela concordou em ver depois. Nem questionou, mas ficou numa vontade enorme de reclamar que ele não havia pedido permissão para tirar uma foto como aquela dela. Resolveu deixar pra lá, afinal, ele sempre sabia o que estava fazendo. Agora o desejo de Letícia era saber quando poderia voltar a sua vida normal. Não que ela quisesse ficar longe de Arthur, mas agora estava se sentindo uma sombra vivendo só dele. Era ótimo, mas não era tudo... e Arthur percebia isso.
Letícia acordou com o sol no rosto. Ela levantou estranhando, pois Arthur nunca deixava a janela aberta. Olhou a sua volta, não o viu no quarto. Foi até o banheiro, ele também não estava lá. Sentiu um cheiro vindo da cozinha, pensou que seria Arthur preparando algo para o café da manhã. Vestiu a camisola e abriu a porta do quarto. levou um susto quando avistou Arthur, sentado numa cadeira colocada ao lado do sofá, todo amarrado e amordaçado. Rapidamente olhou para cozinha e lá estava Cauã, fritando algumas panquecas. Letícia ficou pálida, totalmente sem reação. Acreditava estar segura ali com Arthur, mas percebeu que estava errada. Deveria ter denunciado Cauã, deveria ter saído dali e ter corrido atrás de fazer justiça contra ele. Mas agora ela e Arthur estavam ali, presos, nas mãos de Cauã.
- Você não demorava assim para acordar quando estávamos juntos! – Cauã ironizou. – Ele anda te dopando? – ele falou brincando com ironia.
- Cauã, quero que saia daqui agora! – ela falou correndo na direção de Arthur e tirando a mordaça da boca dele.
- Que recepção! Está tão feliz assim em me ver, meu amor?! – Cauã falou.
- Letícia, por favor, faça o que ele mandar! – Arthur pediu falando baixinho com Letícia. – Ele não está falando nem fazendo coisa com coisa, é melhor não se arriscar!
- Arthur, eu não vou cooperar com as loucuras dele! E o que ele pode fazer? Vou te soltar! – ela falou baixinho também.
- Acho que não vai ser uma boa idéia! – Cauã falou chegando por trás de Letícia e a segurando pelos braços. Ela tentou se soltar, mas não foi possível. – Senta aí! – Cauã falou jogando-a no sofá. – Nem tenta levantar! Vou terminar nosso café da manhã! Sem gracinhas, garota! – ele falou apontando o dedo no rosto de Letícia. Ela olhou para Arthur que fazia sinal com os olhos para que ela permanecesse aonde estava.
- Por quê? – ela perguntou baixinho.
- Tem homens dele lá fora! – Arthur respondeu na mesma altura de voz. – Não se preocupe, eu tenho tudo sob controle! – ele falou por fim. Letícia, obviamente, não compreendeu. Como ele tinha tudo sob controle se estava naquele exato momento completamente amarrado preso a uma cadeira? Ela não entendia o que Arthur pretendia, mas sabia que podia esperar tudo dele, pois ele sempre fora imprevisível. E era exatamente isso que ela gostava nele.
- Panquecas? – Cauã falou pondo a mesa. – Vem Letícia! Me acompanha! Não quero comer sozinho!
- Eu prefiro ficar aonde estou!
- Você quem sabe! – ele falou sentando-se e comendo. Letícia, discretamente, levantou-se e sentou-se ao lado de Arthur. Mas Cauã estava de olho e logo parou de comer. Levantou-se e, muito sério, chegou perto de Letícia. – Por que você insiste, meu amor? – ele perguntou a ela, Letícia apenas abaixou a cabeça e segurou na mão de Arthur. Cauã viu a cena, não gostou nem um pouco. Ele segurou Letícia pelo braço e a levantou, ainda assim ela não soltou da mão de Arthur. Cauã bruscamente arrancou a mão de Letícia da de Arthur, depois foi puxando ela até o outro sofá. Arthur assistia a tudo sem demonstrar nem um pingo de desespero, bem diferente de Letícia que já começava a chorar e ficar trêmula.

- O que você quer, Cauã? – ela perguntou.
- Só quero que fique longe dele! Senta aí! – ele falou jogando Letícia no outro sofá. Depois virou-se para Arthur e disse: - O que você fez pra ela grudar em você desse jeito?
- Ela não grudou em mim, ela apenas se afastou de você! E sabe porque?! Porque eu a trato como ela merece, você não! – Arthur respondeu calmamente.
- Você a trata como ela merece??? – ele sorriu sarcasticamente. – E eu não faço isso, de certo! Eu mando flores, a peço em casamento, e você, um sádico, vem querer me dizer como devo tratá-la?! Deixa eu ver se eu sei como é... – Cauã falou vindo em direção a Letícia. – Primeiro um beijo! – ele a segurou e a beijou, ela tentou se esquivar. – E aí, se ela não corresponde, como acabou de acontecer, eu faço isso! – Cauã falou dando um tapa bem forte no rosto de Letícia que acabou caindo deitada no sofá. Arthur percebeu que não deveria provocá-lo.
- Calma aí cara! Você não quer fazer isso! – Arthur falou tentando ganhar tempo.
- É, eu não quero fazer isso! Eu quero fazer uma coisa bem mais gostosa! – Cauã respondeu pegando Letícia pelos braços. Ela se debatia, tentava se soltar, mas não conseguia. Ele foi arrastando Letícia para o quarto, mas de repente a campainha tocou. – Droga! – ele resmungou. – Mudança de planos! Você vem comigo! – ele falou puxando Letícia para a porta. Ele abriu uma brecha e dessa brecha ouviu um de seus “capangas” falar pra ele:
- Aquela moça está aqui e está querendo entrar, podemos deixar? – o homem falou.
- Sim, deixe-a entrar! – Cauã respondeu. Letícia ficou pasma ao ver Leila entrar no chalé.
- Eu consegui os passaportes, uma mulher virá trazê-los às 14 horas! – Leila falou. Depois olhou para Letícia e perguntou para Cauã: - Está tudo bem? O que está fazendo? Não vai estragar tudo agora!
- Estragar o quê? – Letícia quis saber. – Eu não acredito que você está envolvida nisso, Leila! Você era como uma irmã para mim! Por que está fazendo isso comigo?
- Você é tão tolinha, Letícia! Só agora descobriu isso? – Cauã falava sorrindo. – Sua melhor amiga não presta! Ela é mais que minha cúmplice! Pode perguntar isso direto à ela!
- Isso é verdade, Leila?
- Sinto muito, Letícia! – Leila falou se afastando deles. Letícia ficou visivelmente chateada pela traição da amiga.
- Viu amor?! Nunca se sabe em quem confiar! Mas olha, agora somos só eu e você! Eu já falei pra ela se afastar de nós dois, que eu não a quero mais! – ele falou beijando Letícia.
- Você é repugnante! - Letícia respondeu rejeitando os beijos de Cauã. – Aliás, vocês dois! Como pôde fazer isso, Leila? Eu confiei em você!
- Ela não teve muita escolha, meu bem! Ela me queria, e em troca eu mandei que ela te vigiasse e contasse todos os seus passos para mim! Veja como uma troca de favores!
- Se ela gosta tanto de você assim, e se você adora trocar favores, porque não ficam juntos de vez e nos deixam em paz?! – Letícia falou conseguindo se soltar de Cauã e devolvendo o tapa que havia ganhado há pouco. Ela correu para onde estava Arthur e começou a soltá-lo. Mas ele fazia sinais, parecia que queria que ela ficasse quieta. “Não deve estar em si” – ela pensava. Cauã conseguiu alcançá-la a tempo. Ele a segurou de forma mais bruta e falou:
- Você escolheu o cara errado! Ele não é homem pra você, EU sou! – ele falou arrastando Letícia novamente para o quarto. Ela tentava se soltar, mas ele estava sendo mais bruto que nunca. Leila chegou perto de Arthur, parecia que os dois tinham alguma ligação, mas Cauã não percebeu. Arthur falou para Leila bem baixinho:
- Tente acalmá-lo! Vai! – ele ordenou.
- Como? É arriscado! – ela respondeu no mesmo tom.
- Pensasse nisso antes! Agora vá, ajude Letícia! Não vai querer nada pesando contra você quando isso tudo acabar, ou vai? – ele ameaçou. Leila fez que não com a cabeça e logo foi ajudar Letícia. Quando chegou no quarto, Letícia estava ajoelhada na frente de Cauã, e ele segurava uma das cordas de Arthur.
- Cauã, pense bem! – Leila falou. – Já está quase concluído, vai estragar agora?!
- Não vou estragar nada! – ele falava desnorteado. – Só vou tratá-la como ela merece! – ele respondeu enquanto enrolava a corda de qualquer jeito em volta de Letícia.
- Olha o que está fazendo! Não é assim! Está querendo que isto vire uma tragédia, ou quer apenas pegar seu avião levando Letícia com você? Pense! Em breve estarão longe daqui! – Leila falou.
- Vocês pagarão por isso! – Letícia se meteu na conversa. – Isso não vai ficar assim! – ela falava chorando.
- Cala a boca, sua vadia! A culpa por termos que estar fazendo isso é sua! – ele falava, e quanto mais ele falava, mais ele enrolava a corda em Letícia. Ela já estava ficando vermelha, pois estava apertando muito.
- Seu louco! Vai matá-la assim! – Leila gritava. Mas Cauã ignorava os apelos dela, continuava enrolando Letícia. Só parou quando a corda, vindo para o pescoço dela, ficou presa entre os nós. Letícia foi perdendo o ar aos poucos, foi ficando roxa. Leila e Cauã começaram a se apavorar. Leila resolveu tomar uma atitude e correu para soltar Arthur, que entendia melhor sobre as cordas.
- O que vocês fizeram? – Arthur perguntou correndo em direção ao quarto. Chegando lá Cauã tentou afastá-lo de Letícia, mas ele deu um soco forte e certeiro em Cauã fazendo com que ele caísse no chão, desacordado. Arthur rapidamente começou a desfazer os nós que prendiam o pescoço de Letícia e a impediam de respirar. Ela já estava mole, caída no chão. Foi preciso que Arthur a reanimasse por meio de massagens cardíacas. Deu certo, e em pouco tempo Letícia estava de volta. Arthur a abraçou. Cauã também despertou em poucos minutos. Ele ficou extremamente aliviado ao ver que Letícia havia voltado ao normal, ao mesmo tempo em que ficou com raiva ao ver ela e Arthur abraçados no chão. Cauã, que estava armado, retirou o revólver da cintura e apontou na direção dos dois falando:
- Afastem-se!
Arthur olhou para Cauã e, ao ver que ele estava armado, resolveu prosseguir com o plano. Arthur se levantou, mandou Letícia se acalmar, e caminhou para a sala. Antes disse a Cauã:
- Vou seguir suas regras! Desde que não a machuque mais!
- A idéia foi sua! Eu nunca a tratei assim antes! Sai daqui, volte para onde estava! – ele falou para Arthur e, virando-se para Leila, disse: - Prenda ele na cadeira novamente! – ela fez o que ele mandou.
Quando Arthur e Leila estavam a sós na sala, ela resolveu questionar porque ele não havia tomado nenhuma atitude contra Cauã enquanto era tempo. Ele respondeu:
- Temos gravações, mas elas só incriminam depois de ouvidas uma a uma! O melhor e mais viável ainda continua sendo o flagrante contra ele! Temos que ter paciência! Falta pouco para as 14 horas! Temos que esperar! Sejamos mais cautelosos desta vez! Continue de olho em Cauã, ele pode tentar outra coisa! – ele finalizou. Leila obedeceu as ordens dele e foi até o quarto ver como Cauã e Letícia estavam. A cena era tranqüila: Letícia deitada na cama, algemada, e Cauã sentado numa cadeira ao lado dela.
- O que está fazendo aqui? Fique de olho em Arthur! Volte para lá! – Cauã ordenou ao ver Leila no quarto. depois que ela saiu ele se virou para Letícia: - Como está? – ele perguntou.
- Como acha que estou? – ela respondeu virando o rosto para o outro lado.
- Isso está perto de acabar, meu amor! Logo estaremos longe daqui! – ele falou acariciando Letícia. – Seremos só eu e você!
- Há quanto tempo você e Leila... sabe... – ela perguntou sem querer completar a frase.
- Há quanto tempo nós transamos? – ele falou sorrindo. – Está com ciúmes, minha querida? – perguntou com ironia. – Não se preocupe, não foi tempo suficiente para me apegar a ela!
- Não está mesmo achando que estou com ciúmes de vocês dois, está? O que sinto é desprezo! Você quis se vingar de mim usando minha melhor amiga!
- Oras, Letícia! E qual traição foi pior? A sua ou a minha?
- Você sempre soube que eu gostava dele! Foi assim que começamos, lembra?
- E depois? Porque continuamos?
- Porque eu estava carente! Só por isso!
- Carente? Sabe, você e Leila são extremamente parecidas! Ela também estava carente quando eu fiquei com ela! E ela também foi capaz de cometer loucuras, só por carência! Só que tudo tem um preço, Letícia! Eu me apaixonei por você, agora não tente se afastar de mim, ou VOCÊ vai pagar caro por isso!
- Louco!
- Por você, meu amor! Por você!
A conversa entre os dois foi interrompida por Leila que foi avisar que a tal mulher que ia entregar os passaportes havia chegado. Cauã saiu do quarto levando Letícia com ele. Quando chegaram na sala Letícia ficou surpresa ao constatar que a mulher que trazia os passaportes era na verdade Ágata, a mulher misteriosa que trabalhava no pub de Arthur. Letícia olhou para Arthur demonstrando surpresa, Arthur olhou como quem já esperava ou sabia disso, Letícia não podia distinguir ao certo. Cauã sentou Letícia no sofá, ao lado dele, e no outro sofá convidou Ágata para se sentar também. ela se recusou falando:
- Temos que ser rápidos com isso! Preciso tirar uma foto dos dois antes, para anexar ao passaporte! Eu trouxe todo o material para terminar de confeccionar aqui, já que vocês não me enviaram a foto 7x5 deles!
- E onde está o material? – Cauã quis saber.
- No carro! Quis vir primeiro para conferir se estava tudo certo! Pode ir me ajudar a buscar? – Ágata perguntou a ele.
- Leila, vá com ela! – ele ordenou.
- Não! Duas mulheres não serão úteis! Preciso de um homem, pois a máquina de corte é pesada!
- Tudo bem, eu vou! – Cauã falou meio contrariado, demonstrando desconfiança. Antes de sair falou para Leila: - Nenhuma gracinha aqui dentro! Não se esqueça, meus homens estão lá fora!
- Que gracinha eu poderia tentar à esta altura do campeonato? – Leila falou ironicamente.
Quando Cauã e Ágata finalmente saíram, Letícia começou a fazer perguntas à Leila e a Arthur. Havia notado algo de diferente nas trocas de olhares dos dois. Queria estar por dentro também, saber o que estava acontecendo afinal. Foi Arthur que tentou acalmá-la:
- Calma, meu anjo! Em poucos minutos estará tudo bem novamente! – ele falava quando de repente escutaram barulhos de troca de tiros lá fora. Leila se assustou, ficou abaixada no chão. Arthur mandou que ela o soltasse, ao que ela respondeu:
- Eu não sei o que aconteceu lá fora! Vou verificar primeiro! – ela falou olhando por uma brecha que abriu na porta. – Me parece que foi Cauã! Atiraram nele! É a polícia! Estão lá fora! – ela falou vindo em direção a Arthur. – Antes de soltá-lo quero saber se nosso trato será cumprido!
- Sou um homem de palavra! Eles não a prenderão por nenhuma acusação! – Arthur falou. Letícia continuava sem entender que trato era aquele, mas confiava em Arthur.
- Tudo bem! – respondeu Leila soltando Arthur. Depois Arthur soltou Letícia e todos caminharam para fora do chalé. Cauã estava caído no chão, apenas com um ferimento na perna. Ágata estava esperando Arthur e Letícia no carro. A polícia se encarregava de dar voz de prisão para Cauã e seus comparsas. Arthur entregou todo o material recolhido para um agente federal que estava investigando Cauã já fazia algum tempo. Ele agradeceu a Arthur dizendo:
- Isso era tudo o que precisávamos! Tínhamos pistas, mas nunca conseguimos provas contra ele! Agora ele ficará aonde deve: preso!
- Por quanto tempo? – Letícia quis saber.
- Isso é difícil de responder! São muitos crimes, alguns deles ligam Cauã à máfia mexicana! Mas garanto: não será pouco tempo! – o agente respondeu.
- Engraçado! – ela falou a Arthur. – Fiquei tanto tempo com ele, como nunca percebi isso?
- Ele era um dissimulado! Não se culpe por isso! O importante é que agora ele pagará por tudo! E você está livre, meu anjo!
- Onde está Leila? – Ágata perguntou se aproximando deles. Todos olharam em volta, mas ela havia sumido. De certo que fugira para algum lugar com medo de que Arthur não cumprisse o combinado.
- Cedo ou tarde a veremos novamente! – Arthur falou despreocupado.
- Como combinou tudo isso? Como descobriu que Leila estava envolvida com Cauã? – Letícia quis saber.
- É uma longa história, querida! Eu te contarei na volta para casa! – ele falou conduzindo Letícia até o carro dele. Depois foi se despedir de Ágata.
- Agradeça a ela por mim! – Letícia pediu.
- Pode deixar! – ele falou se afastando. Letícia ficou observando do carro. Arthur quando chegou perto de Ágata a abraçou firmemente. Segurou o rosto dela, levantando a cabeça para que ela o olhasse nos olhos. Disse algumas palavras que Letícia não pôde ouvir do carro, depois a beijou no rosto, carinhosamente. Letícia sentiu uma ponta de ciúmes, mas não falou na hora. Arthur entrou no carro e eles foram embora dali, deixando a polícia resolver o resto.
Estavam quase chegando ao apartamento de Letícia quando Arthur terminava de contar os últimos detalhes à ela:
- ... e então eu descobri que Leila estava envolvida com Cauã, mas que estava visivelmente arrependida. Entramos em contato com ela, ela resolveu cooperar. Marcamos de nos encontrar e combinamos essa invasão de Cauã ao chalé. Ele pensou que ela havia descoberto sozinha aonde você estava, mas era tudo combinação nossa. Ágata teve uma participação importante nisso! Ela era uma de minhas detetives ajudantes da época em que eu ainda tinha o escritório. Foi ela quem colocou escutas no apartamento de Leila e no seu. Com tudo armado, era só colocar o plano em ação. Assim conseguimos provas suficientes contra Cauã!
- Poxa... vocês são bons nisso! Porque deixaram de ser detetives?
- Eu já fui casado! Ágata era melhor amiga de minha esposa! – ele falou. – Acho que está na hora de você saber!
- Saber?
- Tínhamos uma vida perfeita, até que houve uma falha de nossos sistemas no escritório. Uma traição entre os membros que formavam nossa equipe. Assim descobriram a identidade de cada um de nós. E todos tínhamos desafetos por conta de tantas investigações de sucesso. Um desses desafetos prometeu tirar tudo o que eu tinha, mas ele sabia que dinheiro nunca foi tudo pra mim... então tiraram a vida da minha esposa... na minha frente...
- Céus, Arthur! Sinto muito por isso!
- Enfim, me vinguei também, coloquei todos na cadeia! Mas ainda tenho que conviver com a culpa de tê-la metido nisso. Resolvi não me envolver mais com essas coisas! Ágata me deu todo o apoio, descobrimos juntos o BDSM. Foi então que decidi o que queria fazer. Acabei montando alguns pubs espalhados por aí. E o meu principal, onde você me encontrou!
- Arthur, que história! – ela falou.
- Pois é! Mas agora você também tem a sua, e deve estar cansada dela! Acho que vai querer estar sozinha agora! – ele falou estacionando na frente do prédio em que ela morava. Ela fez que sim com a cabeça. Letícia desceu e se despediu de Arthur. Agradeceu por tudo que ele e Ágata fizeram por ela e falou por fim:
- Tenho que colocar minha vida em ordem. Minha casa, meu trabalho... bem... você sabe, tenho que tentar voltar a rotina e sei que não vai ser fácil...
- Eu entendo onde está querendo chegar, Letícia! Não precisa medir palavras comigo! Vou te dar o tempo necessário para que você reorganize a vida, depois voltaremos a conversar! – ele falou entendendo que ela queria um tempo para pensar sobre o relacionamento dos dois. E ele temia que ela julgasse aquele relacionamento como um caso passageiro, apenas mais uma experiência na vida dela. Letícia realmente queria pensar sobre aquilo, e também não queria se prender a mais ninguém agora que estava livre de Cauã. Ela sabia que Arthur era diferente de Cauã, e ainda sentia muito desejo por ele, mas agora teria mais cautela ao se envolver com outro alguém.

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