quarta-feira, 19 de maio de 2010

Doce Submissão (continuação 1)





Depois de alguns minutos refletindo sobre aquele momento, lembrar de alguns detalhes me fez ficar toda molhada novamente. Bruno percebeu minha excitação e não gostou nem um pouco.

- Eu vejo no seu semblante que aquele garoto conseguiu te provocar de verdade!

Só abaixei a cabeça. Eu não podia negar àquilo. Carlos realmente tinha me deixado mechida por dentro. Não sei se pela intensidade do momento ou se porque ele tinha despertado algum sentimento em mim. De qualquer forma não poderia simplesmente fingir que não havia acontecido nada. Também não me achava culpada. Se Bruno tivesse visto algo a culpa não era minha. Eu não fiz de propósito, me deixei levar pelo momento. E até então eu não havia me arrependido de nada. Bruno teria que aceitar pois, pelo jeito que eu e Carlos nos despedimos na churrascaria com certeza haveria uma segunda vez. Talvez mais que isso pois a nossa química tinha sido perfeita.

- Vou te mostrar que você é só minha! E eu não pretendo mais dividi-la com ninguém!

Falando isso, Bruno me levantou ainda puxando pela corda. Abriu a porta do carro (de pintura preta e vidro fumê, um carro tão cheio de mistério quanto Bruno) me jogou no banco traseiro, deitada, de forma meio incômoda pois as mãos amarradas pra trás não me permitiam outra posição. Tocou o carro sem me dizer mais nem uma palavra. No fundo estava sentindo muito tesão com o que estava acontecendo mas não conseguia esconder o medo que estava sentindo dele e da situação. Sabia que ele não faria nada que eu não consentisse, ele respeitaria meus limites. Mas a pergunta que sondava a minha cabeça a todo momento era se eu saberia respeitar meus próprios limites. Aquele homem significava muito na minha vida e talvez eu ultrapassasse várias barreiras por ele, barreiras que poderiam significar riscos seríssimos à mim mesma. Mas falhar com ele poderia fazê-lo desistir de mim e eu não estava disposta a perdê-lo. Seria mais forte do que nunca. Bem mais forte do que ele poderia imaginar.


Bruno abriu primeiro o porta-malas. Pude escutar ele retirando algumas coisas de lá de dentro e os passos seguindo para a casa. Por um instante uma sensação incômoda percorreu meu corpo. Ele pegara as coisas e não voltara logo, será que me deixaria ali por muito tempo? As cordas já estavam me apertando bastante, quase prendendo a circulação. Meus pensamentos estavam a bilhões por hora, ficava imaginando à todo o tempo o que ele poderia fazer comigo. A sensação de impotência era sutilmente deliciosa misturada à sensação de temor que me fazia permanecer ali, quietinha aonde estava. Tentava prestar atenção nos mínimos detalhes até que fui surpreendida por Bruno abrindo a porta do banco traseiro, onde eu estava. Fechei os olhos. Me segurei para não ter uma recaída e querer voltar atrás. Ele me puxou para fora do carro, dessa vez sem piedade nenhuma. Me fez cair de joelhos no chão. Na hora nem cheguei a sentir a dor, estava tão cansada, ainda com o cheiro de Carlos no corpo, o que me fazia delirar relembrando todos os detalhes da nossa noite.





Bruno me olhava com ar de reprovação e com um ciúme que transparecia mesmo ele não querendo. Me colocou de pé e só por um segundo pude contemplar a maravilha que era aquele lugar. Um local muito bonito e muito intrigante. A mansão realmente lembrava um castelo. Tinha estilo barroco com aquelas colunas enormes que se fixavam às paredes e às marquises. Tudo ali parecia ter vindo direto de um livro de fantasias. Uns banquinhos que cercavam o pequeno chafariz e em torno deles cercas baixas de flores das mais exóticas que eu já vi. Entre elas as Dálias, uma das minhas preferidas. O caminho que Bruno seguiu até a casa era todo feito de pedras das mais variadas. As portas e as janelas eram de madeira e representavam bem o estilo colonial daquele lugar tão encantador. A iluminação ficava por conta de pequenas lamparinas espalhadas por todo o canto. Tentava imaginar como ela seria por dentro e que ocasião tão especial era aquela que fez com que Bruno me levasse aquele local tão mágico. De quem era aquela casa? Como Bruno conseguiu encontrar um lugar tão distante, mágico e misterioso como aquele? Minha cabeça se enchia de questionamentos.

Bruno me segurou por um dos braços com aquelas mãos grandes de dedos finos e foi me levando para dentro da casa. Enquanto caminhávamos ele seguia ditando as regras para nossa estadia:

- Esta mansão é de um amigo e está à venda! Ficaremos nela por uma semana...

- Uma semana?! - eu interrompi ficando estática no mesmo momento - E meu trabalho? Como vou me justificar? - Perguntei realmente assustada com as conseqüências que aquelas "férias curtas" poderiam me trazer.

- Calma Lê! Parece até que não me conhece! Não disse desde o primeiro momento que tomaria conta de você?! Faço isso sempre, não só naquele dia! Como sabe, sou um velho amigo do seu chefe. Ele me devia alguns favores e, como conhecemos bem um ao outro, ele não me negou este. Então aproveite pois terá uma semana de sossego, pelo menos do trabalho!

Respirei nem tanto aliviada pois havia entendido muito bem que o sossego que eu teria seria só em se tratando de trabalho, o resto estava nas mãos de Bruno. Aliás, EU estava nas mãos de Bruno, por inteira, e isso ainda me assustava um pouco.

- Fiz planos pra nós dois a semana inteira. Não esperava que me decepcionasse dessa forma. Fui te buscar com a mais leve das piores intenções! - deu um sorrisinho sacana de lado, aquele sorriso sexy que sempre me encantava quando fazia menção de se abrir - tive que mudar algumas partes dos meus planos, mas não tudo. Vamos aproveitar bastante. E quero que, sempre que seu amigo ligar pra você, você o atenda como se nada estivesse acontecendo. Vou cuidar de você a começar por tentar descobrir a procedência desse seu tal coleguinha.

- Amor, deixa o Carlos quieto. Ele nem sabia de você. Se soubesse jamais teria encostado em mim.

- Não farei nada demais! Preciso saber com quem você está lidando para poder proteger você, só isso! Pode ficar tranqüila que seu coleguinha não sairá machucado disso. A não ser que ele te faça sofrer em algum momento. Aí a história muda!

Senti toda a proteção vinda daquele homem que para mim era mais que um dono, era um amigo que cuidava dos meus passos e que, pelo visto, não me deixaria cair nunca.

Meu corpo estava muito pesado, estava realmente cansada daquela noite cheia de surpresas. Queria muito um lugar pra descansar, mas parecia que Bruno não estava disposto a me dar descanso naquela noite. Assim que entramos na casa ele me fez deitar no tapete que, àquela altura, me parecia o local mais gostoso do planeta. Reparei no interior da casa, realmente rústica. Não tão grande por dentro quanto parecia por fora, mas aquilo só a tornava um lugar mais aconchegante. Bruno me deixou deitada ali e saiu por um longo tempo. Pelo pouco que pude perceber ele estava subindo com as malas que ele trouxera para a casa. Naquele momento me lembrei que eu não havia preparado mala alguma, como poderia permanecer por uma semana naquela casa sem alguns de meus objetos mais pessoais? Não havia levado roupas; nem toalha; nem objetos para higiene íntima como escova de dentes, depilador, nada! Como ficaria ali por tanto tempo sem coisas tão básicas como aquelas. Vi Bruno se aproximando.

- Tenho que voltar!

- E como acha que vai conseguir isso?

- Meu Senhor, eu preciso! Não peguei nada para trazer, como ficarei aqui sem meus objetos de higiene pessoal? Pior, só estou usando este vestido e esta calcinha. O que usarei depois?

- Já disse para não se preocupar bonequinha linda! Já cuidei de tudo, tudo mesmo! - disse ele dando voltas pelo tapete em que eu estava deitada. - Primeiro, estes objetos de higiene eu já reservei tudo. Passei em um mercado antes de vir pra cá. O local estava vazio à um bom tempo, precisava de alguns toques antes de virmos. A semana inteira teremos uma secretária do lar que virá arrumar as coisas, preparar nossas refeições diárias e depois tomará o caminho dela, tudo isso sem nos incomodar. Foi indicada pelo dono da casa que também a usava da forma que vamos usar e que também não pretendia que algo saísse dessas quatro paredes! Viu amor, você está em boas mãos! As atitudes que não serão tão boas assim!

- Mas, e minhas roupas. - perguntei eu, procurando uma posição mais confortável para poder conversar olhando nos olhos dele.

- Se eu fosse você não me preocuparia com isso. Você não precisará de nenhuma roupa enquanto estivermos aqui. Andará do jeito que veio ao mundo. Quero desfrutar da sua beleza por completo! Não vou cobri-la em momento algum, mesmo se tivermos visitas. Já ouviu o ditado: Não esconda do mundo o que não quer que escondam de você?!? Pois bem!

- Não estou preparada para isso, meu Senhor! Tenho vergonha de tudo e o Senhor sabe muito bem disso!

- Vergonha?! Você?! - Sorrisos sarcásticos saíram daquela boca maravilhosa - Não era o que estava parecendo. Aliás, você se mostrou bem sem vergonha para seu amiguinho e para quem passasse por ali!

- Ali foi diferente, estava num clima diferente e não foi minha intenção que alguém visse tudo!

- Pois eu vi. E nos mínimos detalhes!

Me calei. Realmente não haveria nada que eu pudesse falar naquele momento que fizesse com que Bruno mudasse de idéia. Ele estava irredutível. Não havia pedido opiniões e era quase um milagre ainda estar debatendo comigo.

- Estou exausta! - Disse por fim sentindo meu corpo mais pesado que nunca.

- Não se preocupe meu anjo. Hoje reservei uma noite linda para você, para que se lembre sempre de como posso ser um bom dono, se assim fizer por merecer! - dizendo isso me levantou e foi soltando as cordas de meus braços - Quero a minha amante aqui hoje, e não o meu brinquedinho!

Fui envolvida por seu braços e levantada pela sua força. Meus lábios logo se encontraram com o dele, num toque suave me deu um beijo que me fez flutuar. As carnes trêmulas, um efeito colateral por estarmos tão pertos naquele local esquecido, vivendo um conto que não era de fadas. Não havia quem o desejasse mais que eu, não haviam corpos que se comunicassem tão bem quanto os nossos.

Era uma sintonia perfeita!
Ele segurou meus braços e me afastou um pouco dele. Eu o olhava intrigada. Porque ele havia de parar agora? Seria um castigo novo? Ficar longe dele? Me privar daquela noite de amor tão desejada?
Seus olhos me encaravam como um animal encara sua presa mais apetitosa. E brincava comigo assim como alguns leões fazem com suas presas antes de devorá-las por inteiro. Me sentia sexy com aquele olhar sedutor me “comendo” pedaço por pedaço. Estava arrepiada por completo.

Bruno levantou a mão como se fosse me dirigir outro tapa daqueles. Desviei de imediato o rosto e surpreendentemente não senti dor alguma. Voltei para encarar Bruno novamente. Percebi quando ele baixou a mão lançando um olhar frio em minha direção. Se afastou e me deixou ali, estática, com o desejando se aflorando cada vez mais. Se aproximou de uma estante onde haviam alguns objetos como livros, esculturas e um controle remoto. Fiquei observando-o enquanto ele pegava o controle e se voltava para mim novamente, dessa vez com um sorriso malicioso e um olhar penetrante. Apertou um dos botões do controle e um estrondo espantoso ouvi a música ressoar vindo de um aparelho de som que estava um pouco distante de nós. Era um tango. Coisa de Bruno mesmo. Ele gostava dessa paz inquieta que esse tipo de música costumava causar. Olhei para Bruno novamente. Ele vinha se aproximando ensaiando alguns passos provocantes envolvido pelo som penetrante daquele tango que, pelo pouco que havia aprendido com ele, pude reconhecer o artista e o nome da música. Se chamava “Santa Maria” de um grupo musical famosíssimo, o “Gotan Project”.

Que delícia! Pensei eu. Uma dança só pra mim, será que eu merecia aquilo tudo?! Aquele homem envolvente, de olhar sedutor, corpo caliente, vindo em minha direção. Seu cheiro estava por todo canto daquela sala. E para mim aquele cheiro mais parecia um elixir afrodisíaco que mexia com cada sentido meu. Veio desabotoando a camiseta e me olhando fixamente, só movia as pernas e os pés. Como dançava bem aquele homem! Poderia levar qualquer mulher à loucura! E vejam só, era para mim que ele dançava. Era a minha atenção que ele desejava chamar. Me sentia maravilhosamente desejada.

Comecei a me movimentar também, ao som do tango. Nossos corpos eram livres naquele momento, livres do mundo, porém presos um ao outro. Fui andando em passos lentos avançando em direção a ele. E de forma envolvente nossos corpos se entrelaçaram harmoniosamente. Num giro de 360 graus fui parar nos braços de Bruno que me segurou quando estava prestes a encostar-me no chão. Foi me subindo lentamente e faltando pouco para ficarmos de pé novamente ele me puxou bruscamente para perto de seu corpo. Aquela música intensa e dramática nos envolvia num clima freneticamente sedutor.

Meus lábios novamente se encontravam com os de Bruno que dessa vez não deixou escapar. Envolveu-me com um de seus braços e com o outro acariciava meu rosto em passadas lentas e suaves. Todos os poros do meu corpo desejavam Bruno.




(Continua...:D)

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