sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Uma Música Brutal - Sexto Capítulo - Parte 2

O fim de semana logo acabou e a semana começou agitada. Como prometi a Carlos e a mim mesma, voltei a frequentar a faculdade. Eu havia perdido muita matéria e as vezes perdia a noite de sono tentando acompanhar a turma que já estava muito adiantada. Era uma rotina diária, Carlos me levava, depois me buscava e o resto do dia eu ficava em casa lendo e relendo, passando matérias a limpo e tudo mais. Como a faculdade ainda era minha prioridade, resolvi não voltar aos treinos com o grupo, pelo menos enquanto retomava os estudos. Isto me manteve afastada de Dérick, já que ele prometeu não me procurar mais até que eu decidisse o que eu queria da vida... ou com ele.

Quase três meses se passaram e as coisas da faculdade já começavam a entrar nos eixos. Decidi então que era hora de voltar a frequentar os treinos, já que me faziam muita falta. Mas confesso que um dos meus principais incentivos para voltar ao treino era o fato de poder voltar a conviver com Dérick, de quem eu sentia muita falta também.  Conversei com Carlos e combinamos que ele, depois que saísse do trabalho, passaria no apartamento para me buscar em toda noite que houvesse treino.


No dia seguinte, como combinado, Carlos estacionou e esperou que eu descesse do apartamento. Fomos direto para o treino, eu já nem lembrava mais o caminho, já que frequentei por pouco tempo aquele novo salão. Também estranhei um pouco a turma nova, já que alguns haviam saído e novos integrantes haviam entrado no meio tempo em que fiquei fora. Carlos se encarregou de me apresentar à todos, fiquei muito feliz com a recepção, porém, quem eu esperava que me recebesse não estava por lá. Mesmo muito interessada em saber o motivo, não perguntei à Carlos; e nem foi preciso, pois alguém fez as vezes. Uma das novas integrantes atravessou o salão para falar com Carlos.

- Oi Carlos, tudo bem?! – ela falou dando um beijo no rosto dele. Depois me cumprimentou com um “oi” e um sorriso. – Sabe se Dérick vem hoje? Ainda não o vi!

- Não Samara, Dérick não vem hoje! – Carlos respondeu.

- Ele tinha algo mais importante pra fazer hoje, aposto! Ele não é de faltar – ela analisou. Depois se despediu e se afastou de nós dois.

- Quem é ela? – perguntei não aguentando a curiosidade.

- É uma fan de Dérick! – Carlos falou, aposto que me provocando. E conseguiu.

- Hum... ele já tem até fan!? Interessante! – falei mostrando desinteresse.

- Acho que ela só vem por causa dele! – Carlos alfinetou.

- Ah é... e Dérick, o que diz disso? – perguntei sentindo uma aguda pontada de ciúmes em meu peito.

- Dérick é seu, sua boba! Não precisa se preocupar! – Carlos falou saindo, me deixando sozinha com meus pensamentos.

Depois daquele dia passei duas semanas sem voltar ao treino, não por falta de interesse. É que eu teria que fazer algumas provas que eu havia perdido no decorrer do semestre, caso contrário teria que recomeçar as matérias em questão. No fim deu tudo certo e eu consegui passar em todas, com boas notas apesar de não ter tirado Dérick da cabeça enquanto estudava trancada em meu quarto. Eu revivia aquela nossa primeira noite todos os dias, lembrar de Dérick em meu quarto era como uma compulsão. A recordação de seu cheiro, de suas mãos tocando meu corpo, de sua língua aprontando delírios em meu clitóris, sua voz firme e autoritária, recordar seus passos, suas atitudes, todo o conjunto que formava aquele destacável homem, me fazia entrar em transe. Eu sabia que precisava sentí-lo por mais uma vez, eu precisava saber que aquilo havia sido real, pois havia sido tão perfeito que eu já nem acreditava mais que havia acontecido. Aquela necessidade de voltar a vê-lo, a senti-lo, a sentir seu cheiro, me fizeram voltar ao treino novamente, mas desta vez com outra intenção.

Como da primeira vez, Carlos me buscou no apartamento. Eu vestia a roupa do treino, mas por baixo usava uma lingerie super ousada. Além disso carregava comigo, guardado em minha mochila, uma roupa que eu havia comprado em uma loja de rock (não me atrevi a pedir que Carlos me levasse a um sexy shop, pois seria curtição com a minha cara até o resto do ano. Também não o deixei ver o que eu ia comprar, fiz ele entrar em outras lojas enquanto eu escolhia o modelito). Eu estava ansiosa para fazer aquela surpresa a Dérick, e mais ansiosa ainda para saber qual seria sua reação. Quando o vi entrar pelo salão meu coração palpitou tão forte quanto as batidas que ecoavam no auto falante, senti meu corpo gelar e quase perder o sentido quando ele sorriu estonteante em minha direção. O brilho em seus olhos me diziam que ele já sabia porque eu estava ali.

Dérick cortou o salão seguindo na minha direção, mas foi interrompido por Samantha, a garota que estava supostamente “apaixonada” por ele. Ela o abraçou, ele correspondeu e, por um momento, eu achei que ele não lembrava mais que eu estava ali, pois ficou um bom tempo conversando com esta tal Samantha. Fiquei decepcionada, achei muita falta de consideração, senti todas as minhas esperanças para aquela noite escorrerem pelo ralo. Outra garota se juntou á eles e o papo parecia bem interessante. Esperei, esperei e, quando faltava pouco tempo para começar o treino eu resolvi ir embora. Carlos tentou me convencer a ficar, tentou fazer com que eu não me importasse com o que havia acontecido ali, que eu relevasse e ficasse para pelo menos não perder a viagem, mas eu estava tão decepcionada, e ele sabia disso, que não tinha cabeça para mais nada além de ir para casa chorar minhas mágoas.

Ele se ofereceu para me levar de volta, porém eu achei melhor chamar um táxi e não tirá-lo do treino, afinal, ele era uma espécie de “Capitão” do grupo, não seria legal sair de lá por minha causa. Peguei minha mochila e fui esperar lá fora, onde havia uma pequena guarita e um port chorère com banquinhos para espera. Sentei-me em um desses banquinhos, o segurança vigiava a entrada, só assim não tive medo de esperar lá fora. Já havia dado a noite como perdida quando ouvi Dérick conversando com o segurança. Era típico dele, conversava com todo mundo, não havia pessoa no mundo que o conhecesse e não gostasse dele. Aliás, eu era um desses “pessoas”, mas agora eu estava ali, super decepcionada, virando o rosto para não encará-lo.

- Está indo embora? – ele perguntou sentando ao meu lado.

- Eu não tenho mais nada pra fazer aqui hoje! – eu falei fazendo-o perceber o erro que ele havia cometido e como eu estava triste com aquilo.

- Alguém te decepcionou? – ele perguntou sendo irônico.

- Cínico! – eu respondi, com raiva. Ele sorriu.

- Era assim que eu queria te ver, você fica linda quando está com raiva! – ele falou pegando meu braço, me levantando e me dando um beijo como aquele último beijo marcante que ele havia me dado antes de me deixar sozinha em meu quarto. Bastou aquele beijo para que ele me deixasse novamente desprovida de qualquer rancor, raiva ou mágoa que eu pudesse ter dele. Depois ele pegou minha mochila, me deu a mão, e foi me levando... para onde eu não sabia. – Tá combinado, não é?! – ele perguntou para o vigia, que sacudiu a cabeça em forma de confirmação. Eu estranhei, claro, mas continuei acompanhando ele. “Sem dúvidas nem ponderações”, foi o que ele me pediu, e eu estava disposta a fazer aquilo, por ele. A poucos metros dali estava o carro de Dérick. Ele abriu o porta-mala, jogou minha mochila lá dentro, abriu a porta para que eu entrasse, e logo depois entrou travando tudo. – Não tem volta, tem certeza que deseja prosseguir? – ele me perguntou certificando-se de que eu desejava estar lá.

- Eu não desejaria estar em nenhum outro lugar agora! – eu respondi com um sorriso bobo no rosto. Ele alisou meu rosto e devolveu o sorriso, em recíproca. Depois ligou o carro e partiu, para onde eu só saberia quando chegássemos.

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