domingo, 4 de setembro de 2011

Uma Música Brutal - Quarto Capítulo (parte 2)

Eu havia passado o dia todo com aqueles pensamentos na cabeça, Carlos, por sua vez, havia passado o dia fora de casa. Mesmo sabendo que vez ou outra Dérick freqüentava o treino eu nunca quis perguntar à Carlos como ele estava, mas naquele dia foi diferente, a curiosidade misturada a uma necessidade incontrolável de notícias dele, me fizeram perguntar por Dérick. Quando eu passava o dia inteiro dentro de casa, acabava me agoniando e fazendo tudo o que estava pendente, resultado: geral na casa e comida feita. Carlos até gostava de chegar e encontrar tudo arrumadinho e comida natural, mas eu percebia o ar de preocupação em seu rosto quando via que eu não queria tocar no assunto: “voltar à vida normal”.
- Como foi o treino hoje? – eu perguntei.
- Foi legal, muita gente desenvolvendo, todos centrados, evoluindo! Você deveria ter ido, o grupo todo sente sua falta! – Carlos respondeu.
- E Dérick, tem freqüentado o treino? – continuei como quem não quer nada. Carlos abriu um sorriso.
- Dérick tem ido sim, tem perguntado sobre você também! Deveria dar outra chance à ele!
- Não começa! Se ele quisesse outra chance teria vindo pedir!
- Dois “marrentos”! Não sei quem é mais cabeça dura! – Carlos falou despertando em mim uma curiosidade.
- Como sabe que ele é marrento? Ele te falou alguma coisa?
- Não “tô” falando! Mulher, isso é paixão reprimida! – Carlos falou já com o prato de comida nas mãos.
- Não vai lavar as mãos? – eu perguntei mudando de assunto.
- Algum problema? – ele provocou.
- Não! Se conselho fosse bom não se dava! – eu respondi como se não estivesse “nem aí”.
- O mesmo pra você, mulher teimosa! – ele falou começando a comer. Eu levantei um dedo de forma grosseira pra ele e depois fui pro meu quarto. Ele ficou na sala sorrindo sozinho, resmungando:
- Mulher teimosa da P...! Tá morrendo de paixão aí... e... – ele continuava.


- Eu estou ouvindo! – eu gritei do meu quarto. Depois de um tempo entretida com alguns livros, Carlos apareceu na porta do meu quarto.
- Estudando?
- Pra relembrar algumas coisas... – eu disse.
- Este fim de semana vou passar na sua casa pra buscar o resto do seu material da “facul”, pode ser?
- Pra quê?
- Eu conversei lá no serviço e, como estará mais calmo nestes últimos meses, vou te levar e buscar na faculdade! Lê, você tem que voltar a fazer as coisas que você fazia antes de Victor começar a atrapalhar sua vida! – Carlos falou ainda de pé escorado na parede. Eu concordei com ele, não era justo Victor continuar vivendo sua vida normal e eu ficar ali, presa, por conta de uma pessoa maluca que não estava nem dando sinal de vida.
- A gente pode tentar! – eu respondi.
- Que bom! Fico feliz por você, afinal, esse vai ser um grande passo que você vai dar depois do que passou!
- Eu também fico feliz por isso, eu também!

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