domingo, 11 de dezembro de 2011

Uma Música Brutal - Décimo Terceiro Capítulo

- Vamos Lê, diga à ela o que há de errado com você! – o homem falou com o tom sombrio de sua voz. Samantha o encarou, assustada. Ela não havia dito meu nome antes, e ela teve que se esforçar para descobrir como ele sabia que Letícia era eu.

- Victor! – ela pronunciou quase sem voz. Quando ela se virou para encará-lo Victor já exibia uma arma em sua mão. – Eu sinto muito, Letícia. Eu acho que não deveria ter aberto a porta! – ela considerou depois de ver nos olhos de Victor que ele certamente não tinha boas intenções. – Por favor, não faça nada com ela! Só peço isso! – Samantha falou perplexa. Seu rosto pálido não escondia suas emoções, estava apavorada. Eu respirava fortemente, tentava manter o controle sobre eu mesma, mas era impossível. – Sente-se, Letícia. Por favor, fique calma! O seu estad... – ela ia completar, mas eu sacudi a cabeça.

- Por favor, não diga nada sobre a gravidez. Eu imploro! – eu murmurei. Samantha concordou com a cabeça.

- Céus, como eu sou estúpida! – Samantha se lamentou.

- Eu esperava vir num momento em que ela estivesse sozinha. – Victor falava, pensativo. – Mas sempre havia alguém com ela. Então eu pensei que com você aqui talvez pudesse ser mais fácil! – Ele olhou para Samantha. – Seja esperta, Samantha. Meu negócio é com Letícia. Você tem uma escolha: fique aqui no apartamento enquanto eu carrego Letícia ou a forço a vir comigo também! Mas vai ser pior se decidir se meter no meu caminho! – ele soava ameaçador e agora deixava a arma que trazia consigo a nossa vista, para reafirmar o tom de ameaça. Aquilo era um seqüestro e ele não estava pra brincadeira.

- Samantha, fique... – eu murmurei pensando que ela não tinha que estar lá. Ela não tinha culpa de nada, não deveria ser levada só por minha causa.


- Não, Lê! Estou contigo! Não vou deixar você sozinha com este monstro! Não no estado em que se encontra! – ela sussurrou no meu ouvido. – Eu escolho a segunda opção! – Samantha falou para Victor. – Mas saiba que você não irá escapar ileso disto. Temos muitos conhecidos, Dérick e Carlos irão nos procurar e você estará perdido!

- Posso assegurar que eles não acharão vocês duas! Vamos, me sigam. Estacionei o carro na garagem. Convenci o porteiro de que era um “velho amigo” de Carlos! – ele falou apontando para a porta. Nós levantamos e começamos a segui-lo. – Nada de gracinhas ou vai ser pior pra vocês duas! – ele ameaçou.

Samantha me conduzia e Victor vinha logo atrás. Nem trancamos a porta, fomos direto para o elevador. Quando chegamos no estacionamento Victor nos encaminhou até uma van com vidros fumês. Ele abriu o bagageiro e pegou algumas algemas. Jogou para Samantha.

- Coloque em Letícia e depois em você! – ele ordenou. Ela obedeceu colocando em mim de maneira que as algemas não ficassem tão apertadas, mas Victor se interferiu e as apertou fortemente em meus pulsos. – É assim que se coloca uma algema! Agora faça o mesmo em você. Depois quero as duas dentro da Van! – nós entramos. – Isso!

Victor nos prendeu no banco de passageiros da Van, trancou a porta e começou a dirigir. Samantha estava tensa, mas ela nem imaginava o que poderia acontecer com nós duas estando nas mãos de Victor. Eu, como já o conhecia muito bem, estava muito mais do que tensa. Estava em estado de pânico total e Samantha percebia isso.

- Eu tenho um plano, querida. Fique tranqüila! – Samantha cochichou.

- Plano? Que plano? – eu perguntei ansiosa.

- Trouxe meu celular!

- Pelo amor de Deus, Samantha! Ele é um homem extremamente perigoso. Se ele descobre que está com um celular não sei nem o que seria capaz de fazer! – falei arregalando os olhos.

- Não se preocupe, ele não vai descobrir! – ela falou, eu só suspirei.

- E quando pretende usar o celular? Ele está olhando a todo o momento para nós duas!

- Quero saber para onde ele está nos levando primeiro. Não quero correr o risco de ligar sem saber o que ele pretende antes. Assim fica mais fácil passar os detalhes para Carlos!

- Só toma cuidado. Eu temo que ele possa te fazer algum mal!

- Preocupo-me com você neste momento! E com a criança que traz em seu ventre! Foi culpa minha ter aberto a porta e, se acontecer algo com vocês dois, eu não vou me perdoar nunca!

Victor caminhou com o carro por mais ou menos meia hora desde que saímos do apartamento. Chegando perto de uma mata ele entrou por um caminho de terra. E estacionou em poucos minutos, descendo do carro e abrindo a porta de onde estávamos

- Vocês parecem ser bem amigas! – Victor falou analisando. – Vi vocês almoçando naquele restaurante. Foi de lá que segui as duas até o apartamento. Sabe, Letícia, não deveria andar por aí sozinha sabendo que tem alguém atrás de você! Não tinha falado sobre isso com sua amiga?!

- Ela sabe de você, seu idiota! – eu gritei. Samantha me encarou com olhos arregalados, surpresa pela minha reação desafiadora.

- Hum. Bom saber que ainda marco presença em sua vida, minha querida! Agora preciso que use isto! – ele falou colocando uma bandana escura em meus olhos. – Você também! – falou colocando em Samantha, que o ameaçou novamente.

- Isto não vai ficar assim. Se fosse você libertaria nós duas, prometemos não dar queixa na delegacia, mas se continuar com esta loucura vou fazer o possível para que só saia da cadeia dentro de um caixão! – ela falou.

- Uau! Tão maquiavélica quanto eu essa sua amiguinha, Lê! Mas acho melhor calar a boca e não testar minha paciência! – ele falou batendo a porta da van. Depois ligou o carro e prosseguiu.

Pelas minhas contas já havíamos andado por mais ou menos uma hora e meia depois da primeira parada de Victor. o caminho que ele seguiu era quase impossível de descrever visto que ele alternava em pista de asfalto e pistas de terra. Algumas vezes jurava que estava andando perto de algum rio. Mesmo assim, eram poucas informações para se passar por telefone, como pretendia fazer Samantha.

Depois de mais um tempo andando com o carro, Victor parou. Abriu a porta e retirou primeiro Samantha de lá de dentro. Saiu com ela e deixou a porta fechada. Demorou algum tempo até voltar para me buscar. Ainda estávamos vendadas. Quando sai do carro ele me puxou para perto dele e logo em seguida me abafou com um pano umedecido. Me debati tentando respirar ar puro, mas foi inútil, em pouco tempo senti minha vista embaçar e acabei desmaiando. Não vi mais nada.

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